Scott Bessent (Graeme Sloan/Bloomberg)
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse a uma sala cheia de bilionários em Sun Valley que o presidente Donald Trump compartilha uma característica de personalidade com seu ex-chefe, o famoso financista liberal George Soros: ambos são impacientes ao trabalhar em negócios de alto risco.
Bessent falou na quarta-feira na conferência anual da Allen & Co. — apelidada de “acampamento de verão para bilionários” em Sun Valley, Idaho. Quando questionado pelo moderador para comparar seus chefes atual e anterior, Bessent afirmou que Trump e Soros são semelhantes em temperamento, exigências e impaciência, segundo pessoas presentes.
O secretário do Tesouro disse que aconselha Trump a ter paciência enquanto trabalham nos anúncios comerciais, relataram as fontes, que pediram anonimato para compartilhar detalhes da discussão a portas fechadas, proibida para o público e jornalistas.
Bessent elogiou Trump por sua habilidade única de identificar problemas e encontrar soluções, mas disse que ele às vezes pode ser impaciente na implementação, segundo as fontes. Durante perguntas da audiência, Bessent minimizou o efeito das tarifas na inflação e previu duas reduções nas taxas de juros ainda este ano, acrescentando que os custos de empréstimos no longo prazo provavelmente estarão alinhados com os níveis pré-pandemia.
Representantes do Departamento do Tesouro e da Casa Branca não comentaram.
Antes de se tornar o principal assessor econômico de Trump, Bessent trabalhou duas vezes na Soros Fund Management, chegando a diretor de investimentos antes de sair para fundar seu próprio fundo de hedge.
Ainda não está claro o quanto Bessent influenciou o presidente nos últimos dias. Nesta semana, Trump usou as redes sociais para anunciar uma série de novas tarifas sobre parceiros comerciais, por meio de cartas declarando que as alíquotas entrarão em vigor em 1º de agosto, em vez de acordos bilaterais que a Casa Branca havia sugerido anteriormente.
Isso inclui uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com Trump citando desentendimentos políticos com o país sul-americano. A taxa surpreendeu, já que os EUA têm superávit comercial com o Brasil.
Bessent é o principal negociador nas conversas com China, Japão e outras nações asiáticas e tem ajudado Trump a moldar sua política comercial, uma posição incomum para um secretário do Tesouro.
Ele deve viajar ao Japão na próxima semana, embora o Departamento do Tesouro afirme que comércio não será tema da visita. Também está previsto que ele se reúna em breve com autoridades chinesas, além do ministro coordenador da Economia da Indonésia.
Negociações com a China
A tarifa dos EUA sobre produtos chineses chegou a 145% no início deste ano, antes de Bessent e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, se encontrarem com autoridades chinesas em Genebra, Suíça, em maio.
As duas partes realizaram uma segunda rodada de negociações em Londres, em junho, reafirmando em grande parte a trégua tarifária alcançada no primeiro encontro. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, participou dessas discussões junto com Bessent e Greer.
No entanto, um acordo abrangente ainda é incerto, com o acordo de Genebra servindo principalmente para definir o rumo das negociações futuras.
Bessent também fez algumas provocações ao ex-conselheiro da Casa Branca e CEO da Tesla, Elon Musk, com quem teria tido desentendimentos.
Questionado sobre Musk lançar um partido político, Bessent respondeu: “Que partido?”, segundo uma das fontes.
Ele ainda brincou que Musk provavelmente conseguiria votos em Marte, referindo-se às ambições do homem mais rico do mundo de levar a humanidade ao planeta com os avanços de sua empresa espacial, SpaceX.
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Fonte: InfoMoney