O apagão que deixou milhões de pessoas sem acesso à energia elétrica na Espanha e em Portugal na última segunda-feira (28) impulsionou o uso da Starlink, serviço de comunicação via satélite comandado por Elon Musk, em números recordes.
Segundo dados analisados pelo jornal Financial Times, o uso da tecnologia aumentou 35% acima da média nos dois países. Somente na Espanha, a busca pela Starlink cresceu 60% do que a média de terça-feira (29), em meio aos desafios para a reestruturação da rede elétrica.
Os dados foram cedidos pela consultoria Ookla. Segundo as informações, a qualidade da cobertura da rede via satélite de Musk perdeu qualidade com o aumento da busca, mas não sofreu interrupções com a falta de energia generalizada na península Ibérica.
Apesar do recurso usado na emergência da semana passada, o Financial Times aponta ser improvável que a Starlink consiga prover cobertura ampla para atender milhões em um apagão semelhante, já que usuários precisam ter energia o suficiente em seus aparelhos para acessar o serviço.
A operadora de energia elétrica da Espanha, Red Eléctrica, disse não saber a causa exata das interrupções das operações. Para especialistas, o apagão foi resultado da incapacidade da empresa em gerenciar um fornecimento maior de energia solar.
A Red Eléctrica descartou um ataque cibernético como causa, mas o Tribunal Superior da Espanha disse que abriria uma investigação para determinar a causa.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, afirmou nesta terça-feira (29) que, mesmo que a Red Eléctrica tivesse descartado um ataque cibernético aos seus sistemas, isso não significava que um não pudesse ter ocorrido.
A empresa disse ter identificado dois casos de perda de geração de energia, provavelmente de usinas solares, no sudoeste da Espanha, que causaram instabilidade no sistema elétrico e levaram à interrupção de sua interconexão com a França. O sistema elétrico entrou em colapso, afetando os sistemas espanhol e português.
A consistência da rede caiu para metade do seu serviço normal na segunda-feira, já que milhares de antenas móveis na Espanha foram danificadas pela falta de energia.
“Muitas pessoas tentavam acessar poucos recursos. Por isso, durante a fase de recuperação, foi difícil estabilizar a conectividade”, explicou ao Financial Times Claudio Fiandrino, pesquisador do Instituto de Redes IMDEA, em Madri.
A Vodafone España disse que os geradores de reserva já estavam funcionando em 70% de suas unidades na Espanha após o início do apagão. Já a Telefónica afirmou que priorizou o atendimento de serviços de emergência e hospitais, e que 95% da rede nível havia sido restaurada pouco mais de 24h do ocorrido.
Apesar das consequências da queda generalizada de energia, a Ookla afirmou que mais países além de Espanha e Portugal não possuem “presença significativa” de geradores reserva de bateria na rede móvel.
As empresas de telecomunicações espanholas e portuguesas operam com “margens muito apertadas” devido aos preços muito baixos, disse Luke Kehoe, da Ookla.
No Reino Unido, informou o jornal, um levantamento da Ofcom mostrou que em casos de breve cortes de energia, dois terços do país conseguiriam fazer chamadas de emergência por ao menos uma hora.
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*Com informações da Reuters
Este conteúdo foi originalmente publicado em Apagão na Espanha e em Portugal faz busca por Starlink bater recorde no site CNN Brasil.
Fonte: CNN Brasil