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Movimento inusitado é detectado na atmosfera da lua Titã

Estudo revela que a atmosfera de Titã — maior lua de Saturno — tem um comportamento “incomum”. Os pesquisadores descobriram que a atmosfera em torno do astro não gira em sintonia com sua superfície, mas balança em diversas direções.

“O comportamento da inclinação atmosférica de Titã é muito estranho. A atmosfera parece estar agindo como um giroscópio, estabilizando-se no espaço”, disse Lucy Wright, autora principal da pesquisa, em um comunicado.

O giroscópio é um instrumento composto por rotor, eixos de giro e um mecanismo de suporte. O rotor, em rotação constante, é a parte central responsável pela estabilidade e os eixos de giro permitem que o aparelho mude de orientação sem afetar sua rotação. Esse equipamento serve desde a navegação em aeronaves até a estabilização de câmeras em dispositivos móveis.

Movimento inusitado é detectado na atmosfera da lua Titã
Ilustração do movimento de um giroscópio. Segundo os pesquisadores, a atmosfera de Titã se moveria de forma parecida. (Imagem: Lucas Vieira / Wikimedia Commons)

Estações da lua influenciam atmosfera

A equipe de cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, analisou 13 anos de observações térmicas em infravermelho para entender a atmosfera de Titã. Os dados vieram da missão Cassini-Huygens, uma parceria entre a Nasa, a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Italiana.

O estudo revelou que, nessa lua, os gases se movimentam ao longo das estações do anos, que duram cerca de 30 anos terrestres cada. Essa variação sazonal pode estar ligada ao movimento orbital de Titã em torno do Sol, junto com Saturno, o que provoca mudanças significativas no aquecimento e na temperatura da lua.

Porém, enquanto a magnitude da inclinação da atmosfera muda com o tempo, a direção para a qual ela aponta permanece fixa. O grupo precisará de mais pesquisas para entender esse fenômeno.

“O intrigante é como a direção da inclinação permanece fixa no espaço, em vez de ser influenciada pelo Sol ou Saturno. Isso nos daria pistas sobre a causa. Em vez disso, temos um novo mistério em mãos”, comentou o professor Nick Teanby, coautor do estudo.

Os pesquisadores acreditam que um impacto no passado possa ter deslocado a atmosfera para fora do eixo de rotação da lua, algo que também mudou o clima do astro. Descobrir a causa do fenômeno poderá lançar luz sobre a história de Titã e de outros corpos espaciais com características atmosféricas semelhantes.

Imagens da missão Cassini-Huygens mostram a atmosfera em constante mudança de Titã, registrando o aparecimento e o movimento de neblinas e nuvens ao longo dos anos. Uma grande, brilhante e suave faixa de nuvens de verão pode ser vista na foto da direita.
Imagens da missão Cassini-Huygens mostram a atmosfera em constante mudança de Titã, registrando o aparecimento e o movimento de neblinas e nuvens ao longo dos anos. Uma grande, brilhante e suave faixa de nuvens de verão pode ser vista na foto da direita. (Imagem: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute)

Missão da NASA será impactada

As descobertas podem impactar a futura missão Dragonfly, da NASA. A agência enviará uma nave com um helicóptero movido a energia nuclear com quatro pares de pás duplas. O equipamento irá coletar pequenas amostras da superfície de Titã para estudo de processos químicos. 

A atmosfera mais densa daquele corpo (cerca de quatro vezes a da Terra) ajudará a aeronave a “saltar” até oito quilômetros uma vez por dia inteiro da lua de Saturno (16 dias terrestres). Espera-se que a “libélula robótica” cubra mais de 174 km ao longo de toda a missão de 32 meses – área maior do que todos os rovers da NASA em Marte e na Lua juntos.

Ilustração da missão Dragonfly em Titã (Crédito: NASA/Johns Hopkins APL/Steve Gribben)
Ilustração da missão Dragonfly em Titã (Imagem: NASA/Johns Hopkins APL/Steve Gribben)

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Os novos dados sobre o movimento atípico da atmosfera de Titã serão fundamentais para os cálculos de voo e pouso da Dragonfly. Com isso, os engenheiros poderão prever com maior precisão as áreas de pouso do drone.

Se tudo correr conforme o planejado, o helicóptero de Dragonfly está programado para chegar a Titã em 2034, aonde voará para dezenas de “locais promissores” para avaliar a habitabilidade do ambiente e caçar quaisquer sinais de que a vida já existiu na lua rica em compostos orgânicos.

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Fonte: Olhar Digital

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