Home / Mundo / Ativos brasileiros desabam nos EUA após tarifa de Trump; ADR da Embraer cai até 9%

Ativos brasileiros desabam nos EUA após tarifa de Trump; ADR da Embraer cai até 9%

10 de julho de 2025 - 12:46Navios de carga no Porto de Santos, em Santos, Brasil. Fotógrafo: Dado Galdieri/Bloomberg

" data-medium-file="https://i1.wp.com/www.infomoney.com.br/wp-content/uploads/2025/07/436095023.jpg?fit=300%2C200&quality=70&strip=all&ssl=1" data-large-file="https://www.infomoney.com.br/wp-content/uploads/2025/07/436095023.jpg?fit=500%2C333&quality=70&strip=all">

A ameaça de Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros fez a moeda do país despencar, enquanto o líder americano intensificava uma disputa com a maior nação da América Latina e líder de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.

Em uma carta publicada em sua rede social, Trump citou Jair Bolsonaro — o ex-presidente de direita e rival de Lula que enfrenta um julgamento por acusações de tentativa de golpe após sua derrota nas eleições de 2022.

Trump fez uma ligação direta com a política, afirmando que a mudança foi feita “devido em parte aos ataques insidiosos do Brasil às Eleições Livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos”.

As acusações contra Bolsonaro, um líder que imitou o estilo político de Trump durante seu mandato, decorrem de uma investigação sobre os distúrbios pós-eleitorais na capital brasileira, que têm sido comparados à tentativa de insurreição de 6 de janeiro de 2021 em Washington.

Bolsonaro tem apelado repetidamente por ajuda de Trump à medida que seus problemas legais aumentam.

O real brasileiro caiu quase 3% em relação ao dólar americano após o anúncio, enquanto o iShares MSCI Brazil ETF — o maior fundo negociado em bolsa dos EUA que acompanha as ações brasileiras — caiu quase 2% no pregão pós-mercado.

O Brasil estava previsto para enfrentar a alíquota mínima de 10% sob as chamadas tarifas “recíprocas” que Trump anunciou originalmente em abril.

A carta, a mais recente de mais de 20 publicadas por Trump nos últimos dias, foi a primeira revisão substancial para cima das taxas anteriormente anunciadas. Embora use a linguagem sobre “reciprocidade” das outras, o Brasil é o primeiro país a receber a tarifa que não tem superávit comercial de bens com os EUA — sugerindo uma frustração particular por parte de Trump.

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China, e uma tarifa tão alta pode causar danos significativos a algumas indústrias do país sul-americano.

“Produtos de aço, equipamentos de transporte (principalmente aeronaves e peças), máquinas especializadas (como equipamentos de engenharia civil) e minerais não metálicos representam uma parte significativa das exportações brasileiras para os EUA”, disse Felipe Arslan, CEO da Morada Capital.

As ações da Embraer ADR caíram até 9% no pregão após o anúncio.

Além das repercussões econômicas, analistas expressaram preocupação com as consequências políticas das tarifas. Os EUA e o Brasil são parceiros históricos que mantêm relações fortes mesmo sob presidentes com diferenças ideológicas, uma dinâmica que o anúncio de Trump ameaça colocar em risco.

“Não é apenas uma questão de comércio bilateral”, disse Solange Srour, chefe de macroeconomia do Brasil no UBS Global Wealth Management. “Essas tarifas mostram que nossas relações institucionais entre países estão degradadas e danificadas. 50% é uma tarifa que, em muitos casos, pode tornar as exportações inviáveis.”

Logo após o anúncio, Lula convocou membros do alto escalão do governo — incluindo o ministro da Fazenda Fernando Haddad, o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira e o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também chefia o ministério da indústria e comércio — para uma reunião no Palácio do Planalto, segundo duas pessoas com conhecimento da situação.

O anúncio de Trump veio poucos dias depois de ele ameaçar impor tarifas adicionais aos membros do bloco BRICS por suas supostas “políticas antiamericanas”. Os líderes do BRICS, recebidos por Lula no Rio de Janeiro esta semana, criticaram políticas tarifárias que distorcem o comércio e ataques militares ao Irã em sua declaração oficial, movimentos que os colocam em desacordo com Trump, embora evitem confrontos diretos com os EUA.

Após mencionar pouco o Brasil nos primeiros meses de seu mandato, Trump também saiu em defesa de Bolsonaro na segunda-feira, acusando o país sul-americano de perseguir politicamente o ex-presidente.

Na carta, Trump reiterou seu pedido para que as autoridades retirem as acusações contra Bolsonaro pela suposta tentativa de golpe.

“Esse julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deveria acabar IMEDIATAMENTE!”, escreveu Trump.

Lula criticou Trump ao final da cúpula do BRICS, dizendo para que ele cuide da sua vida e chamando-o de “irresponsável por ameaçar tarifas nas redes sociais”. Ele também pediu aos líderes mundiais que encontrem formas de reduzir a dependência do comércio internacional em relação ao dólar.

Um porta-voz do Supremo Tribunal Federal, que supervisiona o julgamento de Bolsonaro, recusou-se a comentar. Mais cedo na quarta-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil convocou o principal representante dos EUA no país para explicar as declarações sobre Bolsonaro.

Comércio dos EUA

O Brasil é incomum entre os alvos recentes das tarifas de Trump porque tem déficit comercial com os EUA, enquanto quase todos os outros países têm grandes superávits. Em 2024, o Brasil importou cerca de US$ 44 bilhões em produtos americanos, enquanto os EUA importaram cerca de US$ 42 bilhões do Brasil, segundo o Census Bureau.

O Brasil está entre os 20 maiores parceiros comerciais dos EUA. Dos outros sete países citados nos anúncios de Trump na quarta-feira, apenas as Filipinas — que enviaram cerca de US$ 14,1 bilhões em mercadorias para os EUA no ano passado — estão entre os 50 maiores.

As importações dos outros seis países somadas foram menos de US$ 15 bilhões no ano passado, com o Iraque — exportador de petróleo bruto — respondendo por cerca da metade desse valor.

Antes do anúncio, Alckmin citou o superávit comercial para argumentar que aumentar as tarifas seria injusto e prejudicaria a economia dos EUA.

Com o rebanho bovino americano no menor nível desde os anos 1950, os frigoríficos têm contado com mais suprimentos de países como o Brasil. Em 2024, cerca de US$ 1,4 bilhão em carne bovina foi importado dos EUA, com as importações nos primeiros cinco meses de 2025 também superando o mesmo período de 2024.

E embora Brasil e EUA concorram em alguns mercados agrícolas, o país sul-americano também produz produtos tropicais como café e cacau, que não podem ser cultivados nos EUA continentais.

Os EUA importaram quase US$ 2 bilhões em café do Brasil no ano passado, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA.

© 2025 Bloomberg L.P.

The post Ativos brasileiros desabam nos EUA após tarifa de Trump; ADR da Embraer cai até 9% appeared first on InfoMoney.

Fonte: InfoMoney

Marcado:

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *