O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, observa enquanto o presidente da Rússia, Vladimir Putin, aparece em uma tela ao fundo, durante a participação remota na reunião de abertura da Cúpula do BRICS, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, Brasil, 6 de julho de 2025. REUTERS/Ricardo Moraes
A declaração oficial da cúpula do Brics, reunida no Rio, neste domingo, 6, teve uma divergência. O Irã decidiu reafirmar sua histórica oposição à existência do Estado de Israel, e o apoio a um Estado Palestino único. A divergência foi enviada em uma nota, que a diplomacia costuma considerar uma explicação de voto em separado.
Ao apresentar a nota, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, formalmente deixou de impedir uma declaração de consenso entre o Brics, o que seria um sinal de mais desacordo ainda no grupo e um fracasso diplomático para o Brasil.
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Também neste domingo, os líderes de países do Brics afirmaram condenar ataques realizados contra o Irã e a Rússia, dois membros plenos do bloco, na declaração oficial da cúpula. É a primeira vez que o Brics cita ataques específicos em território russo desde a invasão à Ucrânia, em 2022, tema sobre o qual o grupo também não concordou novamente.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, inclusive, discursou remotamente na Cúpula do Brics, no Rio, ao vivo de Moscou, por meio de videoconferência. Ele também acompanhou outras falas. Porém, o governo brasileiro decidiu não transmitir ao vivo publicamente a fala de Putin e dos demais chefes de Estado, de governo e de delegações presentes ao Rio para o Brics.
Em acenos políticos a Rússia e Irã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou neste domingo, dia 6, diretamente duas instituições globais na abertura da Cúpula do Brics. O petista mirou na Aliança do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a quem acusou de “instrumentalização”.
O presidente atacou recente decisão dos países da Otan que, pressionados por Donald Trump, acordaram elevar para um patamar de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) os respectivos investimentos em defesa. Antes, o patamar era de 2%, embora nem todos o cumprissem, o que motivou reclamações de Trump para que contribuíssem mais e até ameaças de deixar o grupo.
Já ao se referir aos bombardeios de Israel e dos EUA na guerra contra o Irã, o petista invocou um argumento de Teerã, segundo o qual a agência da ONU que supervisiona o programa nuclear iraniano estaria a serviço do Ocidente. O Irã rompeu temporariamente a colaboração com a AIEA.
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Fonte: InfoMoney