O vídeo que mostra imagens gravadas perto da cela do empresário Jeffrey Epstein horas antes da sua morte, em 2019, pode ter sido modificado. É o que aponta uma análise de metadados feita por especialistas forenses, cujos detalhes foram divulgados pela Wired nesta sexta-feira (11).
A gravação bruta, com cerca de 11 horas de vídeo, foi disponibilizada recentemente pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) com o objetivo de acabar com as teorias conspiratórias a respeito do caso. No entanto, esta nova investigação pode acabar alimentando ainda mais os rumores que circulam pela internet.
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O que sugerem os metadados do vídeo de Epstein?
De acordo a reportagem, os metadados incorporados ao arquivo sugerem que a gravação não foi exportada diretamente do sistema de vigilância do Centro Correcional Metropolitano de Nova York, ao contrário do que afirmam as autoridades. Em vez disso, o material divulgado teria sido montado em um programa de edição de vídeo.
- Usando uma ferramenta como o Adobe Premiere Pro, o arquivo pode ter sido criado a partir de imagens coletadas de pelo menos outras duas gravações;
- Os investigadores também apontam que o vídeo foi salvo ao menos quatro vezes, exportado e então carregado no site do DOJ, onde é listado como “bruto”, ou seja, sem edições;
- Eles não conseguiram identificar em que partes o vídeo foi modificado e alertam que os metadados não provam, necessariamente, ter havido manipulação enganosa;
- Reconhecido na análise de imagens digitais e testemunha de processos judiciais, o professor da Universidade da Califórnia, Hany Farid, detectou outras anomalias, como mudanças de proporção em vários pontos;
- O profissional comentou que as evidências digitais devem preservar sua integridade, assim como as físicas, o que não aconteceu no vídeo da cela de Epstein.
“Se um advogado me trouxesse este arquivo e perguntasse se era adequado para o tribunal, eu diria que não. Volte para a fonte. Faça certo. Faça uma exportação direta do sistema original — sem brincadeiras”, exemplificou o especialista.
Anteriormente, o FBI havia informado que a filmagem passou por pequenos ajustes de cor, contraste e nitidez antes da divulgação. No entanto, o órgão não respondeu aos questionamentos relacionados aos detalhes apontados pelos metadados, assim como o DOJ, que não se pronunciou até o momento.
Caso Epstein
Acusado de abusar de menores de idade e de operar uma rede de tráfico sexual, o magnata das finanças foi preso em 2019 e aguardava julgamento. O caso ganhou ainda notoriedade pelo envolvimento de Epstein com milionários, celebridades e membros da realeza.
Ele foi encontrado morto no dia 10 de agosto daquele ano, com as investigações indicando que o bilionário tirou a própria vida. No entanto, uma série de falhas nos protocolos de segurança da prisão têm alimentado teorias sobre a morte de Epstein desde então.
Na noite em que Epstein morreu, os guardas que o monitoravam dormiram em serviço e duas câmeras na área externa da cela falharam, deixando de registrar imagens. Entre outras coisas, o corpo não foi fotografado no local, situações que serviram de base para muitas dúvidas relacionadas ao caso.
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Fonte: TecMundo