A manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, teve 12,4 mil pessoas no horário de pico, por volta das 15h40 da tarde. A estimativa é do grupo de pesquisa “Monitor do debate político” do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), coordenado por Pablo Ortellado e Márcio Moretto, da Universidade de São Paulo (USP), e pela ONG More in Common. A margem de erro do levantamento é de 1,5 mil pessoas para mais ou para menos.
A marca equivale a cerca de 27,6% do ato realizado no mesmo local, no dia 6 de abril, quando Bolsonaro recém havia sido tornado réu no Supremo Tribunal Federal (STF) e tentava pressionar pela aprovação do PL da Anistia no Congresso aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Na época, foram estimadas 44,9 mil pessoas. O melhor resultado medido pelo grupo de pesquisa da USP continua sendo 24 de fevereiro do ano passado, quando Bolsonaro reuniu 185 mil apoiadores para rebater as investigações da Polícia Federal sobre a mesma trama golpista.
O protesto deste domingo adotou como mote o tema “Justiça Já” e partiu não apenas de figuras políticas do entorno do ex-presidente e do pastor Silas Malafaia, mas também de uma série de outras lideranças evangélicas, que gravaram vídeo sob medida para cobrar mais do que “orações” dos fiéis. A ação por golpe de Estado no STF avança com velocidade — Bolsonaro passou por interrogatório de Moraes há duas semanas, assim como outros integrantes do chamado “núcleo crucial”.
Para mensurar o público, os pesquisadores analisam, com auxílio de ferramentas de inteligência artificial, uma série de fotografias tiradas do alto por drone, cobrindo toda a extensão da manifestação. A partir disso, aplicam um software desenvolvido por acadêmicos chineses em parceria com uma empresa privada e que tem precisão de 72,9% de precisão e 69,5% de acurácia na identificação dos indivíduos — por esse motivo eles estabelecem margem de erro na contagem equivalente a 12% do resultado. O banco de dados é divulgado publicamente no site do grupo para verificação de terceiros.
O método já foi aplicado em diversas outras manifestações bolsonaristas. Em 16 de março, Bolsonaro reuniu 18,3 mil pessoas na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, também em defesa de uma anistia a golpistas. O movimento teve mais apelo em 7 de setembro do ano passado, na Avenida Paulista, durante a campanha das eleições municipais. De acordo com a contagem, 45,4 mil pessoas assistiram aos discursos e viram o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o influenciador Pablo Marçal (PRTB) travarem uma disputa à parte pela atenção do público.
Bolsonaro fez uso sistemático das comemorações do feriado da Independência para mobilizar os seus seguidores. Em 2021, também na Paulista e enquanto ainda era presidente, chamou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de “canalha” e ameaçou não cumprir mais determinações judiciais. No ano seguinte, quando perdeu para Lula (PT) nas urnas, transformou a data em um ato de campanha em Copacabana, no Rio. Ele acabou impedido de fazer uso das imagens no horário eleitoral pela Justiça e foi declarado inelegível, pela segunda vez, por abuso de poder político e econômico, em 2023, em virtude do episódio.
Apesar de inelegível e sob risco de condenação e prisão, Bolsonaro se apresenta como candidato a presidente em 2026, deixando políticos de direita como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na fila de espera.
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Fonte: InfoMoney
