O aumento dos preços de veículos zero quilômetros fez as vendas de veículos seminovos e usados no Brasil disparar. No último ano, a comercialização bateu recorde com mais de 15,8 milhões de veículos vendidos. Só em maio foram comercializados 1,12 milhão de carros usados no país, volume que supera com folga os 214 mil emplacamentos de veículos novos no mesmo período.
Todo esse movimento vem trazendo a reboque a procura por seguros de automóveis. Em maio de 2025, a demanda por apólices cresceu 16,12% em relação ao mesmo mês de 2024, como mostra a mais nova edição do Índice Neurotech de Demanda por Seguros (INDS), que mede mensalmente o volume de consultas nas plataformas das principais seguradoras brasileiras. Apesar da retração de 3,12% frente a abril, o avanço anual reforça a tendência de aquecimento do setor.
“Quando trocamos de carro ou adquirimos um novo bem, a tendência natural é protegê-lo. O aumento da demanda por seguros reflete esse comportamento”, afirma Daniel Gusson, diretor comercial de Seguros da Neurotech. “Mesmo com juros ainda elevados, vemos um aquecimento nas vendas de veículos, o que impacta diretamente o nosso índice”, afirma.
Usados puxam demanda por apólices
No acumulado de 2025, os emplacamentos de veículos novos somam mais de 929 mil unidades, alta de 6,24% frente ao mesmo período de 2024. Mas é o mercado de usados que vem puxando o ritmo. Só no ano passado, o Brasil bateu o recorde de vendas de usados, com a comercialização de quase 15,8 milhões de veículos, e 9% acima do registrado em 2023.
Só para se ter uma ideia, para cada automóvel zero são vendidos cinco usados. Os carros com 13 anos ou mais lideraram as vendas, com 36% de participação. Como o custo do bem é alto, muitos buscam protegê-lo, contratando um seguro para estes automóveis mais antigos, que muitas vezes são considerado alvos para os ladrões.
Segundo Gusson, esse dinamismo pressiona positivamente o mercado segurador, uma vez que o seguro é a próxima etapa após a compra. Mas ele frisa que o INDS, que abrange o universo das principais seguradoras do país, mostra o interesse do consumidor brasileiro por contratar seguros automotivos, não a efetivação.
Em maio, a tendência de crescimento já observada em abril, quando a procura por seguros subiu 20% na comparação com abril de 2024, continuou. Neste ano, o único ponto fora da curva foi março, considerado atípico pelo setor, de acordo com o levantamento da Neurotech, empresa especializada em inteligência artificial e big data aplicada a seguros, crédito e outros segmentos.
Crescimento regional
A alta na demanda por seguros, entretanto, não ocorreu de forma homogênea. Na comparação anual, o Sul liderou com avanço de 16,91%, seguido de perto pelo Sudeste (16,8%) e Nordeste (14,3%). Já a região Norte teve aumento de 12,64% e o Centro-Oeste 12,38%, completando o ranking.
Na variação mensal, no entanto, todas as regiões registraram retração em maio frente a abril, com destaque para a queda no Nordeste de 6,44%, Centro-Oeste com retração de 6,14%, e o Sul com -4,54%).
Mas o que determina o preço do seguro?
O INDS mede o volume de consultas feitas por consumidores às seguradoras, mas nem todas resultam em apólices efetivamente contratadas. Isso porque o preço do seguro tem um peso importante para a contratação ou não. A cotação final, entretanto, depende de diversos fatores como perfil de risco do condutor (incluindo avaliação do histórico do motorista), condições de utilização do automóvel (se comercial ou particular), características do veículo, a região de circulação e coberturas escolhidas.
Ainda assim, o indicador serve como um importante termômetro do “apetite” do consumidor por proteção veicular, especialmente relevante em momentos de renovação de frota e maior circulação de veículos usados.
Mas ao comprar um seminovo ou usado, o consumidor deve estar atento ao valor do seguro, segundo Fábio Braga, Country Manager da MegaDealer, consultoria para a indústria automobilística do grupo Auto Avaliar. “Quanto mais antigo o veículo, mais difícil é a reposição de peças, o que também eleva o preço do seguro. Além disso, os usados apresentam um risco maior de falhas mecânicas, o que aumenta a chance de sinistros ou pedidos de assistência. Isso sem falar que algumas seguradoras não aceitam carros com mais de 10 ou 15 anos para coberturas completas (colisão, roubo etc.)”, disse.
Saiba o que influencia no custo do seguro:
1) Perfil do condutor:
– Idade: Jovens motoristas geralmente enfrentam seguros mais caros devido ao maior risco de acidentes.
– Histórico: Acidentes, multas e histórico de sinistros elevam o custo do seguro.
– Sexo: Algumas seguradoras consideram o sexo como fator de risco, com base em estatísticas.
2) Uso do veículo:
– O uso profissional ou para deslocamento diário pode influenciar o preço.
3) Características do veículo:
– Modelo: Carros de luxo ou com peças caras tendem a ter seguros mais caros.
– Ano de fabricação: Carros mais novos, com peças mais caras, podem ter seguros mais caros.
– Índice de roubo: Veículos com maior índice de roubo podem ter seguros mais caros.
4) Coberturas contratadas:
– Tipos de cobertura: Há diversos tipos de coberturas, para roubos, furtos, acidentes, incêndios etc. Quanto maior a cobertura, maior o custo do seguro.
– Franquia: O valor da franquia também pesa na cotação. Isso porque uma franquia mais alta pode reduzir o valor do seguro, entretanto aumenta o custo em caso de sinistro.
– Localização: Região de circulação: Áreas com maior incidência de roubos e acidentes podem ter seguros mais caros.
5) Outros fatores:
– Dispositivos de segurança: Carros com alarmes e rastreadores podem ter seguros mais baratos. Algumas seguradoras até oferecem serviços para seus clientes.
6) Dica:
– Pesquise preços: Como cada seguradora tem uma política e pesos para cada um dos itens, a recomendação geral é comparar diferentes seguradoras para encontrar a melhor opção.
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Fonte: InfoMoney