Com 139 mil seguidores no Instagram e uma rotina repleta de joias, viagens e artigos de luxo, a advogada Tábata Miqueletti construiu sua imagem como especialista em recuperar valores de vítimas de fraudes digitais e pirâmides financeiras.
“Venha comigo e nunca mais caia em golpes na internet”, dizia em publicações nas redes sociais. Mas agora é ela quem está no centro de denúncias por aplicar justamente os golpes que prometia combater.
Segundo investigação revelada pela Folha de S.Paulo, ao menos 12 ex-clientes acusam Tábata de aplicar fraudes financeiras por meio da empresa Designo Investimentos, registrada em seu nome e do ex-marido, Rafael Lins, que está preso desde janeiro por suspeita de estelionato. Ambos negam as acusações.
Um dos casos mais emblemáticos é o de Kátia Brito, de 56 anos, que contratou Tábata para representá-la em um processo de divórcio e, orientada pela advogada, transferiu R$ 2,7 milhões para uma conta em nome de Rafael. O argumento era que o valor seria protegido em uma conta na Suíça contra uma eventual partilha de bens.
Depois, Kátia descobriu que a conta não apresentava qualquer risco legal — o dinheiro, segundo ela, nunca retornou.
Estratégia de aliciamento
Segundo relatos de vítimas, Tábata buscava ativamente pessoas que já haviam sido lesadas em outros esquemas de pirâmide, abordando-as via WhatsApp com a promessa de atuação jurídica para recuperar os valores perdidos.
Depois de conquistar a confiança, encaminhava essas pessoas a investirem na Designo, que se apresentava como uma plataforma de criptoativos.
Um desses casos é o de Felipe Elias, morador de Niterói (RJ), que havia perdido R$ 200 mil em um golpe anterior. Tábata ofereceu seus serviços por R$ 20 mil e, após meses de contato, o pressionou a investir na Designo. “Coloquei R$ 1.000 só para parar de ser pressionado”, contou.
Outros ex-clientes relataram padrão semelhante. Após realizar aportes, muitos perderam acesso ao aplicativo da plataforma e foram bloqueados pela advogada nas redes sociais. Alguns afirmam perdas que variam de R$ 1.000 a R$ 10 mil.
O Ministério Público de São Paulo pediu a quebra do sigilo bancário de Rafael Lins, investigado formalmente por estelionato.
A própria equipe virou vítima
Gustavo Lopes, ex-funcionário do escritório de Tábata no Paraná, afirmou ter sido contratado para “mapear golpes digitais” e captar novos clientes para os serviços jurídicos da chefe.
Depois, era incentivado a induzir essas vítimas a investirem na Designo. Ele mesmo contraiu empréstimos e convenceu familiares a aplicar R$ 28 mil. Após questionar os investimentos, foi demitido e bloqueado.
Relação conturbada e prisão
O ex-marido de Tábata, Rafael Lins, está preso desde o início do ano por descumprir medida protetiva após acusação de violência doméstica e patrimonial. Ele teria citado o nome da ex-companheira em redes sociais, violando ordem judicial.
Sua defesa nega os crimes e afirma que ele foi “surpreendido com o fim abrupto do relacionamento”.
Enquanto o caso avança na esfera criminal, Tábata Miqueletti se mudou para Brasília, onde vive com um novo companheiro, também influenciador digital. A Designo, aberta em 2023, continua sob investigação.
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Fonte: InfoMoney