Home / Mundo / Em guerra contra o Irã, Israel mantém arsenal nuclear que nunca confirmou ou negou

Em guerra contra o Irã, Israel mantém arsenal nuclear que nunca confirmou ou negou

Em guerra contra o Irã, Israel mantém arsenal nuclear que nunca confirmou ou negou

Após décadas de alertas e ameaças, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, lançou na semana passada um ataque contra o Irã, com o objetivo de atingir as capacidades nucleares do país, acusadas de terem fins militares. Seu maior aliado, o presidente dos EUA, Donald Trump, que pode estar perto de se juntar à guerra, também declarou que Teerã “não pode ter uma arma nuclear”. O chanceler alemão, Friedrich Merz, ao se referir à ofensiva, disse que “esse é o trabalho sujo que Israel está fazendo por nós”.

O Irã nega ter planos para militarizar suas atividades atômicas, e não são poucos os integrantes do regime a acusarem o Ocidente de “hipocrisia” sobre o tema: afinal, lembram, Israel tem um arsenal nuclear secreto, sem supervisão internacional, e que por pouco não foi usado em combate.

Estimativas de organizações como a Associação para o Controle de Armas afirmam que o país teria cerca de 90 ogivas, além de material suficiente para construir outras 200. Informações de documentos sigilosos e relatos de dissidentes, como o cientista Mordechai Vanunu, sugerem que o país montou uma tríade nuclear, com capacidade de lançar ataques com mísseis balísticos — incluindo o Jericho-3 —, com submarinos e aeronaves de combate, com o apoio de aviões de reabastecimento.

Os relatos sobre possíveis testes são esparsos, e apontam para detonações subterrâneas no Deserto de Negev. Em 1979, no chamado Incidente Vela, um satélite dos EUA detectou o que poderia ser uma explosão nuclear no Oceano Índico, conduzida em conjunto por Israel e pela África do Sul, na época controlada pelo regime do apartheid e que, nos anos 1990, se tornou o primeiro país do mundo a abrir mão do arsenal atômico.

Israel jamais admitiu ou negou a existência de suas armas, uma política conhecida como “ambiguidade deliberada”, mas com a ressalva de que “não será o primeiro país a introduzir” um arsenal atômico no Oriente Médio.

A ideia de ter armas nucleares era compartilhada pelos fundadores do Estado de Israel, “para que nunca mais tenhamos que ser as ovelhas levadas ao matadouro”, como disse em 1952 Ernst Bergmann, primeiro chefe da comissão nuclear local. As crises em anos seguintes, como a Crise de Suez, no final da década de 1950, consolidou a política, até hoje mantida em sigilo absoluto.

Segundo pesquisadores, a central nuclear de Dimona, construída com apoio francês, foi adaptada para enriquecer urânio em grau necessário para uso militar, e em 1967 os israelenses tornaram capazes de construírem suas próprias bombas. Um estudo posterior da Federação de Cientistas Americanos apontou que, em 1973, os EUA “estavam convencidos de que Israel tinha armas nucleares”.

Embora as autoridades do país digam, à sua maneira, que não têm planos para usar armas nucleares em combate, por pouco elas não foram empregadas na Guerra do Yom Kippur, em 1973. Em entrevista ao Wilson Center, em 2013, membros do então Gabinete da premier Golda Meir revelaram que, diante do ataque surpresa a Israel lançado pelos vizinhos árabes, Moshe Dayan, ministro da Defesa, disse que “deveriam ser iniciados os preparativos para usar as bombas atômicas”. Ao longo de tensas discussões, Meir decidiu não empregar o arsenal contra as forças lideradas por Egito e Síria.

Nos EUA, principal aliado de Israel, o tema também parece ser tabu. Em 2008, em resposta a uma pergunta da veterana jornalista Helen Thomas, o então presidente, Barack Obama, disse que “não iria especular” se havia algum Estado nuclear no Oriente Médio. Em maio, o deputado republicano Randy Fine recebeu olhares de reprovação ao defender um ataque nuclear (de Israel) contra a Faixa de Gaza para “forçar a rendição” do Hamas.

Ao contrário de outros 191 países, dentre os quais o Irã (signatário desde 1970), Israel não integra o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, mas é um dos 180 membros da Agência Internacional de Energia Atômica, cujos inspetores jamais foram a Dimona. Um relatório do Instituto de Pesquisa da Paz Internacional de Estocolmo afirmou que imagens de satélite sugerem a possível construção de um reator voltado à produção de plutônio.

The post Em guerra contra o Irã, Israel mantém arsenal nuclear que nunca confirmou ou negou appeared first on InfoMoney.

Fonte: InfoMoney

Marcado:

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *