Todos nós já ouvimos falar que dos malefícios da inteligência artificial para o meio ambiente. Afinal, os data centers que hospedam esses chatbots consomem meio litro de água limpa para cada 10 a 50 solicitações.
Soma-se a isso o gasto de energia tanto no treinamento, quanto no uso efetivo desses modelos de linguagem para a geração de texto, imagens e, mais recentemente, vídeos.
Segundo a Greenly, uma plataforma voltada a empresas que desejam medir e reduzir as emissões de CO₂, uma única empresa pode emitir, em um único mês, cerca de 638 toneladas de CO₂ com a única tarefa de responder e-mails.
Diante desses números, fica mais fácil entender por que as metas de neutralidade de carbono anunciadas por gigantes como Apple, Google, Microsoft, Meta e Amazon podem estar desatualizadas diante do rápido avanço da IA.

Segundo o estudo do NewClimate Institute e pela Carbon Market Watch, as promessas que preveem alcançar a neutralidade entre 2030 e 2040 carecem de credibilidade diante do consumo crescente de energia impulsionado por sistemas como o ChatGPT.
O que é neutralidade de carbono?
A neutralidade de carbono significa que as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO₂), são compensadas por ações que reduzem ou removem a mesma quantidade desses gases da atmosfera.
Essa iniciativa, também é conhecida como carbono neutro ou net zero, faz parte do vocabulário de muitas empresas, principalmente as grandes. O objetivo é minimizar o impacto ambiental das atividades humanas, alcançando um equilíbrio entre emissões e absorção de carbono no meio ambiente.

Existem diferentes formas de fazer isso, de acordo com a indústria em que a empresa está inserida. Mas a principal estratégia é reduzir as emissões (como, por exemplo, otimizar o uso de energia na cadeia de produção) e compensar as emissões (como, por exemplo, em reflorestamento ou até na compra de créditos de carbono).
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Metas de carbono das big techs: o que está em jogo?
- Especialistas apontam que os compromissos climáticos dessas empresas usam metodologias ultrapassadas e não refletem o aumento recente no consumo energético causado por tecnologias de IA.
- A principal fonte de emissão de gases do efeito estufa no setor vem da eletricidade usada em data centers – cuja demanda disparou com o crescimento da IA.
- Das cinco empresas avaliadas, apenas a Apple tem como meta usar 100% de energia renovável em toda sua cadeia de produção até 2030. As demais ainda não possuem metas claras.
O impacto ambiental das big techs
De acordo com o levantamento, empresas como Microsoft, Meta e Amazon receberam classificação “medíocre” em relação à integridade de suas estratégias climáticas. Já a Apple e o Google ficaram com avaliação “moderada”.
O motivo dessa classificação baixa é a diferença entre os objetivos declarados e o aumento real de emissões. O caso do Google, por exemplo, mostra que suas emissões de CO₂ quase dobraram entre 2019 e 2023, mesmo com investimentos em energia renovável.

Segundo o estudo, a Google, a Apple e a Meta se comprometeram a alcançar a neutralidade de carbono em 2030. Enquanto isso, a Amazon espera alcançar esse marco em 2040, e a Microsoft quer ter um saldo de carbono negativo em cinco anos.
Investimento em energia limpa não é o suficiente
A expansão da IA é um fator-chave nessa equação. Chatbots e modelos de linguagem consomem uma quantidade significativa de energia, alimentada por grandes centros de dados. Apesar de investimentos em energia limpa, o relatório aponta que esses esforços não são suficientes para compensar a crescente demanda elétrica.
Outro ponto crítico é que muitas empresas não contabilizam a pegada de carbono gerada por fornecedores terceirizados de infraestrutura – responsáveis por cerca de metade da capacidade de processamento em nuvem – nem pela cadeia produtiva de seus dispositivos, que representa mais de um terço das emissões totais do setor.
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Fonte: Olhar Digital