A quinta-feira (3) será marcada por uma agenda econômica carregada nos Estados Unidos, com atenção concentrada nos dados do mercado de trabalho. Às 9h30, serão divulgadas a criação de vagas formais em junho, a taxa de desemprego do mesmo mês, o saldo da balança comercial de maio, os pedidos semanais de auxílio-desemprego e o volume de exportações de grãos.
Às 10h45, sairá o índice de atividade dos serviços (PMI, na sigla em inglês), seguido às 11h pelas encomendas à indústria e pelo indicador do Instituto de Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês), que mede o desempenho do setor de serviços. Ao meio-dia, está previsto o discurso de Raphael Bostic, dirigente do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), órgão do banco central norte-americano. Por conta do feriado da Independência, os mercados nos Estados Unidos terão horário de funcionamento reduzido e encerram às 13h.
No Brasil, a principal divulgação do dia será o índice de atividade dos serviços (PMI, na sigla em inglês), que será divulgado às 10h. O dado mede a percepção das empresas sobre condições como produção, novos negócios e emprego no setor, e costuma ser acompanhado por investidores para sinalizar tendências de curto prazo. A movimentação local também deve ser influenciada pelos dados divulgados no exterior e pela expectativa sobre a trajetória de juros nos Estados Unidos.
O que vai mexer com o mercado nesta quinta
Agenda
Lula inicia o dia às 8h00 com um café da manhã oferecido ao Presidente da República do Paraguai, Santiago Peña. Às 10h00, participa da Sessão Plenária da Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Mercosul e dos Estados Associados. Às 12h50, estará presente na cerimônia de transmissão da Presidência Pro Tempore do Mercosul, que passará da República Argentina para a República Federativa do Brasil. Por fim, às 15h00, Lula parte de Buenos Aires rumo ao Rio de Janeiro.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, participa às 15h00 de uma reunião bilateral com o Ministro das Finanças da China, Lan Foan. Mais tarde, às 17h00, Haddad tem uma segunda reunião bilateral, desta vez com o Ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov.
Gabriel Galípolo, presidente, tem pela manhã uma audiência com representantes da Associação Brasileira de Bancos (ABBC) das 10h00, no Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília. A reunião será fechada à imprensa.
Brasil
10h – PMI de serviços
EUA
9h30 – Criação de vagas (junho)
9h30 – Taxa de desemprego (junho)
9h30 – Balança comercial (maio)
9:30 – Auxílio-desemprego (semanal)
9h30 – Exportação de grãos (semanal)
10h45 – PMI de serviços (junho)
11h – Encomendas à indústria (maio)
11h – ISM de serviços (junho)
12h – Discurso de Bostic, membro do FOMC
INTERNACIONAL
Acordo
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um acordo comercial com o Vietnã a menos de dez dias do fim da suspensão temporária das tarifas. Pelo tratado, os Estados Unidos aplicarão uma tarifa de 20% sobre produtos vietnamitas e 40% sobre transshipping, enquanto o Vietnã abrirá totalmente seu mercado para os norte-americanos. Trata-se apenas do terceiro acordo fechado por Trump, após negociações com Reino Unido e China. Outros países, como Brasil, Coreia do Sul e União Europeia, seguem em tratativas. A expectativa é de que os EUA prorroguem o prazo para fechar novos acordos. O Brasil, embora pouco afetado, enfrenta tarifas de 50% sobre aço e alumínio.
Suspensão
Trump suspendeu o envio de armas essenciais à Ucrânia, como mísseis Patriot, munições de precisão e projéteis para caças F-16, alegando estoques baixos nos Estados Unidos. A decisão, confirmada pela Casa Branca, surpreendeu Kiev e foi comemorada por Moscou, que vê a medida como um passo rumo ao fim da guerra. O corte ocorre em meio à intensificação dos ataques russos, com drones e mísseis atingindo alvos estratégicos. Zelenski pediu mais baterias antiaéreas, mas foi ignorado. A ajuda militar americana despencou neste ano, enquanto a Europa assumiu maior parte do apoio. O gesto reforça a política de Trump de pressionar por um fim ao conflito com viés pró-Rússia.
ECONOMIA
Uma queda atrás da outra
O mercado financeiro está de olho nas sucessivas quedas do dólar. Ontem, a moeda americana caiu 0,75%, encerrando a sessão a R$ 5,418, no menor patamar desde agosto de 2024. A queda foi puxada por negociações comerciais dos Estados Unidos às vésperas do fim da trégua tarifária e por dados fracos do mercado de trabalho americano, que aumentam apostas em corte de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA). Internamente, o mercado acompanhou o embate entre o governo Lula (PT) e o Congresso pelo decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que motivou ação no STF (Supremo Tribunal Federal). A Bolsa recuou 0,35%, impactada por bancos, apesar da forte alta da Vale.
Daqui para frente
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou na quarta-feira (2) que o rumo do câmbio está mais ligado ao comportamento global do dólar do que à performance do real. Durante conferência do Citi, em São Paulo, ele destacou o alto grau de incerteza atual e afirmou que o BC não interveio no câmbio neste ano e só o fará se houver disfunções. Segundo David, as intervenções não visam controlar o preço da moeda, mas corrigir distorções no mercado.
