O Banco do Brasil (BBAS3) continua sendo alvo de revisões e questionamentos sobre se a sua ação é uma oportunidade de compra ou uma “armadilha de valor” em meio às recentes quedas dos ativos após os fracos resultados do primeiro trimestre de 2025 (1T25).
Nesta segunda, os ativos BBAS3 seguem em queda, com baixa de cerca de 1% e com os analistas de mercado ainda repercutindo os resultados do 1T25.
Na última sexta, os números do Banco do Brasil no trimestre e a suspensão de algumas projeções importantes para o ano assustaram o mercado.
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) caíram 12,69% na sexta após divulgar números decepcionantes no primeiro trimestre do ano, com um lucro de R$ 7,3 bilhões.
“Ainda que seus papéis estivessem atravessando um rali — quase ininterrupto — de alta, com valorização de mais de +125% nos últimos três anos, é inegável que uma queda diária de dois dígitos para um banco desse porte é algo que pode preocupar seus acionistas”, ressalta a Nord Research.
Conforme destaca a casa, com base em seu lucro no 1T25, o banco deverá totalizar algo próximo a R$ 30 bilhões em 2025 (bem abaixo da faixa projetada para o ano entre R$ 37 bi e R$ 41 bi). Considerando um payout (dividendo em relação ao lucro) de 45%, seu dividend yield (dividendo em relação ao preço da ação) cairia para cerca de 9%, levando a uma revisão de projeções.

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Apesar de mais um crescimento de sua carteira de crédito, os resultados do BB no 1T25 foram pressionados pelo agronegócio e pela resolução CMN nº 4.966/21. A maior inadimplência no período contribuiu para um forte crescimento de seu custo de crédito, que, consequentemente, reduziu seu lucro líquido e seu ROE (retorno sobre o patrimônio). Com os números mais fracos, o Banco do Brasil optou por suspender algumas projeções de seu guidance, gerando diversas dúvidas entre seus investidores.
Assim, após o Bradesco BBI e a Genial Investimentos, que rebaixaram a ação de recomendação de compra ou equivalente para manutenção, o Goldman Sachs revisou seus números para baixo e a Nord destacou preferência por outro ativo entre as ações de bancões. Já o BTG Pactual rebaixou a recomendação de compra para neutro nesta segunda.
O Goldman manteve a sua recomendação neutra para BBAS3, mas reduziu o preço-alvo de R$ 29 para R$ 25, uma queda de 2,6% em relação ao fechamento de sexta.
A gestão do banco estatal mencionou em tele que, embora a direção dos impactos negativos sobre a margem líquida e as provisões não tenha sido uma surpresa, a extensão dos efeitos ficou acima das expectativas iniciais.
O banco reforçou como as taxas mais altas impactaram negativamente as despesas de captação no 1T25, além das regras contábeis mais restritivas sobre o reconhecimento de receitas.
No futuro, a gestão da empresa espera que o crescimento do crédito seja a principal alavanca para mitigar o fraco desempenho da margem líquida até o momento, mas as provisões para perdas com crédito podem permanecer elevadas no 2T25, antes de potencialmente se normalizarem no segundo semestre do ano.
O ROE deve permanecer em 17-18% no curto prazo, mas a administração não espera um retorno aos níveis de 12-13% observados no passado, aponta o Goldman.
Assim, o banco reduziu suas estimativas após um trimestre muito mais fraco do que o esperado, o que levou a uma queda do preço-alvo, mas a recomendação neutra foi mantida, dada a avaliação descontada da ação.
Na visão da Nord, ainda que a sua visão para o BB no longo prazo seja construtiva, o curto e médio prazos tendem a pressionar o retorno aos seus acionistas.
“Além de um rendimento menor com seus dividendos, suas ações ainda negociam a múltiplos elevados e bem acima de suas próprias médias (mesmo com as quedas recentes), de cerca de 7 vezes os lucros e 0,8 vez seu patrimônio líquido”, aponta a Nord.
No momento, com um crescimento médio aproximado de 15% ao ano, menor dependência setorial, operando nos mais altos níveis de eficiência e rentabilidade, e ainda distribuindo bons dividendos, a Nord mantém preferência pelo Itaú (ITUB3) em sua carteira no Nord Dividendos.
Já o BTG Pactual apontou que, embora o valuation continue atrativo — e possa-se argumentar que está se aproximando do pico de inadimplência (NPLs) na carteira do agronegócio — decidiu fazer uma pausa por ora e rebaixar as ações do BB de compra para neutro.
Os resultados do 1T25, divulgados na noite de quinta-feira, foram ‘piores do que o temido’, apontam os analistas, e acredita que a teleconferência falhou em abordar todas as preocupações levantadas por investidores e analistas.
“Agradecemos a transparência da administração ao reconhecer que eles também foram negativamente surpreendidos pelos números. A situação ainda pode piorar antes de melhorar, o balanço não parece tão forte quanto há alguns anos, e a ação caiu ‘apenas’ 13% nesta sexta-feira e, por isso preferimos rebaixar a recomendação para neutra, aguardando ou uma correção adicional ou mais clareza sobre os próximos resultados”, aponta o BTG.
De acordo com compilação da LSEG com 11 casas de análise, 6 possuem recomendação de compra, 4 de manutenção e 1 de venda; na semana passada, eram 6 recomendações de compra e 5 de manutenção.
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Fonte: InfoMoney