A derrota do governo na noite da última quarta-feira (25) com a derrubada no Congresso do decreto que elevou o IOF mostra um governo em sérias dificuldades e remonta a momentos semelhantes aos vividos em períodos pré-impeachment, ainda que Lula não deva sofrer o processo, aponta a LCA Consultores.
A equipe de consultoria política da casa avalia que Hugo Motta (presidente da Câmara dos Deputados), Davi Alcolumbre (presidente do Senado) e os partidos de centro-direita e direita que controlam a Câmara e o Senado massacraram ontem o governo na votação do PDL que susta os decretos do IOF.
Para os analistas, o placar da votação (383 votos na Câmara – no Senado, a aprovação ocorreu por voto simbólico das lideranças), a maneira como o assunto foi pautado, de supetão, inesperadamente, sem dar chance de reação para o governo, o jogo oposicionista combinado entre os presidentes da Câmara e do Senado rementem a momentos de ruptura da relação política entre o governo e o Congresso. “Momentos semelhantes aos vividos nos períodos pré-impeachment de Fernando Collor e de Dilma Rousseff”, reforçam.
Eles ponderam que Lula não sofrerá impeachment, uma vez que não há elementos suficientes para tanto e tampouco há crise econômica, nem movimentação popular expressiva a favor de impeachment.
“Tampouco há algum crime de responsabilidade para servir de amparo ao impeachment. Além disso, estamos a pouco mais de um ano da eleição presidencial. A ruptura, neste caso, é político eleitoral”, avaliam os analistas.
A LCA Consultores destaca declaração do líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE) em entrevista ao jornal O Globo, de que “não se fala de outra coisa aqui dentro [na Câmara] a não ser reeleição, eleição de 2026. Ligaram o botão automático da eleição”.
Razões para a derrota e alternativas
A LCA Consultores ainda aponta que há várias razões para explicar a derrota do governo ontem: atraso na liberação de verbas para emendas parlamentares, desconfiança em relação à atuação do ministro Flávio Dino na questão das emendas parlamentares, irritação com declarações do ministro da Fazenda Fernando Haddad sobre os privilégios de quem mora na “cobertura” e consegue defender seus interesses de maneira privilegiada no Congresso.
Porém, a questão eleitoral e a preferência da maioria do Congresso em uma alternativa de oposição a Lula em 2026 é o que de verdade sustenta a rebelião antigovernista que eclodiu ontem no Congresso.
“Se a popularidade do governo não estivesse baixa e as pesquisas não estivessem indicando dificuldade para a reeleição de Lula, o clima no Congresso para o governo seria certamente bem menos hostil”, avalia.
Neste sentido, a questão de curto prazo é saber qual será a reação do governo à queda dos decretos do IOF. No momento, provavelmente, haverá nova rodada de contingenciamento, inclusive de emendas parlamentares.
Além disso, há a opção de judicializar a questão apelando ao STF, como citada pelo próprio ministro da Fazenda em entrevista à Folha de S. Paulo nesta quinta.
A LCA avalia que, embora não seja certa, o governo teria bom chance de obter uma decisão favorável no STF. Por outro lado, exacerbaria o conflito com o Congresso.
Já investir ainda mais no discurso de que o Congresso está defendendo os interesses das classes privilegiadas também jogaria lenha na crise.
Neste sentido, a LCA Consultores vê que o governo está emparedado pelo Congresso, pela baixa popularidade, pela proximidade da eleição, pelo arcabouço fiscal e pela reação negativa do mercado a qualquer afrouxamento adicional da política fiscal.
“Tentar retomar o diálogo com Motta e Alcolumbre é a saída mais sensata neste momento. Enquanto isso não ocorre, Lula estará hoje na Favela do Moinho, para com se diz no Planalto, tomar um banho de povo”, conclui a casa.
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Fonte: InfoMoney