Mercosul e EFTA
O bloco econômico Mercosul concluiu as negociações de um acordo comercial com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), integrada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. O anúncio da conclusão das negociações, que começaram em 2017, foi feito nesta quarta-feira (2), durante a 66ª Cúpula do Mercosul, em Buenos Aires.
Plano de ressarcimento
A Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou ao STF um plano de ressarcimento para 1,5 milhão de vítimas de descontos indevidos no INSS, com início dos pagamentos previsto para 24 de julho. Quem aceitar o acordo receberá os valores corrigidos pelo IPCA, mas abrirá mão de ações individuais e pedidos de indenização por danos morais. As entidades terão 15 dias úteis para contestar cada caso antes do INSS assumir a devolução. A proposta busca evitar o colapso judicial e proteger as contas públicas, diante do aumento das ações na Justiça. O valor total estimado a ser pago é de R$ 2,1 bilhões.
Desenquadrados
Mais de 570 mil MEIs foram desenquadrados em 2024 por excederem o limite de R$ 81 mil de receita anual, segundo dados da Receita Federal. O número representa um salto de quase 30 vezes em relação a 2023, alavancado por crescimento dos negócios e avanço na fiscalização automatizada. Quem fatura até 20% acima do teto pode regularizar no ano seguinte, mas excedentes extremos exigem desenquadramento imediato. Outros 1 milhão de CNPJs foram excluídos por dívidas com o Fisco. Projetos de lei em discussão propõem elevar o limite para até R$ 130 mil e vinculá-lo à inflação.
POLÍTICA
Taxação BBB
Durante ato do 2 de Julho em Salvador, o presidente Lula (PT) exibiu um cartaz com os dizeres “Taxação BBB: Bilionários, Bancos e Bets”, em apoio à campanha petista por mais justiça tributária. A iniciativa busca fortalecer a reforma tributária sobre renda e patrimônio, pressionando o Congresso a tributar os mais ricos. A medida visa compensar a promessa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. A campanha, coordenada pela Secom e apoiada por aliados como Guilherme Boulos (PSOL-SP), tenta mobilizar a opinião pública em meio a resistências no Legislativo.
Sem crise?
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou nesta quarta-feira (2), em Buenos Aires, que exista crise entre o governo e o Congresso no caso do IOF. Após reunião do Mercosul, ele afirmou que a ação da AGU no STF busca apenas confirmar a constitucionalidade do decreto presidencial que elevou o imposto. Segundo Haddad, o Executivo foi surpreendido com a derrubada da medida, mas não abandonou as negociações. Ele rejeitou a ideia de traição por parte do Legislativo e disse que não recebeu sinal de retaliação por parte de líderes da Câmara.
Divergências naturais
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que divergências entre os Poderes são naturais na democracia e não comprometem a harmonia institucional. Em entrevista ao EsferaCast, ele disse que a independência entre Executivo, Legislativo e Judiciário é saudável e prevista na Constituição. Motta destacou que busca atuar com equilíbrio e cautela à frente da Câmara, promovendo uma agenda de convergência. Ele evitou comentar diretamente a crise do IOF, mas reforçou que discordâncias não significam ruptura. Segundo ele, o diálogo tem sido mantido com todos os Poderes.
Alcolumbre encontra Durigan
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), recebeu na quarta-feira (2) o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, para a primeira conversa após a derrota do governo no Congresso sobre o decreto do IOF. Alcolumbre afirmou que respeita Durigan e está aberto ao diálogo, classificando a reunião como produtiva. O encontro ocorreu na residência oficial do Senado e buscou distensionar a relação com o Executivo, enquanto o ministro Fernando Haddad participa do Mercosul em Buenos Aires. O diálogo ocorre um dia depois da decisão do governo de recorrer ao STF contra a derrubada do decreto.
Arrecadação
Durigan afirmou que o plano do governo para cortar benefícios tributários pode gerar uma arrecadação extra de R$ 20 bilhões em 2026, segundo estimativa conservadora. Ele ressaltou que não é possível aprovar uma proposta genérica que reduza todos os incentivos fiscais de forma automática. Durigan destacou a dificuldade técnica de elaborar um projeto que trate cada benefício individualmente. A equipe econômica avalia aprimorar textos já em tramitação no Congresso para garantir efetividade. Na terça-feira, o ministro Fernando Haddad estimou arrecadação de R$ 15 bilhões com a medida.
Aprovado
O Senado aprovou na quarta-feira (2) a medida que regulamenta o empréstimo consignado para trabalhadores com carteira assinada e, agora, também para motoristas e entregadores de aplicativos. O projeto permite que esses profissionais autorizem o desconto diretamente nos repasses das plataformas. A proposta já estava em vigor por meio de medida provisória e segue agora com força de lei. Também foi incluída a possibilidade de cooperativas de crédito oferecerem o serviço. Desde março, já foram contratados R$ 17,2 bilhões por 2,7 milhões de trabalhadores.
(Com Agência Brasil, Estadão e Reuters)
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Fonte: InfoMoney