Um pequeno número dos cerca de 90 caminhões da ONU que entregaram ajuda humanitária em Gaza na quarta-feira, pela primeira vez desde março, foram “interceptados” por residentes ameaçados pela fome, disse um porta-voz da ONU nesta quinta-feira (22).
“Soubemos que um pequeno número de caminhões que transportavam farinha foram interceptados por residentes e teve sua carga retirada”, disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, sem utilizar a palavra “saque”.
ONU atribui ações à ansiedade dos moradores
“Pelo que sei, não se tratou de um ato criminoso envolvendo homens armados, foi o que às vezes descrevi como autodistribuição, o que reflete o alto nível de ansiedade dos moradores de Gaza, que não sabem quando será feita a próxima entrega de ajuda humanitária”, insistiu.
Após o anúncio de Israel, no domingo, de que permitiria a entrada de ajuda limitada no território depois de dois meses e meio de bloqueio, a ONU demonstrou preocupação pelo risco de saques.
Entrada limitada de caminhões e necessidade ainda maior
Israel permitiu a entrada de cerca de 200 caminhões da ONU na Faixa de Gaza através da passagem fronteiriça de Kerem Shalom. Os veículos devem ser descarregados imediatamente e depois recarregados em outros antes de chegarem aos armazéns da ONU.
As Nações Unidas informaram, na véspera, que aproximadamente 90 caminhões com alimentos para bebês, farinha e medicamentos puderam sair de Karem Shalom na quarta-feira para distribuição em Gaza.
O Programa Mundial de Alimentos anunciou que conseguiu abastecer várias padarias com farinha, o que permitiu “fazer pães frescos pela primeira vez em mais de dois meses”.
Desde as 15h00 GMT (12h em Brasília) da quinta-feira, nenhum outro comboio saiu de Karem Shalom, disse Dujarric.
Ajuda ainda insuficiente para atender a população
“A remessa de ontem foi limitada em quantidade e está longe de ser suficiente para cobrir a escala (das necessidades) dos 2,1 milhões de habitantes de Gaza“, disse, acrescentando que a entrada de outros produtos, como alimentos frescos, produtos de higiene e combustível, ainda não é permitida.
Fonte: Exame