A relação de Hollywood com a nostalgia tem sido lucrativa para o mercado cinematográfico nos últimos anos. Contudo, esse sentimento, por si só, não é capaz de sustentar narrativas que realmente valham a pena ser revisitadas. Desde sua estreia em 1993, Jurassic Park se consagrou quase imediatamente como um clássico do cinema. A franquia conta com uma trilogia principal e mais três derivados, estes últimos bem-sucedidos nas bilheterias, mas menos elogiados pela crítica. Agora com Jurassic World: Recomeço esse cenário está prestes a se repetir.
No novo longa, Zora Bennet (Scarlett Johansson) é uma mercenária contratada pelo bilionário Martin Krebs para liderar uma expedição a uma ilha próxima à Guiana Francesa, onde os últimos dinossauros do planeta permanecem isolados. Trinta anos após a ressurreição dos animais pré‑históricos, descobrimos que eles não se adaptaram às mudanças climáticas e já não sobrevivem fora de uma estreita faixa tropical.
A missão principal dessa expedição é coletar o DNA de três espécies para transformá‑lo em medicamentos. Para isso, Zora conta com o Dr. Henry Loomis (Jonathan Bailey) e Duncan Kincaid (Mahershala Ali), especialista em segurança em zonas de alto risco.

A trama não empolga em um filme de aventura genérico
O que à primeira vista poderia render quase duas horas de homenagens e referências a uma franquia consagrada logo se revela um filme previsível e de trama genérica. O roteiro de David Koepp, responsável pela trilogia original, não empolga, recheado de piadas sem graça, de um desenvolvimento arrastado e de muitas conveniências.
Se por um lado há a história do grupo de aventureiros se desenvolvendo com propósitos claros e, até mesmo, instigantes, em contrapartida o expectador acompanha a luta pela sobrevivência de um pai, suas duas filhas e o namorado irritante de uma delas.

Reuben, o pai da família interpretado por Manuel Garcia‑Rulfo, também demonstra o mesmo espírito aventureiro presente em quase todos os personagens. Mas como ele conseguiu navegar por águas estrangeiras sem que a guarda costeira ou a marinha interviessem, sabendo, conforme revelado logo no início, que invadir a faixa tropical dos dinossauros era estritamente proibido? Com o naufrágio da família, e o socorro feito por Zora e os outros tripulantes, os perigos estão longe de acabar.
O longa, de fato, não é de todo mal. As poucas cenas boas de Jurassic World sob a direção de Gareth Edwards, experiente em dirigir filmes com grandes criaturas como Godzilla (2014) e Monster (2010), ficam por conta do trio de protagonistas carismáticos e as belas imagens dos gigantes dinossauros, às vezes pacíficos em campinas verdes, outras vezes assustadores sob a neblina em uma noite de fuga.

Jurassic World: Recomeço não é o melhor filme derivado da clássica franquia, mas visto os últimos lançamentos, facilmente, se torna o mais aceitável. Previsível e sem um propósito claramente definido, ainda assim entrega uma narrativa com início, meio e fim. E pude agradecer quando chegou nesse fim.
Fonte: TecMundo