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O Mundial de Clubes “pegou” no mundo? Veja como diferentes países reagiram

Em meio a críticas na Europa, promessas da Fifa e rumores de transferências, a nova versão do Mundial de Clubes enfrentou dificuldade para se firmar no calendário global.

Mesmo com mais de um milhão de lugares vazios, a média de público superou 38 mil, pouco abaixo das médias da Premier League e da Bundesliga da temporada passada.

Enquanto muitos na Europa focavam em contratações, torcedores em outras regiões abraçaram o torneio, mesmo com horários difíceis.

Segundo contou à BBC o influenciador Fayad, de Riad, na Arábia Saudita, “não havia um lugar que não estivesse transmitindo o jogo do Al-Hilal”.

“As ruas estavam vazias. Numa sexta-feira à noite, isso nunca acontece. Nem durante o Ramadã”, disse Fayad sobre o duelo entre Al-Hilal e Fluminense pelas quartas de final.

Engajamento local e audiências expressivas

O Al-Hilal empatou com o Real Madrid e eliminou o Manchester City por 4 a 3 na prorrogação, nas oitavas de final, em um jogo que começou às 4h da manhã no horário local.

Esses jogos foram exibidos pela Dazn, que sublicenciou partidas para redes regionais, como o grupo MBC, no Oriente Médio.

Segundo a Media Rating Company, 5,1 milhões assistiram aos 25 jogos transmitidos pela MBC na Arábia Saudita. O maior pico: 2,2 milhões no duelo contra o Real Madrid.

No Reino Unido, o canal Channel 5 registrou 1,6 milhão de espectadores para a estreia do Chelsea contra o Los Angeles FC, às 20h no horário britânico.

Brasil vive clima de Copa com o torneio

No Brasil, torcedores do Fluminense acompanharam os jogos em festas na praia de Copacabana, como relatou Bruno Stefano, de 36 anos, à BBC.

“Todo mundo cantava como se estivesse no estádio. Mesmo quem não pode ir aos EUA tenta viver o clima com outros tricolores”, disse ele.

O evento em Copacabana reuniu 100 mil pessoas durante o torneio. No duelo Bayern x Flamengo, a lotação foi máxima: 10 mil pessoas.

Bruno celebrou a chance de enfrentar gigantes europeus: “Antes, Fluminense x Inter de Milão só era possível em videogame. Agora é real”. Não só foi real como o Tricolor venceu e eliminou a finalista da Champions.

A participação de quatro clubes brasileiros — Fluminense, Flamengo, Botafogo e Palmeiras — na fase de mata-mata reforçou o interesse do público local.

Orgulho recuperado e confrontos improváveis

Para Bruno, o desempenho dos times brasileiros ajudou a resgatar o orgulho nacional no futebol.

“Após a goleada do Manchester City sobre o Fluminense em 2023, achávamos que os europeus estavam muito à frente. Agora, vemos que não é bem assim. É um reencontro com o orgulho brasileiro.”

O formato permitiu duelos inéditos, como Flamengo x Bayern de Munique e PSG x Inter Miami, que encantaram torcedores fora da Europa.

No podcast World Football, da BBC, Eduardo Alvarez elogiou a competição: “Mesmo com estádios vazios, foi divertido. Futebol é entretenimento”.

“Foi incrível ver Flamengo x Bayern, PSG x Inter Miami, City x Al-Hilal. O torneio entregou”, afirmou Alvarez.

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Reação fria na Europa Ocidental

Na Espanha, a cobertura foi limitada. Sem Barcelona e com o Atlético de Madrid eliminado cedo, o foco ficou nos boatos de transferências.

“Os jogos mais interessantes tiveram audiência, especialmente as semifinais”, disse Alvarez à BBC.

Na França, segundo o jornalista Bruno Ahoyo, o interesse cresceu após PSG x Bayern, mas, antes disso, o foco era o futebol feminino, com a Eurocopa e amistosos.

“Comecei a ver camisas do PSG nas ruas (depois da semifinal). Crianças no metrô perguntando como assistir ao torneio”, contou Ahoyo, de Paris.

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Outros continentes, outras motivações

Na África do Sul, a audiência foi afetada pelos horários e por outras competições, segundo o jornalista Mo Allie.

“Alguns jogos começaram à meia-noite ou 3h. Mas o desempenho do Mamelodi Sundows contra Borussia Dortmund e Fluminense gerou orgulho, especialmente por terem sido em horários locais mais acessíveis.”

No Marrocos, mesmo com o Wydad Casablanca eliminado na fase de grupos, a torcida seguiu o torneio para ver astros locais como Hakimi e Bounou, segundo o jornalista Amine El Amri.

Na Nigéria, o comentarista Babatunde Koiki destacou a importância do torneio no cenário de apostas esportivas.

“Muitos seguiram o torneio por causa das apostas, especialmente nos times fora da Europa.”

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Japão e Nova Zelândia também reagiram

No Japão, a torcida do Urawa Reds fez bonito, mesmo sem vitórias. “Havia orgulho em ver o time em campo no cenário mundial”, disse Sean Carroll à BBC.

“Muitos torcedores assistiram. Mas poucos levantam às 4h para ver Real Madrid x Dortmund. Isso já ocorre na Champions League.”

Na Nova Zelândia, a goleada do Bayern sobre o Auckland City por 10 a 0 virou assunto nacional, contou o jornalista Michael Burges.

“Até meu pedreiro comentou. Foi bizarro. E aumentou o interesse nos jogos seguintes.”

E o futuro do torneio?

Na Índia, onde a base de fãs de clubes europeus é imensa, a ausência de gigantes como United e Barça reduziu o engajamento.

“Se esses clubes estivessem presentes, o torneio teria muito mais audiência aqui”, afirmou Sanghapriyo Mandal, torcedor do Manchester United.

“Os torcedores daqui não assistem times asiáticos ou sul-americanos. Mas fazem tudo por seus clubes.”

(Publicado por Luccas Oliveira)

Fonte: CNN Brasil

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