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Câmara articula PEC para barrar decisões monocráticas do STF após impasse com Ramagem

Câmara articula PEC para barrar decisões monocráticas do STF após impasse com Ramagem

Parlamentares intensificam os esforços para aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita as chamadas decisões monocráticas no Judiciário, como forma de retaliação à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que contrariou o entendimento da Câmara dos Deputados sobre o processo contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).

A iniciativa busca impedir que ministros do Supremo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possam suspender, de forma individual, a validade de atos dos presidentes da República, do Senado e da Câmara.

A chamada “PEC das decisões monocráticas” ganhou tração na Câmara após o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), acionar o Supremo para garantir a suspensão integral do processo contra Ramagem — acusado de cinco crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado em 2022. No entanto, o STF decidiu manter o andamento da ação penal em relação a três dos cinco crimes imputados ao deputado, contrariando a decisão dos parlamentares.

Pressão política e estratégia legislativa

Hugo Motta tem discutido com líderes partidários a retomada da tramitação da PEC, que já foi aprovada pelo Senado em 2023 e passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara em outubro do mesmo ano. Agora, o texto aguarda a instalação de uma comissão especial antes de seguir para o plenário.

Deputados próximos ao presidente da Câmara relatam que a insatisfação com o Supremo não se limita ao caso Ramagem. O impasse recente envolvendo emendas parlamentares e o ministro da Justiça, Flávio Dino, é apontado como mais um episódio em que o Judiciário teria interferido em prerrogativas do Legislativo.

Como funciona a PEC das decisões monocráticas

Se aprovada, a proposta proibirá ministros do STF, STJ e TSE de anularem atos dos presidentes da República, do Senado e da Câmara por meio de decisão individual. Atualmente, ministros dessas cortes podem tomar decisões monocráticas em caráter liminar (provisório) em processos que consideram urgentes, até que o mérito seja analisado em plenário.

A PEC é vista como uma tentativa de equilibrar o jogo de forças entre o Judiciário e o Legislativo, que tem acumulado atritos nos últimos anos. No entanto, a proposta enfrenta resistência entre parlamentares alinhados ao governo e deve provocar um novo embate entre os Poderes.

Ramagem no centro da crise

A tensão entre a Câmara e o STF ganhou força após a Primeira Turma da Corte decidir manter o andamento do processo contra o deputado Alexandre Ramagem em três dos cinco crimes pelos quais ele é acusado. O ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e atual deputado é réu por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Na semana passada, a Câmara havia aprovado, por 315 votos a 143, uma resolução que suspendia integralmente o processo contra Ramagem. A decisão foi interpretada como uma defesa das prerrogativas parlamentares.

No entanto, o STF, por maioria, decidiu que a imunidade parlamentar só se aplicaria a crimes cometidos após a diplomação do deputado, o que deixou Ramagem livre apenas das acusações de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

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Fonte: InfoMoney

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