Você já teve a sensação de que um ator famoso está em todos os lugares? Seja em filmes, séries e até comerciais, alguns rostos parecem se repetir com frequência no cinema e na TV. Esse fenômeno já virou até meme nas redes sociais nos últimos anos, e definitivamente não é coisa da cabeça de quem é cronicamente online.
Nomes como Pedro Pascal, Sydney Sweeney, Tom Holland, Zendaya e Timothée Chalamet são alguns exemplos que parecem estar onipresentes em filmes, séries e até campanhas publicitárias. Mas por que isso acontece? A verdade é que existe uma lógica de mercado por trás dessa repetição.
Mesmo ator, vários papéis
Uma coisa é fato: atores vivendo múltiplos papéis é algo comum na rotina hollywoodiana e faz parte da profissão. Até mesmo antes da consolidação da internet já era possível ver estrelas em múltiplos papéis em um curto período de tempo.
Exemplo disso é Leonardo DiCaprio, que esteve presente em obras como Romeu e Julieta, Titanic e O Homem da Máscara de Ferro em um curto período de tempo no final dos anos 90. No entanto, com a popularização das redes sociais, está cada vez mais fácil darmos de cara com rostos famosos no cotidiano online.
Alguns nomes em específico viraram sinônimo de “onipresença” na indústria. Esse fenômeno pode ser ilustrado com alguns nomes que você certamente já conhece, como os listados abaixo.
Pedro Pascal

Após protagonizar a série O Mandaloriano no Disney+, Pedro Pascal acabou dominando o feed de todo mundo agora em 2025 ao participar da série The Last of Us. Agora que a segunda temporada da produção acabou, ele segue presente nas telas de todo mundo com a divulgação de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, que será lançado em 11 de julho nos cinemas.
E não para por aí: Pedro Pascal também está em cartaz com o longa-metragem de comédia romântica Amores Materialistas. Além disso, ainda este ano, ele vai aparecer em Eddington, nova produção do diretor Ari Aster.
Sydney Sweeney

Outro exemplo de “onipresença” é Sydney Sweeney, estrela da série da HBO Euphoria. Desde 2023, a atriz participou de oito grandes produções na TV e cinema, incluindo a comédia romântica Todos Menos Você, o terror Imaculada e Echo Valley, que estreou recentemente no Apple TV+.
A atriz também está com pelo menos cinco projetos em andamento para os próximos meses, segundo o IMDB, incluindo uma adaptação do jogo Split Fiction nos cinemas. Não bastasse isso, Sydney constantemente aparece na mídia em campanhas de marketing e produtos, incluindo até a venda de um sabonete feito com água de banho.
Timothée Chalamet

Quem também anda trabalhando bastante em Hollywood é Timothée Chalamet. O ator é uma das estrelas em ascensão dos cinemas que está ganhando notoriedade ao participar de cada vez mais franquias de peso.
Apesar de ter recebido um conselho de Leonardo DiCaprio para não fazer filmes de heróis, ele já emprestou seus talentos de atuação para diversas propriedades intelectuais conhecidas, incluindo a nova versão de Wonka. No ano passado, ele também esteve presente em dois filmes indicados ao Oscar: Duna Parte 2 e Um Completo Desconhecido, em que interpretou Bob Dylan.
Porque os mesmos atores fazem vários papéis em Hollywood?
Essa constante escalação de grandes astros de cinema em papéis de destaque não está relacionada apenas ao bom trabalho dos artistas e seus agentes: existe uma motivação oculta para que isso aconteça com recorrência. Em entrevista ao Minha Série, o cineasta brasileiro Bernardo Barreto, que atua como diretor, roteirista e ator nos EUA, explicou os bastidores desse tipo de escolha.
Segundo Bernardo, essa concentração de papéis nas mãos de poucos atores não é novidade, mas se intensificou com o crescimento das plataformas de streaming e a pressão por resultados rápidos. “Hoje em dia, quem faz sucesso faz todos os filmes”, resume o diretor. Ele cita o caso de Wagner Moura e Gabriel Leone no Brasil como exemplos locais, mas ressalta que o cenário em Hollywood é ainda mais extremo.
“Hoje em dia, quem faz sucesso faz todos os filmes.”
“Lá, um filme que não tem uma celebridade, tem quinze”, comenta. Para os produtores, a escolha por rostos conhecidos é uma maneira de garantir retorno financeiro e engajamento nas redes sociais. Isso cria uma dinâmica em que astros como Timothée Chalamet conseguem diversas produções gigantescas por ano, enquanto centenas de jovens talentos continuam enfrentando testes e colecionando negativas.
A situação também gera uma espécie de bola de neve. Como os astros acabam aparecendo em múltiplos filmes, começam eventualmente a ser vistos como “referência de sucesso e bilheteria”, o que garante ainda mais papéis de destaque.
Popularidade acima da técnica
O problema, segundo Bernardo, vai além da simples repetição de nomes. Muitas vezes, a escolha por atores da moda não leva em conta o preparo técnico necessário para o papel. “Os papéis vão para quem está bombando no momento, seja nas redes sociais ou em campanhas de marketing”, afirma.
Essa lógica deixa de lado artistas igualmente talentosos, mas que não têm o mesmo apelo midiático. O cineasta reforça que o problema é estrutural e que a indústria está cada vez mais focada em métricas de popularidade instantânea.

Para ele, esse comportamento em Hollywood é um reflexo da lógica de mercado e da forma como o consumo de conteúdo mudou nos últimos anos. “O Timothée Chalamet faz cinco filmes gigantes por ano. E os outros? Cadê o outro moleque de 25 anos, super talentoso, que sempre fica em segundo lugar?”
Atores lidam com rejeição constante em Hollywood
Além da barreira da fama, Bernardo destaca o peso psicológico da rejeição constante que os atores enfrentam, seja nos Estados Unidos ou no Brasil. “Eu lido com a rejeição como ator, como produtor, como diretor e como roteirista. A autoestima é uma questão diária”, admite. Essa batalha por espaço o levou a diversificar sua atuação dentro da indústria, assumindo várias funções para viabilizar os próprios projetos.
“É uma indústria muito cruel.”
Mesmo com todo esse esforço, a sensação de exclusão é comum entre colegas de profissão. Bernardo também relata que muitos atores talentosos acabam abandonando a carreira por falta de oportunidades e as dificuldades em se manter na indústria.
Um desses casos marcou o diretor durante um festival em Nova Jersey, quando um amigo ator, que trabalhou em um de seus filmes, revelou ter deixado a profissão por precisar pagar as contas. “Me deu uma tristeza enorme. É uma indústria muito cruel”, lamenta.
Para ele, o problema não tem um único culpado. “Não adianta culpar o streaming, os estúdios ou os produtores. É o jeito que o mundo está e a forma como o consumo de conteúdo mudou”, conclui o diretor, que lançará seu novo filme, Invisíveis, em breve no Brasil.
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Fonte: TecMundo