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Após ser resgatado e passar por autópsia, corpo de Juliana Marins aguarda repatriação

Após ser resgatado e passar por autópsia, corpo de Juliana Marins aguarda repatriação

O corpo da publicitária Juliana Marins foi içado na manhã desta quarta-feira, conforme confirmou Muhammad Syafi’i, chefe da Agência Nacional de Busca e Resgate (Basarnas) da Indonésia. A carioca foi encontrada morta na terça-feira no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, após cair em uma ribanceira e permanecer presa a cerca de 600 metros da trilha. Na encosta, considerada de difícil acesso, a jovem ficou quase quatro dias sem água, comida ou abrigo. A expectativa agora é que, após a autópsia realizada no Hospital Bhayangkara, o corpo da brasileira seja trazido de volta ao país. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, por meio da embaixada em Jacarta, capital da Indonésia, informa que presta assistência consular aos familiares.

O Itamaraty acrescenta que, em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, as embaixadas e consulados podem prestar orientações aos familiares, apoiar seus contatos com o governo local e cuidar da expedição dos documentos necessários para o traslado do corpo ao Brasil. Os custos costumam ser de responsabilidade da família, pois a legislação brasileira proíbe que o traslado de restos mortais de brasileiros falecidos no exterior seja custeado com recursos públicos.

Veja abaixo a lista de documentos necessários para o traslado:

Certidão de Óbito original (Death Certificate); Certificado de traslado do corpo (Transit Permit); Certificado de embalsamamento (Certificate of Embalming); Atestado sanitário de doença não contagiosa (Non-contagious disease certificate).

Com toda a documentação em mãos, o consulado brasileiro poderá emitir uma autorização de traslado, que deverá ser apresentada no embarque e na chegada ao país. Vale destacar que, como o transporte do corpo é geralmente feito por via aérea e como carga especial, é necessário contratar uma funerária local para cuidar do envio até o aeroporto. Em solo brasileiro, outra funerária poderá assumir os trâmites.

Ao chegar ao Brasil, o corpo deverá ser inspecionado pela vigilância sanitária do aeroporto, que também conferirá os documentos antes da liberação final. O atendimento prestado pelo Estado brasileiro ocorre a partir do contato do cidadão interessado em realizar o traslado.

Entenda como foi o resgate

Em entrevista à imprensa local, Syafi’i contou que inicialmente a equipe esperava realizar o resgate com apoio de helicópteros, mas o mau tempo na região impediu o uso das aeronaves. Assim, as autoridades locais decidiram concluir o resgate manualmente, com cordas e sistema de içamento.

Uma equipe de socorristas foi mobilizada para a ação. Sob neblina intensa, o grupo, conectado por cordas, desceu com cautela pela encosta até chegar ao ponto onde estava a jovem, cerca de 600 metros abaixo da trilha. As imagens da ação circulam pelas redes sociais, e, embora pareça uma operação oficial, a maioria dos presentes atuava de forma voluntária. Agam Rinjani foi um dos rostos anônimos de maior destaque no resgate.

Em entrevista ao GLOBO, Agam afirmou que ele e outros voluntários passaram a noite com Juliana à beira de um penhasco, utilizando âncoras para impedir que ela descesse ainda mais pela encosta. Durante o resgate, o alpinista chegou a machucar a perna e enfrentou condições adversas: além do frio extremo, chovia forte no alto do Monte Rinjani.

A região onde Juliana foi localizada é conhecida como Cemara Nunggal e fica entre 2.600 e 3.000 metros de altitude. Especialistas afirmam que o terreno é composto por camadas instáveis de cinzas vulcânicas, areia grossa e fragmentos de rocha.

Syafi’i informou que uma equipe de sete socorristas foi mobilizada: quatro foram até a vítima, a cerca de 600 metros de profundidade do penhasco, e outros três ficaram no ponto de apoio. O chefe da missão também revelou que o corpo de Juliana foi levado ao posto de Sembalun e depois encaminhado para o Hospital Bhayangkara, em Mataram.

Segundo Lalu Moh. Faozal, secretário regional da Nusa Tenggara Barat, província onde está localizada a cidade de Mataram, o corpo de Juliana será autopsiado nas próximas horas no Hospital Bhayangkara.

— Assim que terminarmos, poderemos enviá-lo para Denpasar, em Bali, para repatriação ao seu país de origem, o Brasil — disse Faozal em entrevista à imprensa local.

