O Brasil avançou quatro posições no Ranking Mundial de Competitividade 2025, saindo do 62º para o 58º lugar entre 69 países analisados. Embora este seja o melhor desempenho desde 2021, a análise aponta que a melhora não representa um avanço estrutural e que ainda há muito a ser feito – afinal, o país ainda está entre as nações com desempenho inferior à média.
Os dados da 37ª edição do ranking foram divulgados nesta segunda-feira (16) pelo International Institute for Management Development (IMD) em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). Eles mostram que o desempenho brasileiro é moldado pelas commodities, e não pela exportação de tecnologia e conhecimento.
O ranking é liderado por Suíça (1º), Singapura (2º), Hong Kong (3º), Dinamarca (4ª), e Emirados Árabes Unidos (5º). Na sequência, vem Taiwan (6º), Irlanda (7º), Suécia (8º), Qatar (9º) e Países Baixos (10º).
Abaixo do Brasil (58º) estão Botswana (59º), Peru (60º), Gana (61º), Argentina (62º), Eslováquia (63º) e África do Sul (64º). Fecham o ranking Mongólia (65º), Turquia (66º), Nigéria (67º), Namíbia (68º) e Venezuela (69º).

Brasil avança, mas se mantém atrás
Os dados apontam que o Brasil melhorou em áreas como desempenho econômico e eficiência empresarial, mas ainda encontra dificuldades em exportar serviços, distribuir riqueza (PIB per capita), controlar a inflação, diminuir o custo do capital, melhorar o marco regulatório e qualificar a mão-de-obra, entre outros pontos.
Na análise por setores, o Brasil saiu da 38ª e agora está na 30ª posição no ranking geral de performance econômica. Dentro dos subitens analisados neste setor, o país é o 5º em fluxo de investimento direto estrangeiro, o 7º em crescimento de longo prazo de emprego, e o 11º em formação bruta de capital fixo (crescimento real). O desempenho do país é puxado para baixo em exportações de serviços comerciais, em que ocupa a 67ª posição, seguido por receitas de turismo (66ª) e proporção comércio-PIB (65º).
Nos demais setores, o Brasil também está entre os países com piores desempenhos. Embora tenha saído da 61ª posição, ainda é o 56º em eficiência empresarial, com pontos positivos em total de atividade empreendedora em estágio inicial (8º), salário mínimo (13º), níveis de compensação (14º) e remuneração de gestão (14º). Ainda neste subitem, o país vai mal em dívida corporativa (68º), mão de obra qualificada (68º) e sistema de valores (68º).
Pelo indicador de infraestrutura, o Brasil é o 58º do ranking de competitividade, mesma posição do ano anterior. Puxam o indicador para cima os subitens de energias renováveis (5º), taxa de dependência (13º), custo de telefonia móvel (15º). Mas está na última posição em habilidades linguísticas (69º), educação primária e secundária (68º) e educação em gestão (67º).
Na leitura de Eficiência Governamental, o país é o 68º do ranking, atrás apenas da Venezuela. Na edição anterior, o Brasil ocupava a 65ª posição. Dentro deste subitem, o país está em 5º lugar em subsídios governamentais, 16º em viés de mídia (conversão de notícias em prol do governo) e 21º em renda disponível para consumo. Os pontos fracos do indicador são custo de capital (69º), protecionismo (68º) e finanças públicas (67º).
Custo de capital e dívida
Entre os principais pontos de atenção sobre os dados do Ranking Mundial de Competitividade estão o custo do capital e da dívida corporativa. O Brasil está na lanterninha da dívida corporativa e do crédito, ocupando a 68ª posição nos dois indicadores, o que aponta para a dificuldade em obter recursos para investimentos, expansão e inovação.
Para melhorar e avançar, o Brasil precisaria reduzir a taxa de juros, que está em 14,75%, desburocratizar o acesso ao crédito e fortalecer o mercado de capitais, segundo o relatório.
“O dinheiro está indo embora, o governo está gastando muito, e as empresas estão pagando por seus projetos em uma taxa de financiamento cada vez maior. Isso afugenta nosso potencial de crescimento”, avalia Hugo Tadeu, diretor do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da FDC, responsável pela divulgação dos dados no Brasil.
Melhora virá com políticas de longo prazo
Na avaliação de Tadeu, os países mais competitivos são os mais abertos para o avanço tecnológico e o comércio internacional. Já o desempenho brasileiro é moldado pelas commodities, e não pela exportação de tecnologia e conhecimento.
Ele afirma que a divulgação dos dados em meio às discussões sobre novas tributações, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), aponta que estamos escolhendo caminhos contrários ao necessário, que seria o de simplificar a estrutura brasileira para investimentos.
“O Brasil continua no mesmo patamar de 10 anos atrás, no bloco final da competitividade. [Isso ocorre] Porque a gente insiste em uma agenda que não é de reforma, abertura comercial, investimento direto estrangeiro, simplificação tributária do ambiente de negócios, livre comércio, inovação e tecnologia e, consequentemente, que não é uma agenda de formação de mão-de-obra”, analisa Tadeu.
Para ele, competitividade não é “agenda de curtíssimo prazo”, e precisa ser vista como estratégia permanente. “Não adianta as lideranças públicas continuarem a insistir na agenda de riqueza por commodities. Precisamos pensar seriamente em plano de estado e em que país queremos para daqui 10 a 15 anos”, afirma.

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Fonte: InfoMoney