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Qual o impacto se Trump decidir mesmo tarifar os Brics? AEB e especialistas respondem

8 de julho de 2025 - 17:54Líderes dos países do Brics posam para foto durante reunião de cúpula no Rio de Janeiro –
06/07/2025 (Foto:
REUTERS/Pilar Olivares)

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Uma possível taxação adicional de 10% contra os países alinhados ao Brics, ameaça feita pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump, não será capaz de suspender o comércio internacional, mas traz instabilidade para negócios futuros, de acordo com José Augusto de Castro, presidente executivo da Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB) .

“Os 10% não são capazes de suspender o comércio exterior. O que causa impacto negativo não são os valores das tarifas, mas sim a insegurança jurídica que dissemina pelo mundo todo, porque a imprevisibilidade do Trump é tão grande que ninguém sabe o que vai acontecer”, afirma. 

Para ele, Trump, mais uma vez, fez anúncio por impulso e não por tecnicidade, para se comunicar com os eleitores dos EUA. 

Na noite de domingo (6), Trump publicou em uma rede social que os EUA vão impor uma tarifa adicional de 10% sobre quaisquer países que se alinhem com as chamadas “políticas antiamericanas” do Brics, grupo de nações em desenvolvimento. A declaração foi dada enquanto acontecia a reunião da cúpula dos países, realizada no Rio de Janeiro.

Na segunda (7), uma fonte familiarizada ao assunto disse à Reuters que Trump não pretende aplicar a tarifa imediatamente, mas fará isso se os países individualmente adotarem as chamadas ações políticas “antiamericanas”.

Tarifas do Brics pode elevar inflação nos EUA

Para o especialista em economia internacional e professor de finanças da ESPM Jorge Ferreira, as tarifas adicionais de 10% sobre Brics podem gerar pressão inflacionária nos EUA, porque o país norte-americano é altamente dependente da China e da Índia.

“A implementação dessas tarifas poderia elevar a inflação nos EUA para 6% ao ano entre 2025 e 2026 e causar uma desaceleração do PIB global, com o crescimento real do PIB dos EUA caindo até 0,5%. Além disso, haveria um aumento nos custos de importação para as empresas americanas, estimados em até US$ 1,2 trilhão por ano”, diz Ferreira.

Impacto em setores

Segundo o especialista, as tarifas adicionais sobre Brics teriam impacto maior na siderurgia e metalurgia (especialmente em produtos semi-acabados), automóveis, autopeças, produtos químicos e farmacêuticos, máquinas e equipamentos industriais, alimentos processados e bebidas.

Elas poderiam trazer ganhos ao agronegócio, especialmente com carne bovina, soja e milho, caso a China redirecione suas compras para outros países que não os EUA, beneficiando o Brasil.

O mesmo poderia ocorrer com minério de ferro e cobre, principalmente na Ásia, segundo Ferreira. Essas realocações, no entanto, ocorreriam no médio prazo e dependeriam da efetivação das tarifas.

No médio prazo, Ferreira avalia que poderia haver uma recessão técnica nos Estados Unidos, impulsionada pela desaceleração do PIB devido às tarifas e pela persistência da inflação. “Se a inflação continuar alta com aumento do desemprego, os EUA poderiam enfrentar um cenário de estagflação (inflação com estagnação), algo que já está no radar de analistas econômicos”, avalia.

Impacto nos países do Brics

Ferreira analisou o impacto das possíveis tarifas adicionais em cada país do bloco do Brics, considerando a entrada em vigor da alíquota de 10%.

Para ele, a China seria diretamente afetada em eletrônicos, semicondutores e químicos, intensificando a guerra comercial e gerando pressão inflacionária global e desaceleração do PIB chinês.

No caso da Índia, o impacto seria moderado em testes farmacêuticos e TI, mas o país poderia perder acessos preferenciais a mercados dos EUA.

A Rússia não sentiria muito impacto porque o país já está sob fortes sanções devido à guerra contra a Ucrânia.

A África do Sul pooderia perder acordos comerciais específicos, com impacto nos minérios, vinho e frutas.

Já a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, apesar de se aproximarem dos Brics, mantêm uma forte dependência geopolítica e acordos preferenciais com os EUA. Em uma disputa entre EUA e Brics, esses países poderiam rever a participação no bloco, dando preferência à parceria com os norte-americanos.

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Fonte: InfoMoney

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