O secretário ainda afirmou que a família de Juliana estará presente na autópsia. Além disso, o governo provincial cobre todas as necessidades da família enquanto estiverem por lá, incluindo ambulâncias e transporte.

Quem era Juliana Marins?

Juliana era natural de Niterói, no Rio de Janeiro, e atuava como publicitária. Apaixonada por viagens e esportes ao ar livre, ela havia embarcado em um mochilão pela região do Sudeste Asiático desde fevereiro deste ano. Durante a viagem, visitou países como Filipinas, Tailândia e Vietnã.

Nas redes sociais, a publicitária publicou fotografias recentes da viagem. “Fazer uma viagem longa sozinha significa que o sentir vai sempre ser mais intenso e imprevisível do que a gente está acostumado. E está tudo bem. Nunca me senti tão viva”, escreveu em publicação de 29 de maio.

Após o acidente, Juliana não fez contato direto com a família devido à falta de sinal. As informações chegaram ao Brasil por meio de um grupo de turistas que também fazia a trilha e conseguiu acionar pessoas próximas à vítima por meio de redes sociais, enviando mensagens para várias pessoas após encontrarem seu perfil.

Quatro dias de buscas intensas

A queda de Juliana mobilizou autoridades locais, voluntários, a equipe do Parque Nacional de Rinjani, além de amigos e familiares no Brasil. O parque chegou a fechar completamente o acesso turístico às trilhas para concentrar os esforços de resgate. Helicópteros foram acionados, mas encontraram dificuldades para pousar devido à neblina densa e às limitações do espaço aéreo.

A família acompanhava tudo do Brasil e fazia atualizações diárias nas redes sociais, mantendo viva a esperança de reencontrá-la com vida. Nas últimas 48 horas, uma furadeira foi levada até a montanha como parte de uma estratégia alternativa de resgate, e as equipes terrestres conseguiram avançar cerca de 400 metros da descida, estimando que Juliana estivesse a outros 650 metros abaixo.

Juliana caiu na região de Cemara Nunggal, uma área de encosta rochosa e instável na trilha que liga Pelawangan Sembalun ao cume do Monte Rinjani. Considerado um dos pontos mais perigosos da trilha, o local combina declives acentuados, terreno solto e ausência de proteções, o que o torna vulnerável a acidentes mesmo com guias presentes.

A altitude do ponto onde ela caiu está entre 2.600 e 3.000 metros, com forte variação climática e neblina. O sinal de celular praticamente não existe na região, e o resgate do corpo só foi possível por meio de descida com cordas e equipamentos de escalada, dificultando a resposta rápida nas primeiras horas após o acidente.

O relato do guia: “Não abandonei a Juliana”

O guia que acompanhava Juliana Marins na trilha negou ter abandonado a publicitária antes do acidente. Em entrevista ao GLOBO, Ali Musthofa confirmou que aconselhou Juliana a descansar enquanto seguia andando, mas afirmou que o combinado era que ele a esperaria um pouco mais adiante.

Musthofa disse ter prestado depoimento à polícia no domingo, quando desceu da montanha. Segundo ele, que atua como guia na região desde novembro de 2023 e costuma subir o Rinjani duas vezes por semana, ficou apenas “três minutos” à frente de Juliana e voltou para procurá-la ao estranhar a demora da brasileira para chegar ao ponto combinado.

— Na verdade, eu não a deixei, mas esperei três minutos na frente dela. Depois de uns 15 ou 30 minutos, Juliana não apareceu. Procurei por ela no último local de descanso, mas não a encontrei. Eu disse que a esperaria à frente. Eu disse para ela descansar. Percebi que ela havia caído quando vi a luz de uma lanterna em um barranco a uns 150 metros de profundidade e ouvi a voz dela pedindo socorro. Eu disse que iria ajudá-la — afirmou Musthofa.

O guia disse ter ligado para a empresa onde trabalha para avisar sobre o acidente e pedir que acionassem o resgate.

— Liguei para a organização onde trabalho, pois não era possível ajudar a uma profundidade de cerca de 150 metros sem equipamentos de segurança. Eles deram as informações para a equipe de resgate, que correu para ajudar e preparar o equipamento necessário — destacou Musthofa, segundo quem Juliana pagou 2.500.000 rúpias indonésias pelo pacote (equivalente a cerca de R$ 830 na cotação atual).

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Fonte: InfoMoney

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