Pelo menos oito pessoas morreram e 400 ficaram feridas durante os protestos contra o governo no Quênia nesta quarta-feira (25), um ano após as manifestações mortais contra um projeto de lei fiscal, informou o órgão nacional de vigilância dos direitos humanos.
Milhares de quenianos foram às ruas para marcar o aniversário das manifestações do ano passado, nas quais mais de 60 pessoas morreram. A polícia disparou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar os manifestantes na capital Nairóbi, segundo a mídia local e uma testemunha da Reuters.
Alguns manifestantes entraram em confronto com a polícia, e a Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quênia, financiada pelo governo, informou nesta quarta-feira que oito mortes foram registradas em todo o país, todas “supostamente por ferimentos a bala”.
“Mais de 400 vítimas foram registradas, incluindo manifestantes, policiais e jornalistas”, disse a comissão em um comunicado compartilhado em sua conta oficial no X.
O órgão não especificou quem teria disparado contra as vítimas, destacando a forte presença policial e “alegações de uso excessivo da força, incluindo balas de borracha, munição real e canhões de água, resultando em vários ferimentos”.
O porta-voz da polícia queniana, Muchiri Nyaga, não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário sobre o comunicado da comissão.
Um funcionário do principal hospital da capital, o Kenyatta National Hospital, afirmou que a instituição recebeu dezenas de feridos.
“Cento e sete foram admitidos, a maioria com ferimentos por bala”, disse a fonte, referindo-se a balas de borracha e munição real. Ele acrescentou que nenhuma morte foi registrada no KNH.
O fornecedor nacional de eletricidade, Kenya Power, informou que um de seus seguranças foi morto a tiros durante os protestos, enquanto patrulhava sua sede em Nairóbi.
Grandes multidões foram vistas mais cedo se dirigindo à residência oficial do presidente, em cenas transmitidas pelo canal queniano NTV, antes que ele e outra emissora, a KTN, fossem retirados do ar após desafiarem uma ordem para interromper as transmissões ao vivo das manifestações.
Os dois canais retomaram as transmissões nesta quarta-feira, depois que um tribunal de Nairóbi suspendeu a ordem emitida pela Autoridade de Comunicações do Quênia.
Raiva contra a polícia
Os manifestantes incendiaram instalações do tribunal na cidade de Kikuyu, nos arredores de Nairóbi, informou a Citizen TV. Chamas e fumaça espessa saíram do prédio do tribunal em um vídeo publicado na conta X da emissora.
Confrontos isolados foram registrados na cidade portuária de Mombasa, segundo a NTV, com protestos também nas cidades de Kitengela, Kisii, Matuu e Nyeri.
Embora os protestos do ano passado tenham se dissipado após o presidente William Ruto retirar a proposta de aumento de impostos, a indignação pública permaneceu em relação ao uso excessivo da força pelas agências de segurança, com novas manifestações neste mês devido à morte de um blogueiro sob custódia policial.
Seis pessoas, incluindo três policiais, foram acusadas de assassinato na terça-feira por causa da morte do blogueiro e professor Albert Ojwang, de 31 anos. Todos se declararam inocentes.
As cenas sem precedentes de 25 de junho de 2024, que mostraram a polícia atirando contra manifestantes quando eles romperam as barreiras para entrar no Parlamento, criaram a maior crise da Presidência de Ruto e provocaram alarme entre os aliados internacionais do Quênia.
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Fonte: InfoMoney