Após um mês de negociações, os Estados Unidos fecharam seu primeiro acordo comercial depois da aplicação do tarifaço. Segundo Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, eles assinaram com o Reino Unido um trato “completo e abrangente”.
Contudo, na verdade, esse seria mais um conceito de acordo. Isso porque, a equipe do presidente Donald Trump manteve a taxa americana sobre importações britânicas em 10%, exatamente a mesma tarifa que Trump anunciou em 2 de abril.
Mas com algumas novas exceções, que não são detalhadas no acordo, já que ambos os lados disseram que as especificidades ainda estão sendo acertadas. Esse fator, no entanto, não surpreende, uma vez que acordos comerciais exigem meses ou até anos de meticulosas negociações.
“Um acordo comercial onde os detalhes ainda estão sendo negociados não é um acordo“, disse Joe Brusuelas, economista-chefe da RSM, nas redes sociais. “Isso não fornece a clareza necessária para dissipar a névoa de incerteza criada por uma guerra comercial por escolha”.
No dia do anúncio, em uma postagem no Truth Social, Trump disse que foi “um dia muito grande e empolgante”.
O primeiro-ministro britânico Keir Starmer chamou-o de “histórico”, embora deva-se notar que ele participou do evento no Salão Oval via viva-voz, porque a administração Trump organizou o anúncio de última hora.
O embaixador britânico nos EUA até disse que Trump ligou para Starmer em uma “intervenção muito típica de última hora”. Os britânicos, por sua vez, disseram que mesmo um acordo imperfeito é melhor que acordo nenhum.
Questionado por repórteres na Inglaterra se este acordo marca uma melhoria na relação EUA-Reino Unido de seis meses atrás, antes de Trump assumir o cargo, Starmer respondeu: “A pergunta que você deveria fazer é: é melhor do que onde estávamos ontem?”
Após o anúncio, as ações de Wall Street subiram nos EUA, enquanto investidores concordaram com o otimismo da Casa Branca.
“Vamos dizer que isso é uma estrutura real para um acordo comercial que será definido nas próximas semanas. Isso é melhor que nada. Mas levou mais de um mês para apresentar esse nada monumental com um de nossos aliados mais próximos. Um aliado que, com todo o afeto a nossos irmãos britânicos, representa apenas 3% de todo o comércio americano”, disse Justin Wolfers, professor de economia da Universidade de Michigan, à CNN.
No entanto, esse não parece um bom presságio para os outros negócios norte-americanos que estão atualmente paralisados pelas tarifas de 145% de Trump sobre a maioria das importações da China, que é o terceiro maior parceiro comercial da América.
Enviados dos EUA e da China devem se encontrar neste fim de semana em Genebra. Mas autoridades americanas nem sequer sugerem que um acordo comercial sairá disso – o melhor que o Secretário do Tesouro dos EUA Scott Bessent disse esperar é uma “desescalada”.
Em síntese, poucas coisas mudaram sobre o estado da economia global desde que o “acordo” EUA-Reino Unido foi anunciado.
Ainda temos uma taxa tarifária efetiva de 22% hoje – a mais alta em mais de 100 anos – comparada com 2,5% antes de Trump assumir o cargo.
“O fato mais importante sobre o acordo comercial de hoje é que as tarifas gerais de 10% permanecem”, disse Wolfers nas redes sociais na quinta-feira (08).
“Pequenos ajustes aqui e ali com alguns parceiros comerciais não mudarão isso”. “Os EUA continuarão sendo um país com altas tarifas no futuro próximo, e a guerra comercial continua”, conclui.
Existe um problema estrutural na economia do mundo, diz professor
Este conteúdo foi originalmente publicado em Análise: Acordo de Trump com Reino Unido não é bom presságio para o mundo no site CNN Brasil.
Fonte: CNN Brasil