Em um cenário de crescente fragmentação geoeconômica e tarifas comerciais imprevisíveis vindas dos Estados Unidos, o Brasil desponta como um dos emergentes com melhor posicionamento relativo, segundo relatório do UBS Global Wealth Management para orientar investidores internacionais.
A visão positiva vem em grande parte da tensão entre Washington e Pequim. Com o aumento da demanda chinesa por commodities agrícolas e o redirecionamento de capitais globais para fora dos EUA, o Brasil ganha tração como fornecedor confiável e destino alternativo de investimentos.
A estabilidade cambial recente e a inflação em queda também reforçam essa leitura.
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“A combinação de real valorizado, política monetária em modo dovish e demanda sólida da China favorece o Brasil, desde que o país preserve credibilidade fiscal e monetária”, escreveram os estrategistas do UBS.
A leitura mais amena para a inflação permite, segundo o banco, que o Banco Central avance no ciclo de cortes, com a expectativa de que uma eventual alta de juros em maio seja a última da atual fase de aperto.
No entanto, o alerta fiscal continua no centro das preocupações. “O arcabouço fiscal é considerado insustentável e não se espera nenhuma reforma relevante antes de 2026”, afirma o relatório. Em episódios de aversão global ao risco, esse fator pode pressionar ativos brasileiros.
Na comparação com outros emergentes, a América Latina tem se mostrado relativamente resiliente.
As tarifas impostas pelos EUA afetaram mais duramente a Ásia e a Europa, enquanto países latino-americanos como Argentina e México vêm colhendo dividendos geopolíticos e estratégicos — ainda que com ressalvas.
A Argentina foi destaque positivo nos encontros de primavera do FMI e do Banco Mundial, com elogios à nova política cambial e ao fim dos controles de capital. Já o México, apesar das boas perspectivas estruturais, deve enfrentar recessão este ano.
Em contrapartida, Colômbia preocupa com ruído político e ausência de consolidação fiscal.
Para o UBS, no entanto, o investidor global ainda deve manter cautela com emergentes em meio à incerteza tarifária, preferindo ativos voltados à demanda doméstica.
No caso do Brasil, o equilíbrio entre fundamentos positivos e risco fiscal mal endereçado continua sendo o divisor de águas.
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