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BookTok: comunidade do TikTok influencia o mercado de livros no Brasil

Se o uso de redes sociais costuma ser apontado como um dos grandes vilões do incentivo à leitura, existe pelo menos um lugar em que isso não é verdade: o BookTok.

O nicho do TikTok em que criadores de conteúdo indicam livros, fazem resenhas e recuperam autores clássicos – identificado pela #BookTok ou #BookTokBrasil – acumula mais de 60 milhões de publicações globalmente. Apenas no Brasil, do começo do ano até este mês, as duas hashtags tiveram um aumento de 28% nas buscas.

Os vídeos sobre livros começaram a ganhar projeção no TikTok durante a pandemia, em 2020. Desde então, a comunidade de “booktokers” cresceu tanto que viralizar na rede social pode ser determinante para que um livro entre na lista de mais vendidos ou não.

Após uma semana de Bienal do Livro no Rio de Janeiro e A Feira do Livro em São Paulo, as obras e os autores que se destacaram estão, coincidentemente ou não, entre os queridinhos dos criadores de conteúdo da rede social.

A influência na venda de livros

“O que a gente identifica do tamanho dessa comunidade, é que ela se estende da tela para vida real”, falou Carol Baracat, diretora de marketing do TikTok, à CNN. “[O BookTok] tem um impacto na vida real, nas vendas de livros e no interesse por livros.”

Baracat citou como exemplo um caso que ficou famoso e que teve início no BookTok: a influenciadora digital dos Estados Unidos Courtney Henning Novak viralizou após fazer uma resenha apaixonada de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis.

O livro, publicado pelo escritor brasileiro em 1881 e considerado um grande clássico de nossa literatura, ficou no topo da lista dos mais vendidos da Amazon nos Estados Unidos na categoria “Literatura Caribenha e Latino-Americana” depois do sucesso do vídeo.

“Os livros viralizam de uma forma totalmente orgânica. O algoritmo do TikTok não tem um papel de favorecimento nisso. É realmente uma comunidade que cria muito conteúdo, é muito engajada e faz com que vire esse sucesso”, acrescentou a diretora de marketing. 

Há alguns anos, já é comum encontrar nas livrarias e nos eventos dedicados aos livros uma sessão inteira dedicada aos “sucessos do TikTok”.

O presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Dante Cid, disse que o mercado de livros também está atento a esse fenômeno: “A grande maioria das editoras, especialmente de obras gerais, já percebeu o efeito de terem os seus livros divulgados na plataforma.”

“Há várias formas que o mercado do livro tem percebido que pode expandir a sua influência, a conscientização sobre a disponibilidade de novos títulos e tendências bacanas através de redes sociais como o TikTok”, acrescentou ele, citando a presença das editoras na plataforma e a parceria com os criadores de conteúdo.

Para Cid, o trunfo do BookTok é fazer com que o uso de redes sociais deixe de ser um concorrente da leitura, e passe a ser um aliado. “Qualquer canal que venha a incentivar a leitura e dê resultado em ampliar o universo de leitores do Brasil é extremamente bem-vindo”, falou Cid.

Falar sobre livros também é trabalho

Para aqueles que criam conteúdo na plataforma, o BookTok representa não só uma comunidade de leitores engajados, mas um veículo profissional. Parceiro da Bienal do Livro do Rio neste ano, o TikTok levou diversos criadores de conteúdo para o evento.

Anajú (do @anajulivros) começou a criar conteúdo sobre livros no TikTok em 2022, e hoje se sustenta com o seu trabalho na internet. “É um sonho que eu nunca nem me permiti sonhar, imaginar que um dia eu iria viver de livros”, falou ela, durante participação na Bienal do Livro do Rio. “O BookTok é minha principal ferramenta de trabalho. Eu dedico a minha vida hoje a produção de conteúdo literário.”

Segundo ela, é inegável a influência dos criadores de conteúdo do aplicativo no mercado editorial atualmente, basta abrir a lista de livros mais vendidos da Amazon para encontrar diversas obras que bombaram no TikTok antes.

As irmãs Pétala e Isa (do @afrofuturas) falam sobre livros na internet há mais de 11 anos, e decidiram entrar no TikTok há pouco mais de três, onde encontraram um novo espaço para seguir falando de literatura e diversidade.

“Agora a gente está se encontrando nessa comunidade, e tem sido muito legal expandir nossas conversas e procurar um jeito cada vez mais leve de tratar assuntos sérios”, falou Pétala.

Essa comunidade de leitores e a troca entre fãs (ou haters) de uma mesma obra faz com que a leitura se torne uma prática mais coletiva – basta perceber o surgimento de diversos clubes do livro presenciais e virtuais recentemente.

“O livro não termina na última página”, falou a diretora de marketing da plataforma, Carol Baracat. “Você lê um livro, você vai para o TikTok e ali você debate, fala sobre os personagens, sobre a história.”

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Fonte: CNN Brasil

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