A busca por asteroides no Sistema Solar é uma atividade constante dos astrônomos. Afinal, é importante entender melhor esses objetos e evitar possíveis colisões com o nosso planeta. Agora, um grupo de cientistas brasileiros sugere que Vênus pode abrigar diversos asteroides coorbitais, que representam risco hipotético para a Terra.
O problema é que esses asteroides coorbitais podem estar “escondidos” atrás de Vênus. Além disso, sua observação é dificultada pelo intenso brilho do Sol, que pode ocultá-los dos instrumentos espaciais.
Até o momento, a ciência já identificou 20 desses asteroides ao redor de Vênus, mas os pesquisadores acreditam que existam outras rochas mais difíceis de detectar mesmo com os equipamentos mais avançados.
Os cientistas perceberam que podem existir outras rochas ao analisarem as coordenadas orbitais dos asteroides já conhecidos. Quase todos seguem trajetórias alongadas ao redor de Vênus, o que sugere que uma região está sendo ocultada pelo brilho do Sol.
Outros estudos sugerem que esses objetos podem se mover em relação ao planeta em um ciclo que ocorre aproximadamente a cada 12 mil anos. Apesar de sugerirem uma pequena possibilidade de colisão com a Terra, os pesquisadores ainda não conseguiram estimar nenhuma taxa de probabilidade para um impacto futuro.
“Quantos [asteroides] exatamente é uma questão em aberto. Nenhum dos objetos coorbitais atuais impactará a Terra em breve”, explica o principal autor e professor na Universidade de São Paulo (USP), Valério Carruba, em mensagem ao site Live Science.
O estudo foi publicado no servidor de pré-impressão arXiv e aceito para publicação na revista científica Astronomy & Astrophysics.
Asteroides em Vênus podem colidir com a Terra?
Segundo o artigo, para que um asteroide seja considerado potencialmente perigoso para a Terra, ele deve ter pelo menos 140 metros de diâmetro e estar a 0,05 unidades astronômicas (UA) de distância da Terra. Uma UA equivale aproximadamente à distância entre a Terra e o Sol, ou quase 150 milhões de quilômetros.
Dos 20 asteroides conhecidos, apenas um apresenta excentricidade abaixo de 0,38. Os pesquisadores acreditam que isso revela um viés observacional, ou seja, pode haver outros asteroides com diferentes excentricidades que tornam sua detecção mais difícil.
Para entender melhor o risco de aproximação com a Terra, eles realizaram simulações computacionais com 26 asteroides com excentricidades abaixo de 0,38, integrando suas órbitas as dos planetas do Sistema Solar. A simulação considerou um período de 36 mil anos.

Com isso, os cientistas puderam analisar se algum desses objetos se aproximaria da Terra nesse intervalo. Eles identificaram características que, em alguns casos, podem representar risco de colisão com o nosso planeta.
De qualquer forma, o artigo destaca que esses asteroides podem ser difíceis de detectar e que não existe nenhum risco imediato. Novos telescópios espaciais previstos para os próximos anos, além de missões com sondas dedicadas à detecção de asteroides na órbita de Vênus, podem ser boas alternativas para localizar esses objetos rochosos.
“As observações terrestres atuais são limitadas por janelas de observação periódicas e limitações de elongação solar, embora o Observatório Rubin possa detectar alguns desses objetos durante configurações favoráveis. Missões espaciais baseadas nas órbitas de Vênus podem ser instrumentais na detecção das coorbitais de Vênus em baixas excentricidades”, é descrito na introdução do estudo.
Apesar da dificuldade em detectar alguns tipos de asteroides, estudos mostram que esses objetos apresentam um risco real ao nosso planeta. Quer saber mais? Entenda quais são os 5 asteroides mais perigosos para a Terra, segundo a NASA. Até a próxima!
Fonte: TecMundo