A proposta do governo de elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) “é de um amadorismo assustador”, apontou o ex-diretor do Banco Central (BC) Alexandre Schwartsman em entrevista, nesta quinta-feira (29) ao CNN Prime Time.
Chama atenção do economista, por exemplo, a proposta inicial de se aplicar uma alíquota de 3,5% sobre o envio de remessas para fundos no exterior. “Não ocorreu para ninguém que poderia ser interpretado como controle de capital. […] Essa questão do IOF cheira a improviso porque é improviso. Coisa de gente amadora, gente despreparada, sem conhecimento da economia brasileira”, questionou Schwartsman.
Logo após o anúncio, a medida foi mal recebida pelo mercado. Não obstante, às 23h31 do mesmo dia foi derrubada pelo Ministério da Fazenda. No dia seguinte, o ministro Fernando Haddad disse que o recuo veio para evitar especulações.
Na véspera, o chefe da equipe econômica voltou a falar com a imprensa e disse que a máquina pública ficaria em situação delicada sem a alta do IOF. A afirmação causou incômodo em Schwartsman.
“Falar que não tem dinheiro para pagar a máquina depois que se aumentou o gasto em R$ 220 bilhões é um insutlo à inteligência do público brasileiro”, disse o ex-BC.
“É como se a criança chegasse: ‘pai, gastei toda minha mesada, eu preciso que você me dê mais.’ Amigão, se você gastou toda a sua mesada, problema é seu, não é meu. Então eu viro para o ministro e falo […] ‘quem pariu Matheus que o embale’”, concluiu.
Olhando para a trajetória do governo até aqui, o economista reforça o questionamento de um governo que deixa de lado uma reforma estrutural das contas públicas em detrimento de aumentar a arrecadação.
“Desde o começo desse governo, o ministro da Fazenda come na mão da Receita Federal. E a Receita Federal não tem preocupação de como a economia funciona, a única preocupação é arrecadar. Se vai destruir o resto da economia, desde que eles arrecadem, não tem problema”, critica.
A CNN apurou o governo busca manter a alta do IOF para 2025 e propor a alternativa apenas para o exercício de 2026.
“[O governo diz] ‘dessa vez vai ser diferente, prometo que vou controlar meu gasto’. Mas não tem a menor credibilidade a promessa de ‘aceita agora que lá na frente eu te pago de volta’. É um engana trouxa, teria vergonha de passar uma dessa para a Câmara e para o Senado”, pontuou.
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Fonte: CNN Brasil