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Gestora vê riscos crescentes no Banco do Brasil com inadimplência no agronegócio

Gestora vê riscos crescentes no Banco do Brasil com inadimplência no agronegócio

O setor financeiro volta ao centro dos debates no Stock Pickers. No episódio mais recente do programa, Lucas Collazo, especialista institucional da XP, e Matheus Guimarães, analista de financials da casa, receberam Pedro Gonzaga, sócio e analista da Mantaro Capital, para uma conversa profunda sobre os bancos brasileiros – com foco especial no Banco do Brasil (BBAS3).

De acordo com Collazo, o papel atingiu 11% de short interest em maio, o que equivale a R$ 8,55 bilhões em posições vendidas – 2,5 desvios padrões acima da média de 12 meses. Já institucionalizaram a venda do papel.

Pedro Gonzaga explicou que a Mantaro Capital teve uma posição comprada entre novembro de 2021 e março de 2024, mas que a tese foi perdendo força com o tempo. “Na virada de governo, era contra o consenso estar comprado. Mas a gente via um ROE forte, balanço conservador e valuation descontado”, disse.

Com o passar dos trimestres, no entanto, começaram os sinais de alerta. “O lucro desacelerou, e mais do que isso, a qualidade do lucro começou a piorar”, afirmou. Gonzaga destacou mudanças na postura do banco: “Ele passou a provisionar menos, teve alíquotas de imposto abaixo do normal e começou a não discriminar resultados não recorrentes.”

O risco oculto

Para Gonzaga, o maior risco atual está na carteira do agronegócio. “O Banco do Brasil tem uma prerrogativa de prorrogar dívidas do agro com autorização do governo. Isso não é uma renegociação clássica, mas mostra que o produtor rural está com dificuldade”, explicou.

Segundo ele, essa carteira prorrogada tem crescido de forma contínua. “Ela chegou a quase 15% da carteira total. É um patamar inédito nos últimos 15 anos”, alertou. O percentual é preocupante, considerando que o normal seria inadimplência de 2%.

“O produtor rural que prorroga não está saudável financeiramente. E como boa parte dos contratos é bullet, com pagamento concentrado no fim da safra, temos um risco elevado se houver inadimplência”, disse. “É a tempestade perfeita”, completou.

Hora da verdade

Gonzaga deixou claro que os próximos meses serão decisivos. “Essa carteira prorrogada ainda não começou a cair e já estamos de novo próximos do pico. O problema é que, na última vez que essa carteira caiu, houve repique de inadimplência”, lembrou.

“O mercado pode estar subestimando o risco. A gente ainda não sabe o tamanho do problema, mas abril, maio e junho vão trazer essa resposta. Estamos falando de uma safra gigante com um calote potencial concentrado”, analisou.

Assim, a Mantaro preferiu sair da posição. “Não vemos mais a simetria de risco-retorno que existia lá atrás. O balanço robusto que sustentava a tese se deteriorou”, concluiu Gonzaga.

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Fonte: InfoMoney

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