Após as recentes derrotas do governo no Congresso, integrantes da ala do MDB mais fiel a Luiz Inácio Lula da Silva, formada por caciques de estados do Norte e Nordeste, reconhecem que não há mais argumentos para forçar internamente uma aliança com o petista em 2026. Parte da sigla esperava ocupar o lugar de Geraldo Alckmin e emplacar a vaga de vice na chapa à reeleição.
O clima de instabilidade entre Planalto e Congresso chegou ao ápice na quarta-feira, quando os parlamentares derrubaram o decreto do governo que aumentava o Imposto sobre Transações Financeiras (IOF).

Com Motta e Alcolumbre, STF realiza audiência pública para discutir emendas
Discussão será conduzida pelo ministro Flávio Dino, que tem proferido decisões que irritaram Congresso

Um dia depois de derrota no Congresso, Lula se reúne com presidente do União Brasil
Conversa já estava marcada antes de derrubada de decreto do IOF pelo Congresso, mas tema entrou na pauta do encontro
Esses políticos alinhados ao presidente admitem que existe uma fragilidade na relação do governo com partidos de centro e que, no cenário atual, a tendência é o MDB liberar os diretórios regionais para definirem que candidato vão querer apoiar.
A articulação “precária”, segundo eles, se soma ao fato de o partido ser heterogêneo, com parlamentares de esquerda e direita, o que já dificultaria o alinhamento a Lula. Os lulistas destacam que o “conjunto da obra” não está bom.
“Há uma preocupação dos lulistas verdadeiros com essa relação que está constituída com o Congresso. O ministro da Fazenda (Fernando Haddad) não tem uma relação próxima com o Congresso, nem o ministro da Casa Civil. É um governo que a base politica de negociação não tem extra PT (vai além do PT). Tem aí um pouco de recado: nós existimos. Há um problema de interlocução com a Casa. Politica é relacionamento, Congresso é relacionamento”, disse o deputado Eunício Oliveira (MDB-CE).
Aliados de Lula no MDB ainda avaliam que, hoje, as chances de o partido declarar apoio a um candidato de direita com alta chances de vitória, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), são maiores do que a legenda escolher por Lula. Isso porque a ala ligada ao ex-presidente Michel Temer, ao presidente da legenda, Baleia Rossi, e ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, podem ter mais força para o convencimento geral do partido.
Apesar da desesperança em relação à viabilidade eleitoral de Lula para 2026, os emedistas estão mais comedidos quando se trata de avaliar a saída de representantes da legenda dos ministérios.
Diferentemente de União e PP, que engatilham o desembarque da Esplanada, o MDB prefere esperar até abril do ano que vem, prazo em que é necessário o afastamento de cargos públicos para concorrer às eleições.
Para os emedebistas, o governo está desconectado da realidade ao achar que apenas dando ministérios poderá garantir base. Alguns deles sugerem, por exemplo, incluir os ministros de partidos de centro nas negociações.
“Existe fragilidade. É necessário envolver os ministros nas articulações políticas. Seria mais efetivo do que apenas deixar o Planalto articular. Ainda há chance de o MDB apoiar Lula, mas vai depender da articulação do presidente nos próximos meses. É necessário ele começar uma articulação já olhando para reeleição, o que ainda não aconteceu”, afirmou o deputado Hildo Rocha (MDB-MA).
The post Ala do MDB próxima de Lula admite dificuldade em defender governo e prevê separação appeared first on InfoMoney.
Fonte: InfoMoney