Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (13) (que você confere aqui) repercutiu como seria o impacto do asteroide 2024 YR4 – que assustou o mundo por poder atingir a Terra – ao se chocar com seu nov alvo: a Lua.
O astrônomo amador Cristóvão Jacques explicou o que a humanidade pode esperar quando olhar para o céu noturno em dezembro de 2032, previsão atual do impacto. Jacques é sócio fundador do Observatório SONEAR, na cidade de Oliveira (MG), e dono do canal AstroNEOS, no YouTube. Ele é engenheiro, físico e também é membro do Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais (CEAMIG), da Rede de Astronomia Observacional (REA) e da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon).

Asteroide assustou o mundo
Em dezembro de 2024, astrônomos se espantaram ao encontrar um objeto espacial com mais de 1% de chance de atingir a Terra. Após um alerta, equipes ao redor do globo se voltaram para a rocha cósmica – nomeada de asteroide 2024 YR4, e fizeram uma série de estimativas para confirmar as preocupações.
Esse corpo cósmico teve o tamanho estimado em 60 metros de comprimento, o equivalente a um prédio de 20 andares. Sua composição, segundo as pesquisas, é rochosa e não metálica. “Menos preocupante”, disse o apresentador Marcelo Zurita.
Após dois meses, as chances triplicaram, atingindo astronômicos 3,1%. Foi então que, no começo de 2025, observações com o Telescópio James Webb e cálculos feitos pela NASA trouxeram a tranquilidade: a probabilidade caiu para 1,5%, depois para 0,3%, até chegar a 0,004%, sem mais preocupações.
Porém, os resultados da agência americana levaram a outro cenário. Dessa vez, 2024 YR4 tem 3,8% de chance de atingir a Lua. Astrônomos, como Marcelo Zurita e Jacques, agora esperam que isso aconteça para que os efeitos de um impacto em solo lunar sejam estudados pela comunidade cientifica e observados como um grande show de luzes.

Detritos voariam pelos ares
As previsões da NASA estimam que o choque entre o asteroide e nosso satélite natural ocorreria por volta de dezembro de 2032, às 12:10 no horário de Brasília. Por isso, o evento não seria visível para maior parte do ocidente (Brasil incluso), podendo ser observado melhor em países mais ao leste do Oriente, como Austrália e Nova Zelândia.
Segundo Jacques, a vista do evento seria garantida para telespectadores sem equipamentos especializados. “Certamente será visível a olho nu para quem estiver nos locais corretos”, disse o astrônomo. Da Terra, observadores viriam um grande clarão na Lua e depois uma nuvem de poeira. Em solo lunar, uma complexidade de eventos estaria acontecendo.
Uma enorme quantidade de materiais seria levantada e até mesmo jogada para o espaço. Mas, Jacques explicou que esses detritos não representariam um grande perigo para a comunidade terrestre.
“Grande parte desse material que será ejetado vai voltar para a Lua pela própria gravidade. Uma parcela dos detritos conseguirá ultrapassar a velocidade de escape e entrará possivelmente em órbita lunar ou da Terra, e alguns deles tem uma baixa chance de cair na Terra depois de algum tempo”, explicou.

Uma nova cratera para a Lua
No lugar de todo esse material, um novo buraco pode entrar para a coleção de crateras lunares. “Pelo tamanho do objeto e pela massa que ele tem, abriria provavelmente uma cratera visível aqui da Terra”, comentou Zurita.
Essa seria uma oportunidade ótima para cientistas estudarem o subsolo lunar, segundo os astrônomos. A energia do impacto poderia fundir materiais e trazer para cima compostos ainda não vistos, mas muito buscados no ambiente lunar.
“Uma das coisas mais interessantes seria analisar a luz do impacto com um espectrógrafo. Poderíamos encontrar água, um dos elementos mais procurados na Lua atualmente”, disse o apresentador.
Após o show, as luzes se apagariam e tudo voltaria ao seu lugar. ”Não vai mudar a órbita da Lua, nem a rotação e nada provavelmente aconteceria com a Terra”, concluiu Jacques.

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Asteroide foi embora, mas voltará
Agora, 2024 YR4 está distante o suficiente para não ser detectado por telescópios terrestres. Novas observações só serão possíveis em 2028, quando ele retornará para uma proximidade em que os observatórios poderão captar informações, segundo disseram os astrônomos.
Até lá, Jacques explicou que previsões mais refinadas ficarão prontas e a humanidade terá maior certeza se o asteroide vai, ou não, se chocar com a Lua. “Ainda temos muita incerteza. Possivelmente, as primeiras observações de 2028 já poderão definir se haverá ou não o impacto”, comentou.
O astrônomo disse que o início das operações do Observatório Vera C. Rubin, em 23 de junho deste ano, será um passo importante para a detecção de novos asteroides em rota de colisão com a Terra e a Lua. “Hoje nós temos cerca de 40 mil asteroides próximos da Terra descobertos. Após os dez anos de observação do Vera Rubin, essa quantidade vai mais do que dobrar”, disse.
O Rubin ficará nos Andes chilenos e vai capturar centenas de imagens noturnas do céu do Hemisfério Sul ao longo de uma década. Esse material resultante formará o mais abrangente registro em time-lapse do Universo já produzido – um ambicioso projeto científico chamado de Legacy Survey of Space and Time (LSST).
“Está prevista a descoberta de 60 mil asteroides próximos da Terra nos dez anos de observação do Vera Rubin. Pode ser que ele encontre outros 2024 YR4 no futuro” concluiu o astrônomo.
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Fonte: Olhar Digital