O sócio-fundador da Polo capital, Cláudio Andrade, tem dúvidas sobre o destino das gigantes da tecnologia, as chamadas “7 Magníficas” (Google, Meta, Amazon, Apple, Microsoft, Nvidia e Tesla). Para ele, ainda é incerto se essas empresas manterão sua dominância em um ambiente transformado pela inteligência artificial.
“Na história da tecnologia, os líderes de uma era quase nunca são os líderes da seguinte. A IBM reinava na era dos mainframes, mas perdeu espaço para Compaq, Dell e Microsoft nos microcomputadores. Depois, na internet, vimos o Google, Amazon e Meta surgirem — mas não foi a IBM nem a Dell que lideraram esse movimento”, contextualizou ele durante o programa Stock Pickers, apresentado por Lucas Colazzo.
A resistência das gigantes atuais a mudanças profundas pode ser um entrave. “É o efeito Kodak. O medo de canibalizar seu produto principal impede uma virada ousada. Quem fez isso foi o Netflix, que acabou com o DVD pelo correio e foi com tudo para o streaming”, comparou.
Andrade também levanta dúvidas sobre a presença dos chamados “efeitos de rede” no novo ciclo. “As empresas da era da internet se beneficiaram desses efeitos, em que quanto mais usuários, maior o valor. Mas talvez isso não ocorra com inteligência artificial e robótica, que são setores mais industriais e menos escaláveis digitalmente”, disse.
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IA, robôs e o desafio
O sócio da Polo Capital vê na emergência da inteligência artificial e da robótica um campo fértil, porém ainda pouco decifrado. “Essa junção de IA com drones, humanoides e veículos autônomos pode ser tão transformadora quanto o smartphone. Mas tudo que é exponencial o ser humano tem dificuldade de prever”, refletiu.
Diferente da internet, a IA pode não gerar monopólios tão evidentes. “Logo após o lançamento do ChatGPT, apareceram vários outros modelos. E todos bebem das mesmas fontes. Pode ser que não haja um ‘efeito flywheel’ que traga lucros superdimensionados para uma só empresa”, avaliou.
A parte industrial também impõe barreiras. “Hardware não tem efeito de rede. É caro, capital intensivo e difícil de escalar. Tesla, por exemplo, não tem efeito de rede. Robôs são bens físicos. Então é possível que o valor esteja mais na camada de software do que na manufatura em si”, analisou.
Andrade especula que o setor pode seguir caminho parecido ao dos microcomputadores: um player fabrica o hardware e outro lidera com software. “É possível que surja um novo padrão, mas ainda está muito cedo para dizer”, disse.
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Fonte: InfoMoney