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Irã diz que EUA decidiram ‘explodir’ diplomacia com ataques a instalações nucleares

Irã diz que EUA decidiram ‘explodir’ diplomacia com ataques a instalações nucleares

O Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, afirmou neste domingo que os Estados Unidos e Israel “decidiram explodir” a diplomacia com os ataques às instalações nucleares de seu país.

Em uma publicação no X, Araghchi afirmou que Israel destruiu as negociações entre Teerã e Washington com seus ataques em 13 de junho, enquanto os Estados Unidos fizeram o mesmo com as negociações com potências europeias esta semana, com seus ataques no domingo.

Respondendo aos apelos europeus para que o Irã retomasse as negociações, ele questionou “como o Irã pode retornar a algo que nunca abandonou”.

O ataque de Trump ocorre quase uma década depois de o ex-presidente Barack Obama ter fechado um acordo pelo qual o Irã restringia drasticamente seu programa nuclear. Trump retirou-se do acordo em 2018, após assumir o cargo.

A maior parte do Partido Republicano de Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que há muito considera o Irã uma ameaça existencial, atacaram o acordo de Obama porque ele permitia que Teerã enriquecesse urânio e porque disposições consideradas essenciais tinham prazo de validade.

Trump, que se considera um pacificador, disse há apenas um mês, em visita a monarquias do Golfo Árabe, que estava esperançoso de um novo acordo com o Irã. Isso ocorreu pouco antes do ataque de Netanyahu.

— A decisão de Trump de restringir seus próprios esforços diplomáticos também tornará a obtenção de um acordo muito mais difícil a médio e longo prazo — disse Jennifer Kavanagh, diretora de análise militar da Defense Priorities, que defende a moderação.

O Irã agora não tem incentivo para acreditar na palavra de Trump ou acreditar que se beneficiará de um acordo. Clérigos iranianos também enfrentam oposição interna.

Em 2022, protestos em massa eclodiram após a morte sob custódia de Mahsa Amini, detida por desafiar as regras do regime sobre o uso de véus femininos.

Dois dias antes dos ataques, Trump advertiu que Teerã teria “no máximo” duas semanas para evitar possíveis ataques aéreos americanos, enquanto Washington avaliava se deveria se juntar à campanha de bombardeios sem precedentes de Israel. No entanto, em uma reportagem da Reuters publicada neste sábado, duas autoridades ouvidas sob condição de anonimato pela agência teriam afirmado que Israel estava pressionando Trump a aproveitar a “janela de oportunidade”. O republicano já afirmara, em ocasião anterior, que buscava não um cessar-fogo, mas um “fim real” das tensões.

Após Trump afirmar neste sábado que as Forças Armadas do país realizaram um “ataque muito bem-sucedido” a três instalações nucleares iranianas, e que agora seria “a hora da paz”, a Guarda Revolucionária Iraniana reagiu por meio das suas redes sociais. Em uma publicação no X, o grupo afirmou que “Agora a guerra começou para nós”.

O ataque dos EUA neste sábado marca a entrada oficial de Washington na guerra iniciada por Israel na última quinta-feira (sexta de madrugada no horário local). De acordo com o republicano, as ações miraram Natanz, Isfahã e a instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordow, considerada o “coração” do programa nuclear de Teerã.

“Concluímos nosso ataque muito bem-sucedido às três instalações nucleares no Irã, incluindo Fordow, Natanz e Isfahã”, afirmou Trump em uma publicação em sua plataforma Truth Social. “Uma carga completa de BOMBAS foi lançada sobre a instalação principal, Fordow”, disse ele, acrescentando que os bombardeiros já estavam em segurança, fora do espaço aéreo iraniano, e a caminho da sua base.

Na sequência do anúncio, o presidente americano afirmou que fará um discurso à nação às 22h (23h no horário de Brasília). De acordo com a Casa Branca, Washington informou Tel Aviv previamente que realizaria o ataque e, após a sua conclusão, Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conversaram por telefone.

Na sua série publicação, Trump afirmou indicou que o ataque forçará o regime iraniano a acabar com a guerra, defendendo que “não há outro exército no mundo que poderia ter feito isso” — justificativa que deve repetir à população esta noite para justificar a própria contradição. Durante a campanha presidencial, o republicano frequentemente criticou rivais democratas por se envolverem em guerras em países distantes em vez de voltarem os olhares para assuntos domésticos.

Além disso, Trump repetiu em diversas ocasiões, orgulhoso, de que guerras não foram iniciadas no seu primeiro mandato, alegando que pacificaria o mundo nesta segunda passagem pela Casa Branca.

— Todos os sinais eram de preparação dos EUA para a guerra, mesmo com a rejeição da opinião pública americana ao envolvimento em mais um conflito no Oriente Médio — diz Maurício Santoro, colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, ao GLOBO. — A grande dúvida é o quão eficazes foram os bombardeios, em especial se conseguiram danificar ou destruir as instalações subterrâneas do programa nuclear iraniano.

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Fonte: InfoMoney

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