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Após MP, visão de risco eleva para B3 com Israel-Irã: como analistas veem cenário?

Após MP, visão de risco eleva para B3 com Israel-Irã: como analistas veem cenário?

Diversos fatores, internos e externos, têm afetado a percepção sobre os ativos de renda variável nesta semana, aumentando a aversão a risco e levando inclusive a uma visão de realocação dos investimentos em Bolsa.

Olhando para o cenário interno, a visão do mercado foi negativa sobre a Medida Provisória (MP) implementada pelo governo para “recalibragem” do aumento do IOF de duas semanas atrás. As análises são de que o governo optou por taxar mais em vez de promover cortes de despesas, ao mesmo tempo em que as medidas anunciadas oneram mais o investidor e estimulam o “curto prazismo”. Assim, o compromisso com o ajuste fiscal segue em xeque.

Dentre os principais pontos para os investidores, a MP estabelece uma alíquota única de 17,5% para aplicações financeiras, em lógica que também se aplica ao mercado de ações.

As negociações de curto prazo, como day trade, que antes tinham alíquota de 20%, e operações de prazo mais dilatado, como swing trade, que pagavam 15%, agora também serão tributadas em 17,5%. “Isso estimula mais a especulação do que o investimento com foco em construção patrimonial”, aponta Guilherme Almeida, Head de Renda Fixa da Suno Research.

Além disso, houve aumento do imposto CSLL e mudanças na tributação dos investimentos financeiros. As instituições financeiras atualmente tributadas em 9% passarão para a CSLL padrão de 15% a 20%.

A MP ainda traz que pessoas físicas que recebem juros sobre capital próprio (JCP) estarão sujeitas a IR de 20%, acima dos 15% anteriores.

Se não bastasse a MP, no fim desta semana, um outro fator de aversão a risco impactou os mercados, após Israel atacar instalações nucleares no Irã e o país revidar em seguida. O ataque elevou temores de uma guerra total entre as duas das forças armadas mais poderosas do Oriente Médio.

“O ataque ao Irã não foi surpresa, mas foi um ataque cirúrgico, em tanques nucleares, centros balísticos e que matou pessoas-chave, como cientistas iranianos e lideranças militares. Foi um ataque certeiro”, diz Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos.

Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP e especialista em investimentos, ressalta que a atuação de Israel levou a uma elevação na percepção de risco sistêmico, causando fuga de capitais de mercados emergentes, como o Brasil, e valorização de ativos considerados “porto seguro”, como dólar, ouro e títulos do Tesouro americano. As bolsas caem por todo o mundo, enquanto os preços do petróleo chegaram a saltar 13%.

Em adição, o estreitamento do Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo global, pode continuar gerando fortes altas nos preços do barril do Brent e WTI. “Isso encarece combustíveis e gera pressão inflacionária adicional, afetando margens de empresas dependentes de combustíveis ou commodities importadas, além de gerar pressão sobre inflação e juros. E com a inflação já alta no país e a Selic elevada, o choque inflacionário externo dificulta qualquer alívio monetário no curto prazo e isso prejudica setores sensíveis ao crédito e à demanda doméstica”, aponta Patzlaff.

Para o analista, com isso, o Ibovespa tende a reagir negativamente no curto prazo, com movimentos de correção em setores cíclicos e maior valorização de ações resilientes ou beneficiadas por commodities.

Ações que ganham e perdem neste cenário

Conforme avalia Patzlaff, algumas empresas listadas no Ibovespa podem se beneficiar de forma indireta devido à alta de preços de commodities, sobretudo empresas do setor de petróleo e alimentos, além da valorização do dólar, como a Petrobras (PETR3;PETR4).

Com o barril de petróleo em alta, a Petrobras tende a aumentar suas receitas de exportação. A empresa é uma das maiores exportadoras brasileiras e se beneficia diretamente do preço internacional.

“A intensificação das tensões geopolíticas no Oriente Médio eleva o prêmio de risco no petróleo, criando um efeito positivo imediato para a Petrobras e demais produtoras como Prio, Brava e Petroreconcavo”, destacou a Genial Investimentos.

Em relatório a clientes, a equipe destacou ainda que, no curto prazo, o valuation dessas companhias tende a ser favorecido. Mas, no médio prazo, acrescentou, é importante monitorar se a escalada se limita à retórica ou atinge infraestruturas cruciais.

Para Patzlaff, a Vale (VALE3) também pode se beneficiar, apesar de não atuar com petróleo, a se beneficiando da valorização do dólar frente ao real, que amplia suas receitas de exportação de minério de ferro, e pode ser vista como porto seguro em momentos de incerteza.

Diversos outros setores sofrem impactos negativos diretos ou indiretos com o conflito, principalmente devido à pressão sobre combustíveis, inflação e juros altos, avalia. Para o analista, o setor de varejo e consumo deve sofrer, pois são empresas dependentes do consumo interno, e tendem a ser prejudicadas por uma combinação de inflação alta, juros elevados e queda de confiança do consumidor.

O sertor aéreo também aparece como impacto negativo, já que é altamente sensível ao custo do querosene de aviação, diretamente atrelado ao preço do petróleo. Isso pressiona fortemente os custos e pode reduzir margens e demanda por passagens. As locadoras de veículos também são afetadas tanto pela alta dos juros (financiamento de frota) quanto pelo aumento nos custos de combustíveis, além da possível retração da demanda.

Para o especialista, diante do atual cenário, é essencial que o investidor atue com estratégia, diversificação e cautela, evite concentração excessiva em ativos domésticos ou setores cíclicos, avalie a exposição a ações globais, ETFs internacionais e setores mais defensivos.

Além disso, setores como varejo, construção civil e aviação devem ser avaliados com moderação, pois sofrem com juros altos, dólar volátil e demanda fragilizada. Empresas exportadoras e ligadas a commodities (petróleo, minério, alimentos), por sua vez, tendem a funcionar como proteção nesse cenário e merecem atenção estratégica na carteira.

Já sobre a MP apresentada pelo governo, os impactos são mais diretos nas empresas financeiras, ainda que atinjam o mercado de renda variável como um todo por conta da maior percepção de risco.

Ainda em destaque, além da alta da CSLL, há a redução de 80% no IOF sobre operações de risco sacado, menos impactante que a proposta inicial, de duas semanas atrás. Outras medidas incluem: aumento de impostos sobre empresas de apostas, de 12% para 18%.

Já as mudanças têm efeitos variados para os varejistas, ressalta a XP: o aumento sobre apostas pode beneficiar o consumo, enquanto o impacto da CSLL depende da estrutura de cada empresa.

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Fonte: InfoMoney

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