Em uma eventual campanha à presidência em 2026, Tarcísio de Freitas ( Republicanos) não veria problemas em prometer um indulto a Jair Bolsonaro ( PL) se o ex-presidente for condenado no julgamento da trama golpista, avaliam aliados do governador de São Paulo. Embora tenha feito acenos nesse sentido ao longo do mandato, como dizer que acredita na inocência de Bolsonaro, Tarcísio tenta manter uma imagem de moderado e evita embates com os ministros do Supremo Tribunal Federal.
No fim de semana, o jornal O Estado de S. Paulo publicou que Bolsonaro estaria disposto a chancelar o nome de Tarcísio, o que era esperado pelo entorno do governador, mas cobraria uma defesa do indulto. Tarcísio, segundo três auxiliares próximos, não teria problema em cruzar essa linha, uma vez que o tema será incontornável na corrida eleitoral.
“A pessoa que se colocar como candidata do Bolsonaro vai precisar se posicionar sobre esse assunto. Tarcísio, até por ter falado várias vezes que acredita na inocência dele, não encontraria obstáculos para se comprometer — afirma um aliado. — Mais do que isso, no entanto, já seria outra história”, ele pondera.
O auxiliar se refere a cobranças públicas feitas pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) que, em entrevistas, tem dito que o candidato de Bolsonaro, além de prometer o indulto, deverá encampar a defesa dessa medida caso o Supremo Tribunal Federal barre a iniciativa.
“Não faz o menor sentido o governador enfrentar o Supremo. A possibilidade de ele ‘enquadrar’ o STF é nula. Se ele admitir isso, já começaria [a campanha] deixando a democracia de lado”, afirma o aliado.
Em relação à chancela de Bolsonaro a Tarcísio, o entorno do governador vê o possível apoio como “algo natural”. Ainda assim, Tarcísio seguirá afirmando que vai concorrer à reeleição ao governo de São Paulo e qualquer passo adiante será discutido apenas depois do julgamento da trama golpista. Mesmo com uma condenação do STF, porém, Bolsonaro não deverá indicar seu candidato com ampla antecedência para manter consigo o poder dessa decisão.
“Se o Bolsonaro jogar a toalha e anunciar o Tarcísio agora, ele desaparece politicamente. Esse tema só começará a ser tratado após o veredicto do Supremo — diz um auxiliar próximo ao governador.”
Pelo lado de Tarcísio, uma indicação antecipada deixaria o governador exposto antes da corrida eleitoral, o que eleva os riscos para Tarcísio.
“O governador está fugindo desse tema nacional, para que seu trabalho no estado não seja dispersado. Ele tem muitas entregas para fazer aqui este ano e tem evitado sair de São Paulo, até para evitar especulações”, diz um secretário.
Mudanças de sinais
Um dos principais sinais de que o clã bolsonarista aceitaria um nome que não o do ex-presidente surgiu no Palácio dos Bandeirantes, logo depois de Bolsonaro ter se hospedado na sede do governo paulista, no início de junho. Antes reticente sobre mudanças na cabeça da chapa, Diego Dourado, irmão de Michelle Bolsonaro e assessor do governador paulista, passou a falar abertamente que a irmã toparia ser vice de Tarcísio, contam aliados.
“Ele era um cara que nunca admitia outro nome, sempre defendia o de Bolsonaro. Agora, observamos essas movimentações. Apesar disso, acho que ela irá concorrer a um cargo de senadora”, diz um secretário paulista.
Nos próximos dias, Tarcísio e Bolsonaro estarão juntos em diversas agendas públicas em São Paulo. Nesta terça-feira (17), vão a Presidente Prudente, a 550 quilômetros da capital, participar da Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte). Além do evento, eles visitam obras de conjuntos habitacionais feitos pelo governador e entregam leitos hospitalares. Em duas semanas, ambos devem se encontrar em nova manifestação convocada pelo ex-presidente na Avenida Paulista.
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Fonte: InfoMoney
