Esquecimentos frequentes, lentidão para pensar, confusão, dificuldade de concentração e até mesmo de se expressar com clareza: essas são as manifestações mais recorrentes da chamada “névoa mental”, uma sensação de desorientação que costuma surgir em contextos de estresse ou sobrecarga emocional e que, se persistir ou se agravar, pode ser um sinal de alerta para algum problema no cérebro.
O dilema dessas “falhas mentais” é que, em suas fases iniciais, os sintomas costumam passar despercebidos ou ser confundidos com outras causas. “É devido ao estresse”, “Deve ser da tireoide”, são algumas das frases comuns que costumam tranquilizar quem apresenta esses sinais. Assim, os primeiros alertas são ignorados, não se busca ajuda profissional, e o quadro tende a piorar.
A ciência tem confirmado constantemente a relação entre inflamação e o fluxo sanguíneo no cérebro. Especificamente, uma pesquisa publicada na revista Frontiers in Neuroscience indica que a luteína — um flavonoide antioxidante que ajuda a proteger os tecidos do corpo humano da inflamação — pode reduzir a ocorrência dessas “falhas mentais” ao diminuir a inflamação cerebral, limitar o estresse oxidativo, inibir a atividade viral e retardar o declínio cognitivo. No estudo, os pesquisadores apontam que esse flavonoide pode ser fundamental para melhorar a saúde do cérebro e que ele pode ser obtido por meio de alimentos naturais, como verduras, oleaginosas e algumas infusões.
No entanto, os especialistas destacam no mesmo artigo que a melhor estratégia para combater o envelhecimento mental é manter um padrão alimentar saudável e variado.
Mercedes Engemann, nutricionista, concorda que a alimentação é um fator-chave que pode tanto potencializar quanto prejudicar o funcionamento cerebral.
“Uma dieta rica em gorduras saturadas e pobre em vitaminas e minerais produz radicais livres — moléculas instáveis que, às vezes, se acumulam nas células e danificam outras, o que acentua o declínio cognitivo”, explica.
Na mesma linha, Lucía Zavala, médica neurologista, ressalta que os alimentos não são apenas calorias que fornecem energia, mas sim informações, instruções em tempo real que damos ao organismo.
A seguir, as especialistas indicam alguns dos alimentos mais benéficos para o cérebro:
Café
Um estudo publicado no The Journal of Nutrition mostrou que participantes com maior consumo diário de cafeína apresentaram melhores resultados em testes de função mental.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores pediram a um grupo que estudasse uma série de imagens e, depois, administraram um placebo a alguns e uma cápsula com 200 mg de cafeína a outros. No dia seguinte, os que haviam consumido cafeína conseguiram identificar corretamente as imagens, ao contrário dos que tomaram placebo.
“Concordo que as infusões com cafeína podem melhorar o estado cognitivo e mental, pois são ricas em antioxidantes e flavonoides, o que fortalece o funcionamento cerebral e a memória”, afirma Engemann.
Verduras de folhas verdes
“Elas contêm antioxidantes e vitaminas lipossolúveis que protegem contra o declínio cognitivo. O brócolis, por exemplo, tem alta concentração de vitamina K, essencial para melhorar a concentração e a memória”, explica Engemann.
Outro benefício é que essas verduras são ricas em folato, uma forma natural da vitamina B9, que participa da formação dos glóbulos vermelhos.
Diversas pesquisas mostram que a deficiência de folato pode estar na origem de certos distúrbios neurológicos. Por isso, aumentar os níveis dessa vitamina no organismo pode trazer benefícios ao estado cognitivo e é essencial para a produção de neurotransmissores.
“Elas ativam mecanismos que reduzem o estresse oxidativo, diminuem a inflamação e reduzem as chances de desenvolver doenças cognitivas como demência ou depressão”, afirma Zavala.
Alimentos fermentados
“Os alimentos fermentados podem fornecer ‘fermento para o cérebro’”, conclui uma revisão de 45 estudos intitulada “Explorando alimentos fermentados com efeitos benéficos para o cérebro e a função cognitiva”. Nessa revisão, ficou comprovado que esses alimentos exercem um efeito protetor sobre o cérebro, melhorando a memória e retardando o declínio cognitivo.
Eles são obtidos a partir do processo de conversão de carboidratos em álcool ou ácidos — resultado da fermentação, que modifica o sabor dos alimentos e aumenta sua durabilidade.
Exemplos incluem: iogurte, queijo, pão e vinagre.
Zavala concorda e acrescenta que os probióticos — micro-organismos vivos presentes em alguns fermentados — ajudam na saúde cerebral, além da digestiva.
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Fonte: InfoMoney