A recente escalada de tensões entre Israel e Irã tem chamado a atenção para o papel de outros atores globais no cenário geopolítico do Oriente Médio. O mestre em Ciências Militares, Paulo Filho, em entrevista ao WW, disse que China e Rússia, apesar de suas relações econômicas e militares com o Irã, não possuem a capacidade diplomática necessária para intervir efetivamente no conflito atual.
Paulo Filho destaca que o momento atual é particularmente delicado: “Eu não vejo no momento capacidade diplomática, nem de China, nem de Rússia, para tentar intervir no que aconteceu nessa escalada das tensões a partir da morte dos principais comandantes militares, da reação iraniana. Eu acho que nós já passamos um umbral perigoso na escalada”.
Alinhamentos preocupantes
O especialista expressa preocupação com os alinhamentos que estão se formando entre diferentes nações e conflitos globais. Ele observa: “O que me preocupa dessas alianças, alianças ou alinhamentos, melhor dizendo, é que nós vamos vendo alinhamentos de blocos. Então você tem o Irã que apoia a Rússia na guerra contra a Ucrânia e, por sua vez, a Rússia apoia o Irã”.
Além disso, Paulo Filho ressalta a interconexão entre diversos conflitos regionais: “Nós temos a China que apoia diretamente a Rússia na guerra e temos as tensões no Mar do Sul da China, em Taiwan, ao mesmo tempo as tensões no Oriente Médio, isso não pode ser separado do que está acontecendo na faixa de Gaza”.
Riscos de uma conflagração maior
O cenário descrito por Paulo Filho sugere um risco crescente de uma conflagração em larga escala.
“É assim que as grandes guerras começam, com esses alinhamentos que vão excluindo um lado se opõe ao outro e quando nós vemos a conflagração, ela é de muito grande envergadura, isso me preocupa bastante”.
A análise do especialista destaca a complexidade da situação atual, onde múltiplos conflitos e tensões geopolíticas se entrelaçam, criando um cenário volátil e potencialmente perigoso. A falta de uma força diplomática capaz de mediar efetivamente essas tensões aumenta os riscos de uma escalada ainda maior.
Fonte: CNN Brasil