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Caverna dos Cristais: região mexicana tem formações gigantes e calor mortal

A Caverna dos Cristais de Naica, no México, é um sistema subterrâneo conhecido por abrigar cristais gigantes, que podem atingir vários metros de comprimento. Por exemplo, o maior já encontrado mede aproximadamente 11 metros de comprimento por 1 metro de largura. Contudo, esses cristais não são extremamente valiosos como os usados em joias.

A caverna foi descoberta em 2000, durante escavações na mina de Naica, no estado de Chihuahua, no México.

Enquanto trabalhavam, os mineradores abriram um túnel que revelou uma cavidade subterrânea repleta de pilares translúcidos. Após análises, eles confirmaram que são cristais de gipsita, que, inclusive, são considerados os maiores já registrados desse tipo.

O que é a Caverna de Cristais de Naica?

Apesar de abrigar cristais gigantes, a Caverna de Cristais de Naica é relativamente pequena. Ela possui cerca de 109 metros de comprimento e um volume máximo estimado em até seis mil metros cúbicos. A caverna tem formato de “U”, semelhante a uma ferradura.

A caverna apresenta um ambiente extremo, com temperaturas que podem atingir até 58 °C e altos níveis de umidade. Por conta dessas condições, é impossível permanecer no local por mais do que alguns minutos. Normalmente, apenas pesquisadores e especialistas têm acesso à caverna, utilizando roupas especiais de proteção.

Especialistas que estudaram a região explicam que a Caverna de Cristais está localizada logo acima de um reservatório de magma, situado entre três e cinco quilômetros abaixo da superfície da mina de Naica. Por isso, as temperaturas são tão altas dentro da cavidade.

É a Capela Sistina dos cristais. Não há outro lugar no planeta onde o mundo mineral se revele com tanta beleza”, disse o geólogo do Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha e cristalógrafo da Universidade de Granada, Juan Manuel García-Ruiz, em mensagem enviada ao National Geographic.


A ilustração apresenta um mapa mostrando a localização da caverna dos cristais de naica
A Caverna dos Cristais de Naica, ou Cueva de los Cristales em espanhol, está localizada aproximadamente 290 metros abaixo de uma montanha • Wikimedia Commons/Albert Vila

Antes de ser descoberta, a caverna permanecia inundada por água quente, em um ambiente de alta pressão. Ela só pôde ser acessada porque a água passou a ser bombeada constantemente para fora. Ou seja, se as bombas forem desligadas, a caverna volta a ser alagada.

Em 2015, as bombas foram desligadas e a água começou a retornar à mina. Porém, a área específica da Caverna dos Cristais ainda não foi completamente alagada.

Isso significa que a caverna permanece seca, mas o acesso continua restrito a pessoas autorizadas, e por períodos limitados de até uma hora.

Como se formaram os cristais da caverna de Naica

De acordo com García-Ruiz e outros cientistas que exploraram a região subterrânea, os cristais se formaram porque o ambiente da caverna oferecia as condições ideais para seu crescimento. Graças às altas temperaturas e à umidade elevada, os cristais puderam “florescer” na cavidade ao longo de milhões de anos — até serem descobertos.

Com a emissão de magma pela região de Naica, há cerca de 26 milhões de anos, a água subterrânea aqueceu e se tornou rica em minerais, como o sulfato de cálcio. Esse composto é conhecido por contribuir para a formação de diversos minerais, incluindo a gipsita encontrada no local.

Neste caso, a gipsita se apresenta em uma forma transparente e incolor, conhecida como selenita.

Antes da formação dos cristais, as altas temperaturas deram origem a rochas de anidrita, que começaram a se dissolver quando a temperatura caiu abaixo de 58 °C. Essa mudança, aliada à presença de anidrita dissolvida, criou as condições ideais para o crescimento dos cristais ao longo de milhões de anos.

Em uma pesquisa sobre a velocidade de crescimento, os cientistas descobriram que seria necessário aproximadamente um milhão de anos para que um cristal crescesse um metro de espessura.

A comunidade científica afirma que entender a história da Caverna dos Cristais é fundamental, pois ela pode contribuir com diversas áreas do conhecimento. Por exemplo, pode ajudar a explicar como gipsita se formou em Marte, além de oferecer informações para combater o acúmulo de minerais em usinas de dessalinização, entre outras aplicações.

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Fonte: CNN Brasil

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