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Brasil tem poucas saídas para tarifas de Trump, mas sente impacto relativo menor

11 de julho de 2025 - 08:29Bandeira de Estados Unidos e Brasil (Shutterstock)

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BRASÍLIA (Reuters) – Quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vinculou as tarifas de 50% sobre o Brasil ao julgamento contra seu aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro, Washington deixou a maior economia da América Latina com poucas opções para diminuir a escalada, mas pode ter superestimado a vulnerabilidade do país às taxas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem vontade política nem autoridade legal para interferir no caso contra seu antecessor, que enfrenta acusações de planejar um golpe após uma eleição acirrada e amarga em 2022, vencida por Lula.

O Brasil está em uma posição mais forte do que muitas nações em desenvolvimento, dada a exposição comercial relativamente menor do país aos EUA, mesmo que tarifas altas ainda sejam dolorosas.

Ao contrário da maioria dos países do mundo, o Brasil tem, na verdade, um déficit comercial com os EUA.

Os EUA recebem cerca de 12% das exportações do Brasil, menos da metade do que a China compra, e valem apenas cerca de 1% do PIB. O México — a segunda maior economia da América Latina — envia 80% de suas exportações para os EUA.

“A gente está muito longe de ter a vulnerabilidade que outros países têm em relação aos Estados Unidos”, disse um diplomata brasileiro sob condição de anonimato, pois não está autorizado a falar publicamente sobre o assunto.

“Lamentamos que essa medida tenha sido tomada, mas… não vamos sofrer no curto prazo o impacto brutal que outras economias sofreriam.”

As tarifas também causariam impacto nos Estados Unidos.

O café brasileiro, em particular, é uma grande importação dos EUA e uma tarifa de 50% poderia fazer com que os preços do café disparassem. Outros produtos, como o suco de laranja, também poderiam ser afetados.

A empresa de investimentos ARX disse que vê apenas um “impacto macroeconômico marginal e administrável sobre a economia brasileira”, embora outros, como o Goldman Sachs, tenham dito que esperam que as tarifas possam reduzir o PIB do Brasil em 0,3% a 0,4%, caso sejam mantidas.

TARIFAS POLÍTICAS

Como as tarifas dos EUA têm uma motivação política mais clara do que outras taxas ameaçadas por Trump, Lula não tem opções claras de negociação.

A motivação política por trás da ameaça tarifária torna “mais difícil ver uma saída para o Brasil em comparação com outros países que receberam cartas tarifárias”, escreveu William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics.

Na carta de Trump descrevendo as tarifas do Brasil, ele criticou o que descreveu como uma “caça às bruxas” contra o aliado Bolsonaro, dizendo que as taxas foram impostas devido “em parte aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão de norte-americanos”.

Lula ameaçou com medidas recíprocas em uma nota incisiva postada nas mídias sociais na quarta-feira e, nesta quinta-feira, fontes disseram que o governo poderia estar procurando mudar de estratégia e explorando formas de reduzir a escalada da situação. Não ficou claro o que isso poderia significar.

Mas Lula não é um político que recua diante de uma briga. Forjado no movimento sindical no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, Lula, de 79 anos, perdeu três eleições presidenciais antes de finalmente vencer em 2002 e, desde então, tem dominado a esquerda brasileira.

Embora muitos outros líderes mundiais tenham se esforçado para aplacar Trump, Lula o chamou na segunda-feira de “imperador” que o mundo não quer.

Em sua resposta na quarta-feira, ele disse: “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”.

Outro fator são os problemas internos de Lula, com as pesquisas apontando para uma possível derrota nas eleições do próximo ano. Alguns especialistas dizem que ele poderia usar o confronto com Trump para angariar apoio.

O fato de Trump defender Bolsonaro de forma tão explícita também pode ser um tiro pela culatra para a extrema-direita brasileira, vista por muitos como responsável por provocar essa ação que pode prejudicar a economia do Brasil.

“O cenário mais provável é que isso acabe fomentando o nacionalismo no Brasil”, disse Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo.

“Se Lula souber como reagir bem a isso, isso pode acabar fortalecendo-o, assim como fortalece outros líderes de países que sofrem esse tipo de interferência.”

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Fonte: InfoMoney

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