A trégua comercial de 90 dias entre Estados Unidos e China, anunciada nesta segunda-feira (12) leva impacto “misto” à economia brasileira, com potenciais ganhos em apetite por investimento e perdas em oportunidades comerciais, segundo analistas consultados pela CNN.
Estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz destaca que a trégua anunciada “reduz a percepção de risco no mundo”.
Neste cenário, há mais espaço para os investidores deixarem locais seguros (via de regra, os EUA), o que pode beneficiar bolsas ao redor do mundo.
Os mercados de ações em todo o mundo subiram na segunda-feira. Os futuros dos Estados Unidos, bem como os índices asiáticos e europeus seguiram este movimento, de alta generalizada.
O Ibovespa abre em estabilidade e os olhares ficam atentos sobre sua variação durante o dia.
“A trégua diminui a volatilidade e as discussões sobre recessão nos Estados Unidos. Para o Brasil nunca é bom os EUA estarem em recessão, pois são um importante parceiro comercial”, afirma Cruz.
Para o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, a trégua diminui benefícios que a pauta comercial do Brasil poderia ter no curto prazo.
Há uma expectativa de que o distanciamento entre as duas potências abra espaço para os produtos brasileiros avancem nestes mercados.
Apesar de a pausa “atrasar” este efeito, para Vale isso “não mudou o cenário gradativo de descolamento entre China e EUA”. “Vamos ver os chineses gradativamente comprarem mais da gente ao longo dos anos”, completa.
A CNN mostrou que o agro, por exemplo, avalia um acordo entre as duas maiores potências do mundo como o “pior caso” para o Brasil.
A percepção é de que isso geraria uma demanda nova entre China e Estados Unidos, e que assim os produtos brasileiros poderiam perder espaço.
A trégua
O anúncio, feito em um comunicado conjunto, ocorre após um fim de semana de negociações comerciais intensas em Genebra, Suíça, por autoridades das duas maiores economias do mundo, onde ambos os lados elogiaram “progresso substancial”.
Até 14 de maio, os EUA reduzirão temporariamente suas tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China reduzirá seus impostos sobre importações americanas de 125% para 10%, de acordo com o comunicado.
Ambos os lados reconhecem “a importância de uma relação econômica e comercial sustentável, de longo prazo e mutuamente benéfica”, afirmaram.
Os dois lados também concordaram em estabelecer “um mecanismo para dar continuidade às discussões sobre as relações econômicas.E comerciais”, liderado pelo vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng.
As negociações também contaram com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e do representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, segundo o comunicado.
“Essas discussões podem ser conduzidas alternadamente na China e nos Estados Unidos, ou em um terceiro país, mediante acordo entre as partes. Conforme necessário, as duas partes podem realizar consultas em nível de trabalho sobre questões econômicas e comerciais relevantes”, acrescentou.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Analistas veem “efeito misto” de trégua entre China e EUA para o Brasil no site CNN Brasil.
Fonte: CNN Brasil
