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Boa Safra (SOJA3) dispara, Raízen (RAIZ4) cai forte: como foram os balanços do agro

Boa Safra (SOJA3) dispara, Raízen (RAIZ4) cai forte: como foram os balanços do agro

A Raízen (RAIZ4), Boa Safra (SOJA3), Vittia (VITT3) e SLC (SLCE3) divulgaram seus resultados trimestrais na terça-feira (13), com dinâmicas variadas entre as companhias. O destaque positivo entre as ações fica para SOJA3, com alta de mais de 9%, enquanto RAIZ4 cai mais de 3%; Vittia e SLC registram leves perdas.

O Itaú BBA destaca que os resultados fracos já eram esperados, principalmente devido ao efeito sazonal de baixa contribuição do 1T25 para os resultados consolidados de 2025 das empresas do setor agro.

Raízen (RAIZ4)

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em inglês) ajustado da Raízen foi de R$ 1,7 bilhão, inferior tanto na comparação trimestral quanto anual, “devido aos menores volumes vendidos de combustível e açúcar, bem como à menor contribuição das operações de trading”, explica BBI.

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No trimestre, a relação dívida líquida/EBITDA aumentou de 3,0 vezes no terceiro trimestre de 2025 para 3,2 vezes, e a empresa destacou que continua focada na otimização do perfil de dívida e da estrutura de capital, priorizando a redução do custo médio da dívida e o alongamento do prazo médio ponderado.

A XP Investimentos comenta que os resultados do 4T25 da Raízen refletem os desafios de seu processo de turnaround em andamento, oferecendo uma visão clara da trajetória atual da empresa: a receita líquida foi de R$ 57,7 bilhões, em linha com as estimativas.

A empresa já iniciou passos críticos em direção à reciclagem de portfólio, renovação da liderança e reestruturação de suas operações comerciais — uma estratégia que a XP vê positivamente.

No segmento de Açúcar e Renováveis, a menor disponibilidade de produtos foi o principal fator para o resultado abaixo do esperado pela XP, compensando mais do que os preços ligeiramente mais altos de açúcar e etanol, embora trading ainda tenha sido um fator de redução de margem no açúcar.

No segmento de Mobilidade, o ambiente de oferta no Brasil e problemas com o biodiesel resultaram em margens inferiores ao esperado, enquanto a Argentina ajudou a compensar parcialmente o impacto negativo.

“Embora valorizemos os guidances operacionais e de capex compartilhadas pela Raízen, a perspectiva da empresa permanece ofuscada pela complexidade de seu processo de turnaround e pelas muitas variáveis envolvidas”, comenta a XP. “Assim, continuamos a ver ambiguidade em sua trajetória futura.”

Boa Safra (SOJA3)

O EBITDA negativo de R$ 27 milhões ficou em linha com as projeções do BBA, que não vê necessidade de revisar suas estimativas para o ano, considerando a baixa relevância sazonal do 1T25 para os resultados consolidados de 2025.

A instituição destaca, no entanto, o sólido crescimento da receita na comparação anual, reflexo da estratégia de diversificação da companhia — movimento que pode ser bem recebido por investidores com foco de longo prazo.

No futuro, o BBA considera importante acompanhar os efeitos de mix no portfólio de vendas da Boa Safra, especialmente após certa frustração com as expectativas de mercado no 4T24.

O Itaú BBA manteve recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo final de R$ 18,00.

Já a XP Investimentos destaca que a receita líquida da Boa Safra cresceu 90% na comparação anual, impulsionada pelo bom desempenho de outras culturas — especialmente sorgo, sementes de milho, serviços de terceirização e defensivos agrícolas.

O lucro bruto também superou as expectativas, beneficiado pela menor participação da soja na composição da receita (que caiu de 37,9% no 1T24 para 22,6%). No entanto, o EBITDA ajustado ficou em linha com as estimativas da XP, pressionado por despesas gerais e administrativas (G&A) acima do previsto.

O resultado financeiro veio acima do esperado, contribuindo para que o lucro por ação (EPS) superasse a projeção da XP. Apesar dos lucros melhores que o estimado, o principal destaque foi o expressivo aumento de 40% na carteira de pedidos.

O Bradesco BBI, por sua vez, avaliou o 1T25 como positivo, destacando que a carteira de pedidos indica que a Boa Safra está no caminho certo para alcançar volumes de vendas compatíveis com o crescimento de sua produção ao longo do ano.

A instituição financeira ressalta, no entanto, que ainda há pontos importantes a serem observados nos próximos trimestres, como: (i) a liquidação dos recebíveis referentes às vendas do ano passado, prevista para o 2T25; (ii) a continuidade do avanço da carteira de pedidos — lembrando que, apesar de condições distintas, foi no 2T24 que houve frustração nesse indicador; e (iii) a evolução dos preços, do mix de produtos e, consequentemente, das margens.

