O Brasil registrou o menor número de analfabetos com 15 anos ou mais desde 2016. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2016, ano em que a série histórica começou, o percentual de pessoas que não sabiam ler e escrever representava 6,7% da população brasileira. Em 2023, caiu para 5,4%. A queda foi novamente observada em 2024, quando o percentual foi de 5,3% — ou 9,1 milhões de pessoas. Quando comparados os últimos dois anos, houve redução de aproximadamente 197 mil pessoas no índice de analfabetismo.
A região Nordeste apresenta o percentual mais elevado de pessoas que não sabem ler e escrever, aponta o órgão de pesquisa — 11,1%. O Norte aparece em seguida, com 6%. As menores taxas foram observadas no Centro-Oeste (3,3%), Sudeste (2,8%) e Sul (2,7%).
Recorte por idade
Quando considerado o grupo de pessoas analfabetas formado pelas pessoas de 18 ou mais, o percentual era de 7,1% em 2016. Em 2024, o índice registrado foi de 5,5% — queda em relação a 2023, quando era de 5,7%.
No caso das pessoas de 25 anos ou mais, o percentual de analfabetos foi de 8,3% em 2016, caindo para 6,5% em 2023 e 6,3% em 2024.
Quanto à população de 40 anos ou mais, o percentual foi de 12,1% em 2016, indo para 9,4% em 2023 e 9,1% em 2024.
Segundo o IBGE, o analfabetismo segue fortemente associado à idade. Em 2024, eram 5,1 milhões de analfabetos com 60 anos ou mais, o que corresponde a uma taxa de 14,9% para esse grupo etário. O percentual, no entanto, é menor quando comparado ao início da série histórica (20,5%) e em relação a 2023, quando era de 15,4%.
“Os dados indicam que as novas gerações estão tendo maior acesso à escolarização e sendo alfabetizadas ainda na infância. Contudo, os analfabetos permanecem concentrados nas faixas etárias mais velhas. Essa diferença etária de quase 10 pontos percentuais entre os extremos da população reforça a importância de políticas específicas para alfabetização de adultos e idosos”, destaca o estudo.
Homens e mulheres
Em 2024, a taxa de analfabetismo entre mulheres de 15 anos ou mais foi de 5%, enquanto entre os homens de 5,6%. Houve queda nos dois grupos quando comparados ao início da série histórica — 6,5% para mulheres e 7,0% para homens.
A queda também foi registrada em relação a 2023. Naquele ano, a taxa de analfabetismo dentro da faixa etária e separada por gênero foi de 5,2% para mulheres e 5,7% para homens.
Na população com 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo das mulheres permaneceu ligeiramente superior à dos homens, com 15,0% para mulheres e 14,7% para homens.
Assim como no caso anterior, houve queda nos níveis de analfabetismo no grupo de pessoas de 60 anos ou mais em relação ao início da série histórica (21,1% para mulheres e 19,7% para homens) e a 2023, quando os percentuais foram de 15,5% e 15,4%, respectivamente.
O IBGE destaca que a convergência das taxas por sexo, especialmente entre os mais velhos, sugere avanços na escolarização feminina nas gerações mais recentes, embora o legado de desigualdade educacional do passado ainda esteja presente.
Cor ou raça
A análise por cor ou raça evidencia a persistência das desigualdades educacionais, salienta o IBGE. Em 2024, 3,1% das pessoas de 15 anos ou mais de cor branca eram analfabetas, enquanto a taxa registrada foi de 6,9% entre pessoas pretas ou pardas nesse mesmo grupo de idade.
Quando comparados ao início da série histórica, é possível, no entanto, observar a queda dos percentuais. Em 2016, 3,8% das pessoas de 15 anos ou mais de cor branca eram analfabetas. O percentual era de 9,1% quando comparado ao de pessoas pretas ou pardas.
A queda também pode ser vista em relação a 2023, quando 3,2% das pessoas de 15 anos ou mais de cor branca eram analfabetas contra 7,1% em relação às pessoas pretas ou pardas.
A diferença de raças se acentua entre os idosos, evidenciando um legado estrutural de exclusão educacional. Em 2024, na faixa de 60 anos ou mais, 8,1% das pessoas brancas eram analfabetas, contra 21,8% entre as pretas ou pardas.
Assim como no caso dos mais jovens, os percentuais caíram em relação ao início da série histórica. Em 2016, 11,8% das pessoas de 60 anos ou mais de cor branca eram analfabetas. O percentual saltava para 30,7% quando comparado ao de pessoas pretas ou pardas.
A queda nos níveis de analfabetismo foram novamente vistos relação a 2023, quando 8,6% das pessoas de 60 anos ou mais de cor branca eram analfabetas contra 22,7% em relação às pessoas pretas ou pardas.
95% dos analfabetos têm dificuldade para realizar tarefas pelo celular
Fonte: CNN Brasil