E se a sua cidade fosse movida a eletricidade? Um novo livro da Unicamp mostra que isso já é realidade em 30 lugares ao redor do mundo. Fruto de cinco anos de pesquisa, a obra destrincha as políticas públicas que estão tornando o transporte urbano mais limpo e eficiente, e aponta caminhos para o Brasil entrar nessa rota elétrica.
Organizado pela professora Flávia Consoni, da Unicamp, o estudo destaca exemplos, como Oslo (Noruega), Shenzhen (China), Bogotá (Colômbia) e Nova York (EUA), mostrando como essas cidades estruturaram ações para reduzir emissões e modernizar seus sistemas de transporte.

O projeto foi desenvolvido ao longo de cinco anos com apoio da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e parceria da CPFL Energia. A análise se baseia na estrutura NATO, que organiza as políticas em quatro eixos: articulação, regulação, financiamento e gestão. O livro serve como um guia prático para gestores brasileiros que queiram acelerar a transição para um transporte mais limpo.
Cidades que aceleraram a virada elétrica
- As cidades analisadas no livro enfrentaram desafios parecidos: altos níveis de poluição, congestionamentos e sistemas de transporte ineficientes;
- A diferença? Implementaram políticas públicas ousadas e integradas, com foco na eletrificação da frota, infraestrutura de recarga e incentivos à população;
- Shenzhen, por exemplo, eletrificou 100% de sua frota de ônibus em menos de uma década. Em Oslo, a combinação de subsídios e restrições ao uso de carros a combustão acelerou a adesão aos elétricos. Bogotá apostou na inclusão social, levando veículos elétricos para regiões periféricas.
Leia mais:
- Seattle será a primeira cidade dos EUA a ter ônibus elétrico com carregamento sem fio
- Gigante: empresa chinesa lança ônibus elétrico de 26 metros; conheça
- Nova bateria ultra eficiente lançada na China pode mudar o transporte público

A publicação quer provocar gestores brasileiros: é possível adaptar essas estratégias à realidade local. Para isso, o livro traz ferramentas práticas e destaca o papel das prefeituras como protagonistas da transição, como aponta o Jornal da Unicamp.
Desafios práticos da mobilidade elétrica
O principal obstáculo identificado pelas cidades pesquisadas foi a falta de planejamento integrado entre setores de transporte, energia e meio ambiente. Em muitos casos, a ausência de metas claras e de coordenação entre os níveis municipal, estadual e nacional atrasou a implantação de soluções. O livro mostra que, onde houve avanço, a articulação entre políticas públicas e investimentos privados foi decisiva.
Outro ponto crítico foi a infraestrutura de recarga. Mesmo em cidades com forte adesão aos elétricos, como Berlim (Alemanha) e Amsterdã (Holanda), a instalação de pontos de carregamento exigiu mudanças na legislação urbana, atualização da rede elétrica e incentivo à inovação tecnológica. Algumas optaram por integrar recarga em mobiliários urbanos ou priorizar veículos leves em áreas centrais.
O livro também destaca impactos sociais das políticas de eletrificação. Em cidades, como Bogotá e Santiago (Chile), os ônibus elétricos foram priorizados em rotas que atendem áreas de baixa renda, ampliando o acesso ao transporte limpo. As decisões foram baseadas em dados territoriais, mostrando que a mobilidade elétrica pode promover, até mesmo, inclusão social – quando bem planejada.

O post Como 30 cidades ligaram a “bateria” da mobilidade elétrica apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: Olhar Digital