Bomba de petróleo na França (Reuters)
O mercado tem ignorado uma melhora relevante na execução operacional da Brava Energia (BRAV3), que durante anos foi considerada o principal obstáculo ao desempenho da companhia, avalia o Morgan Stanley.
Embora a ação acumule queda de 13% em 2025 em dólares, bem abaixo da performance de PRIO (PRIO3) e PetroRecôncavo (RECV3), que sobem 16%, os analistas apontam que a empresa tem demonstrado fortes avanços em produção e controle de investimentos, o que sustenta a expectativa de geração positiva de caixa. O banco reafirma recomendação de compra (overweight) para o papel, com preço-alvo ajustado para R$ 28, ante R$ 29.
Na avaliação do banco, o mercado penalizou em excesso a companhia. Enquanto o petróleo do tipo Brent recua 8% no ano, os papéis da Brava já negociam com base em uma curva de produção 12% abaixo da estimativa do Morgan Stanley, que por sua vez é 11% inferior às reservas provadas (1P) da própria empresa.
Os analistas reconhecem que a tese de investimento continua dependente de entregas concretas, mas dizem que a trajetória recente mostra que a companhia virou uma página importante, ao sair de uma espiral negativa de produção e apresentar avanços operacionais claros nos últimos seis meses.
A Brava passou por dificuldades recorrentes nos últimos anos. Em 2022, enfrentou entraves em operações terrestres. Em 2023, lidou com falhas estruturais na plataforma offshore Papa Terra. No ano passado, uma paralisação prolongada do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) comprometeu os cronogramas de desenvolvimento tanto de Papa Terra quanto do campo de Atlanta.
A reversão mais recente, porém, tem surpreendido positivamente o Morgan Stanley. Após queda de 49% na produção entre janeiro e dezembro de 2024, o volume voltou a crescer de forma acelerada neste ano, atingindo cerca de 87 mil barris por dia, o que representa um aumento de 130% frente ao nível do fim do ano passado e 16% acima do pico anterior registrado no início de 2024.
Para os estrategistas, a melhora operacional também deve contribuir para o fluxo de caixa livre (FCF, na sigla em inglês) da companhia, que está entre os mais pressionados do setor. O banco estima que a Brava precisa de um preço médio de cerca de US$ 56 por barril neste ano para equilibrar o FCF.
Com a contribuição crescente de Atlanta e Papa Terra, essa meta torna-se viável, com o FCF passando a terreno positivo no próximo ano, o que pode representar um yield próximo de 10%. A alavancagem, medida pela razão entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), deve recuar de 4,0 vezes no primeiro trimestre deste ano para 2,3 vezes até o fim do ano.
A expectativa de menor intensidade de investimentos, após uma fase intensa de capex, também contribui para um perfil financeiro mais equilibrado. Embora a empresa tenha optado por não avançar com um programa mais amplo de venda de ativos, movimento atribuído pelo Morgan Stanley à avaliação pouco atrativa desses ativos num momento de petróleo mais barato, o banco acredita que movimentos seletivos de desinvestimento ainda podem ocorrer.
Com esse desenho operacional, o Morgan Stanley retirou o peso de 50% atribuído anteriormente ao cenário pessimista na composição de preço-alvo. Os analistas fizeram ajustes conservadores nas projeções onshore, utilizando apenas as reservas provadas já em desenvolvimento, e estimam uma redução mais lenta dos custos operacionais nos próximos trimestres.
Entre os riscos apontados para a tese, o principal está relacionado ao preço do petróleo no longo prazo. A sensibilidade do valuation da Brava é alta. A cada variação de US$ 5 por barril no preço do Brent, o preço-alvo da ação pode oscilar cerca de R$ 6,50, o equivalente a 23% do valor de referência. Ainda assim, o Morgan Stanley avalia que o desempenho recente da companhia justifica maior atenção dos investidores e um reposicionamento da ação em relação aos seus pares.
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Fonte: InfoMoney