A quatro dias do início do conclave, cardeais discutiram neste sábado estratégias para evitar que a Igreja Católica perca relevância nas próximas décadas. O tema dominou as conversas da última reunião da semana que antecede a eleição do novo Papa. Estavam presentes 177 cardeais, sendo 127 aptos a votar na Capela Sistina.
No encontro reservado, cardeais manifestaram preocupação com o risco de a Igreja se tornar “autorreferente” e “irrelevante” caso não se mantenha aberta ao mundo e às questões atuais. Também houve apelos para que a Igreja mantenha o diálogo com outras religiões, uma das prioridades do pontificado do Papa Francisco.
De acordo com o Vaticano, os cardeais expressaram gratidão a Francisco e enfatizaram a responsabilidade de preservar seu legado e dar continuidade a processos que ele iniciou. As reuniões pré-conclave são fechadas, e os participantes fazem voto de sigilo sobre o que é dito na Sala Paulo VI, ao lado da Basílica de São Pedro.
Após cada encontro, um porta-voz da Santa Sé divulga os principais temas que foram discutidos. Neste sábado, 26 cardeais se inscreveram para usar a palavra. Foram sorteados dois cardeais que auxiliarão o camerlengo na administração da Santa Sé até o fim do conclave: o americano Robert Francis Prevost e o italiano Marcello Semeraro.
O que é conclave?
A palavra “conclave” vem do latim, “cum clavis”, e significa precisamente “fechado à chave”. O sistema de fechar os cardeais teve início no Concílio Lyon II (1274).
Em contexto geral, conclave é uma reunião fechada, com acesso restrito a participantes específicos. No entanto, o termo é mais conhecido pelo seu uso no contexto da Igreja Católica. Assim, no Vaticano, conclave é o nome dado ao processo no qual os cardeais da Igreja se reúnem para eleger um novo Papa
Quando o conclave começa?
Segundo veículos italianos, o novo conclave deve acontecer entre 5 e 10 de maio e deve reunir 135 cardeais aptos (com menos de 80 anos) a votarem no novo chefe da Igreja Católica. Eles se fecharão no recinto da cidade do Vaticano, declarado zona de conclave.
Antes, todo o Colégio Cardinalício, incluindo os maiores de 80 anos, terão realizado as chamadas congregações ou assembleias para debater o estado da Igreja e definir o perfil do sucessor de Francisco.
O novo Papa será eleito em uma das votações que serão realizadas na Capela Sistina. Durante a duração do conclave, os cardeais serão proibidos de utilizar qualquer tipo de comunicação com o exterior, sem telefone ou computadores. Não poderão enviar mensagens eletrônicas ou alimentar suas contas nas redes sociais.
Como funciona o conclave?
No início do conclave, os cardeais farão um juramento de silêncio. Além dos cardeais, todos os funcionários do serviço que têm acesso a eles também deverão jurar que manterão segredo sobre tudo o que tiver relação com as reuniões, sob pena de excomunhão.
O conclave terá início com uma missa votiva, após a qual os cardeais se dirigirão em procissão até a Capela Sistina, local da eleição, cantando o “Veni Crator” para invocar a ajuda do Espírito Santo, segundo a Constituição Apostólica.
Além disso, o mestre de cerimônias pronuncia o “Extra omnes!” (“Fora todos!”, ordenando que aqueles que não tenham a ver com a eleição saiam do recinto).
As portas se fecham e ficam sob a proteção da Guarda Suíça.
Para ser eleito, um cardeal precisará de uma maioria de dois terços. O voto é secreto. Os cardeais não têm direito de se abster nem de votar em si mesmos.
Como é feito o anúncio?
Na Capela Sistina serão realizadas duas votações matutinas e duas vespertinas. Duas vezes ao dia, uma depois de cada rodada, os papéis são queimados. A cor da fumaça que sairá da chaminé anuncia ao mundo o resultado: preta, se ainda não houver uma decisão, e branca, se um novo Papa tiver sido eleito.
Um repique de sinos de São Pedro se somará ao anúncio do evento, e assim tudo será mais claro para a imprensa e para os milhares de católicos que seguirão o evento.
Se depois do terceiro dia nenhum candidato alcançar o mínimo exigido, a Constituição estabelece uma pausa de 24 horas, que será dedicada “à oração, ao colóquio (…) e a uma breve exortação espiritual”.
Se ocorrerem outras sete votações inúteis, será feita outra pausa de um dia.
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