O presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, conversam durante uma foto de família na Cúpula do G7 em Kananaskis, Alberta, Canadá, em 16 de junho de 2025. REUTERS/Amber Bracken
O presidente Donald Trump vai impor uma tarifa de 35% sobre alguns produtos que entram nos EUA vindos do Canadá, em um golpe aos esforços do primeiro-ministro canadense Mark Carney para evitar tarifas punitivas sobre bens vendidos aos americanos. O novo nível tarifário entrará em vigor em 1º de agosto.
“Fentanil está longe de ser o único desafio que temos com o Canadá, que possui muitas tarifas, barreiras não tarifárias, políticas e obstáculos comerciais que geram déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos”, disse Trump em uma carta a Carney publicada nesta quinta-feira (10).
A taxa anunciada representa um aumento em relação à tarifa atual de 25% sobre importações canadenses não cobertas pelo acordo comercial firmado entre EUA, Canadá e México, cujos produtos seguem isentos de tarifas adicionais. Essa exclusão permanecerá inalterada, segundo um funcionário que falou sob condição de anonimato.
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Trump também manterá uma tarifa mais baixa de 10% sobre importações de energia e suas taxas mais altas sobre produtos-chave como metais, disse o funcionário. A situação ainda é volátil e a ordem legal não foi formalizada, alertou a fonte.
Essa fórmula representaria uma mudança mais modesta nas relações comerciais do que uma tarifa geral de 35% e preservaria exceções para setores fortemente integrados, como a indústria automotiva.
Ainda assim, a carta sugere que Trump pretende intensificar, e não reduzir, sua guerra comercial com o vizinho do norte — que ele já declarou publicamente que deveria considerar tornar-se o 51º estado — apesar dos esforços furiosos de autoridades canadenses para negociar um acordo. O dólar americano subiu 0,6% frente ao dólar canadense após a publicação da carta nas redes sociais do presidente.
O anúncio de Trump ocorreu no mesmo dia em que ele disse à NBC News que está considerando tarifas gerais de 15% a 20% sobre a maioria dos parceiros comerciais, acrescentando que os níveis exatos ainda estão sendo definidos. Atualmente, a tarifa geral é de 10%.
No conjunto, as medidas sinalizam que não há recuo na política econômica central de Trump, que observou à NBC a recente alta nos mercados acionários dos EUA, mesmo planejando tarifas mais altas sobre parceiros comerciais importantes já nas próximas semanas.
Futuros das ações americanas caíram enquanto o dólar subia frente às principais moedas durante as negociações na Ásia. O dólar canadense liderou as perdas entre as moedas do G-10, seguido pelo dólar australiano e o neozelandês, com temores de que mais interrupções no comércio possam afetar o crescimento global.
O presidente passou a semana enviando comunicados aos parceiros comerciais, informando-os sobre novas tarifas que entrarão em vigor em 1º de agosto caso não consigam negociar termos melhores. Cartas para membros da União Europeia também devem ser enviadas em breve.
O anúncio sobre o Canadá veio após autoridades em Ottawa já terem se manifestado nesta semana contra os planos dos EUA de impor uma tarifa de importação de 50% sobre o cobre.
“Estamos aguardando os detalhes desta decisão da Casa Branca e do presidente, mas vamos lutar contra ela, ponto final”, disse a ministra da Indústria do Canadá, Mélanie Joly, mais cedo na quinta-feira.
As negociações entre EUA e Canadá já davam sinais de tensão. No mês passado, Trump interrompeu temporariamente as conversas depois que o Canadá decidiu impor um imposto sobre serviços digitais — iniciativa que o governo canadense acabou abandonando.
Embora a maioria das exportações canadenses esteja protegida das tarifas de Trump graças ao acordo comercial USMCA, o presidente impôs uma tarifa de 25% sobre muitos produtos alegando ameaça do fentanil. Dados do governo americano, no entanto, indicam que muito pouco da droga altamente viciante é traficada pela fronteira EUA-Canadá. Metais como aço e alumínio já estavam sujeitos a uma tarifa de 50%.
Trump afirmou que poderia “considerar um ajuste a esta carta” caso o Canadá colaborasse com ele para interromper o fluxo de fentanil. Mas criticou as autoridades canadenses pelas tarifas existentes sobre produtos lácteos americanos e disse que o governo canadense “retaliou financeiramente contra os Estados Unidos”.
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Fonte: InfoMoney