Embora 2025 siga apresentando desafios relevantes do ponto de vista comercial, o período também traz uma oportunidade importante de redução de risco, desde que a companhia consiga entregar os resultados esperados — o que, segundo os analistas do BBI, representa o principal vetor de crescimento e sustenta a recomendação de desempenho superior para a ação.

O BBI manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 14.

Vittia (VITT3)

O BBA classificou os resultados da Vittia como fracos e em linha com as expectativas. O EBITDA ajustado foi de R$ 6,8 milhões, acima dos R$ 2,3 milhões previstos pelo banco, mas com pouca relevância para 2025, não alterando a percepção dos investidores.

A equipe do BBA destaca as despesas operacionais (SG&A) menores que o esperado, resultado de projetos de eficiência, o que compensou margens brutas pressionadas por um mix desfavorável — sinal positivo, dado que a companhia indica continuidade nos ganhos nessa frente.

O BBA também destaca positivamente o novo nível de detalhamento nas divulgações, o que proporciona mais visibilidade ao mercado.

“Apesar de um 1T25 desafiador, a gestão continua confiante nos números operacionais para 2025, apoiada por melhora nas margens dos produtores e recuperação dos preços — que chegaram ao ponto mais baixo em 2024 e estão se recuperando em 2025”, comenta BBA.

O BBA manteve classificação outperform e preço-alvo de R$ 7,00.

SLC Agrícola (SLCE3)

A SLC Agrícola apresentou resultados em linha com as expectativas do BBA, com EBITDA de R$ 944 milhões, 5% acima do previsto.

De acordo com BBA, a surpresa positiva veio do efeito sazonal mais forte que o esperado, com boa contribuição do trimestre para o consolidado do ano.

Para 2025, o BBA destaca como ponto negativo a tendência de queda na produtividade da soja, já antecipada por players como a BrasilAgro e reforçada pela própria SLC no fim da colheita. Para o milho, o desempenho foi melhor que o temido, resultando em revisões positivas na produtividade esperada, apesar da área plantada ligeiramente menor que no 4T24.

O BBA manteve recomendação outperform e preço-alvo de R$ 25,00.

A Genial Investimentos, por sua vez, avalia que o resultado foi bom ao passo que houve superação do EBITDA em 13,3% em relação ao consenso. A companhia reportou Receita Líquida de R$ 2,8 bilhões, cerca de 28% acima das estimativas da corretora, impulsionada pela venda de caroço de algodão e soja.

Embora o resultado do trimestre tenha sido positivo, a Genial avalia que (i) o pipeline aquecido de M&As, com um (ii) gross up do CAPEX visando aumento de área plantada deterioraram a a expectativa de rendimento de fluxo de caixa (FCF yield) para 2025 e 2026. Dessa forma, a corretora rebaixou a recomendação da companhia de compra para neutro, com um corte de preço-alvo de R$ 22 para R$ 21.

De acordo com a XP, a SLC Agrícola teve um início de ano sólido, com destaque positivo para as operações de algodão. A companhia registrou receita líquida e EBITDA ajustado acima da projeção da casa.

A XP ressalta que o trimestre foi marcado por forte volatilidade nos preços de commodities, em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China, o que torna positivo o aumento das posições de hedge para soja e milho 2024/25 — ainda que o algodão tenha ficado de fora da estratégia.

A corretora também aponta que, em meio à expansão significativa de área, o fluxo de caixa livre (FCF) ficou negativo em R$ 1,4 bilhão, o que contribuiu para o aumento da alavancagem. Após eventos climáticos adversos, a empresa revisou para baixo suas estimativas de produtividade, o que levou a XP a reduzir suas projeções de EBITDA ajustado e lucro líquido de 2025 em 1,0% e 2,5%, respectivamente.

A XP manteve recomendação neutra para SLCE3, citando perspectiva negativa para os preços de commodities e um valuation que considera pouco atrativo no momento.

Já o Bradesco BBI considerou os lucros da SLC no 1T25 como positivos, mas avalia que os resultados não devem alterar as expectativas para o restante do ano. A equipe de análise destacou que a projeção atual também não oferece motivos para uma visão mais otimista sobre as ações, sobretudo diante de uma perspectiva de custos ligeiramente mais altos para soja e algodão.

O BBI também aponta que continua enxergando espaço limitado para altas nos preços das principais commodities comercializadas pela SLC, o que deve restringir a possibilidade de revisões positivas nos lucros. Além disso, o histórico de carryover da empresa se mostra menos atraente no curto prazo, principalmente após as recentes aquisições de terras. Diante disso, o Bradesco BBI mantém recomendação neutra para as ações da SLC, com preço-alvo de R$ 22.

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Fonte: InfoMoney

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