Você já se perguntou como os polvos conseguem saber se um alimento é bom ou ruim apenas pelo toque? Uma equipe de Harvard decidiu desvendar esse segredo, e, de acordo com um artigo publicado na Cell, a resposta está em sensores químicos nas ventosas de cada um de seus oito longos tentáculos.
Entenda:
- Um estudo revelou que polvos sentem o “gosto” de substâncias ruins através de suas ventosas;
- Graças a sensores químicos, esses animais conseguem detectar compostos químicos e identificar se um alimento, por exemplo, é bom ou ruim;
- A habilidade é usada até mesmo para separar ovos contaminados por micróbios em suas próprias ninhadas;
- A descoberta pode apoiar pesquisas do tipo envolvendo outras espécies de animais.

Tudo começou quando os pesquisadores observaram que duas fêmeas de polvo-da-Califórnia (Octopus bimaculoides) descartavam, com frequência, vários ovos de suas ninhadas. A equipe, então, decidiu analisar os ovos com um microscópio eletrônico, e veio a surpresa: eles estavam cheios de micróbios.
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Polvos sentem “gosto” de contaminação pelas ventosas
Após a descoberta com os ovos contaminados, os pesquisadores de Harvard decidiram cultivar quase 300 cepas de micróbios para testar seus efeitos sobre os sensores químicos dos polvos. “Esses receptores ficam na interface entre o ambiente externo e o sistema nervoso, então nos perguntamos que tipos de micróbios poderiam ativá-los”, explica Rebecka Sepela, líder da pesquisa, em comunicado.

Entre os compostos químicos, uma substância chamada H3C – produzida pela bactéria Vibrio alginolyticus e encontrada em caranguejos em decomposição – foi aplicada a caranguejos de brinquedo. Os polvos, sentindo o “gosto” do composto pelas ventosas, evitaram os caranguejos “contaminados”, tentando se alimentar daqueles que não receberam o H3C.
Outra substância, LUM – produzida pelo micróbio Vibrio mediterranei em ovos de polvo – foi aplicada a ovos falsos feitos de gel. Novamente, os animais descartaram os ovos “estragados” e alimentaram aqueles que não tinham o composto.
Segredo pode apoiar estudos de outras espécies

Ainda que o estudo tenha como foco os polvos, a equipe acredita que os resultados possam lançar luz sobre outras espécies. Nos próprios humanos, por exemplo, esses microbiomas internos têm sido relacionados a quadros como ansiedade e fatores digestivos.
“O polvo nos oferece uma maneira de estudar a comunicação entre reinos com complexidade reduzida. É um sistema onde podemos vincular um sinal microbiano diretamente a um comportamento – seja predação ou cuidado parental”, conclui Nick Bellono, participante da pesquisa.
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Fonte: Olhar Digital