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Após reunião com países europeus, Irã reafirma interesse em negociar programa nuclear com os EUA

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, disse neste sábado que seu país está disposto a continuar as negociações com os Estados Unidos sobre o programa nuclear, mas afirmou que não retirará seus direitos por causa das ameaças do presidente americano, Donald Trump.

— Estamos negociando e não atrás de guerra, mas não tememos nenhuma ameaça — disse Pezeshkian durante um discurso para autoridades da Marinha, transmitido pela televisão estatal. — Não é como se eles pensassem que, se nos ameaçarem, abriremos mão de nossos direitos. Não nos retiraremos, não perderemos facilmente honrarias militares, científicas e nucleares.

As negociações, segundo a agência Associated Press, atingiram o nível “especializado”, o que significa que as partes estão tentando chegar a um acordo sobre os detalhes do programa. No entanto, um grande obstáculo continua sendo o enriquecimento de urânio pelo Irã.

Os EUA e o Irã concluíram no último domingo sua quarta rodada de negociações em Omã, com o objetivo de conter as ambições nucleares de Teerã e interromper seu programa de enriquecimento de urânio. Uma nova rodada, porém, ainda não foi anunciada.

Constantemente, Trump ameaça lançar ataques aéreos contra o programa iraniano caso um acordo não seja alcançado. O Irã, por sua vez, alertou que pode buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio.

Na quinta-feira, o site americano de notícias Axios informou que a administração Trump entregou à parte iraniana uma “proposta por escrito” para um acordo nuclear em sua última reunião. O chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, refutou, dizendo que seu país não recebeu “nenhuma proposta por escrito dos Estados Unidos, nem direta, nem indiretamente”.

Em parelelo, Israel tem ameaçado rotineiramente atacar as instalações nucleares do Irã caso se sinta ameaçado, complicando ainda mais as tensões no Oriente Médio, já agravadas pela guerra entre Israel e o Hamas.

Irã conversa com potências europeias

O Irã teve uma reunião na sexta-feira, em Istambul, com representantes de Alemanha, França e Reino Unido sobre como avançam suas negociações com os Estados Unidos a respeito de seu programa nuclear.

O trio de potências europeias já tinha assinado em 2015, juntamente com China, Estados Unidos e Rússia, um acordo com Teerã para limitar suas atividades nucleares em troca da flexibilização das sanções que sufocam a economia iraniana.

Contudo, durante o primeiro mandato de Trump, a Casa Branca abandonou unilateralmente o acordo e retomou as sanções ao Irã, que então parou de cumprir os acordos assumidos a respeito do desenvolvimento nuclear.

Atualmente, Teerã enriquece urânio a 60%, muito acima do limite de 3,67%, definido em 2015. Para construir uma arma nuclear, como os Estados Unidos e seus aliados suspeitam que o Irã pretenda fazer, é necessário alcançar 90%.

“Eles [os iranianos] têm uma proposta. Sabem que devem agir rapidamente ou algo ruim vai acontecer”, advertiu nesta sexta-feira o presidente dos Estados Unidos antes de deixar Abu Dhabi, última etapa de sua viagem pelo Golfo.

Uma fonte do governo dos Estados Unidos afirmou, por sua vez, que o secretário de Estado Marco Rubio se reuniu em Istambul com assessores diplomáticos e de segurança da França, do Reino Unido e da Alemanha para conversar sobre o programa nuclear iraniano e sobre o conflito na Ucrânia.

O encontro desta sexta-feira entre o Irã e os países europeus aconteceu menos de uma semana após a quarta rodada de negociações com os Estados Unidos, sob a mediação de Omã.

Desde seu retorno à Casa Branca em janeiro, Trump retomou a política de “pressão máxima” sobre o Irã e exigiu que Teerã negocie um novo acordo, sob a ameaça de uma ação militar caso a via diplomática não prospere.

A República Islâmica afirma que seu programa nuclear tem exclusivamente fins civis, mas não quer renunciar ao enriquecimento de urânio e não deseja que as negociações se estendam a questões como seu programa de mísseis.

Em uma entrevista ao canal NBC News, um conselheiro do guia supremo Ali Khamenei, Ali Shamkhani, disse que o Irã se comprometerá a não fabricar armas nucleares, a descartar suas reservas de urânio altamente enriquecido, a enriquecer urânio apenas no nível necessário para uso civil e a permitir inspeções internacionais de suas instalações nucleares.

Em troca, o país exige a retirada imediata de todas as sanções econômicas que sufocam a República Islâmica. (Com AFP)

Fonte: Exame

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