O ex-secretário do Tesouro dos EUA, Lawrence Summers, afirmou que o principal projeto de lei fiscal e de gastos do presidente Donald Trump aumentará o endividamento do país de forma a minar o status dos EUA como principal potência global.
“Isso nos torna vulneráveis”, disse Summers em entrevista ao programa Wall Street Week with David Westin, da Bloomberg Television. “O maior devedor do mundo acumulando dívidas mais rápido do que qualquer outro país na história, em volume de dólares, coloca em risco sua posição como maior potência do planeta.”

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Embora o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês) — órgão apartidário — tenha estimado na quarta-feira que a versão aprovada na Câmara do projeto “One Big Beautiful Bill” de Trump gerará US$ 2,4 trilhões em déficits adicionais ao longo de uma década, Summers calculou que o impacto será “bem superior a US$ 4 trilhões”. Ele considerou a provável extensão de cortes temporários de impostos e os custos extras com juros que o Tesouro terá que pagar devido ao aumento da dívida.
O próprio CBO afirmou na quinta-feira que os custos adicionais com juros somariam US$ 551 bilhões em dez anos. O órgão ainda não considerou outros efeitos dinâmicos, como possíveis impactos no crescimento econômico decorrentes do projeto — que torna permanentes os cortes de impostos de renda aprovados por Trump em 2017 e inclui benefícios como a eliminação de tributos sobre gorjetas e horas extras.
“É uma receita para uma decadência mortal e perigosa”, afirmou Summers, professor de Harvard e colaborador remunerado da Bloomberg TV®. “Assumir dívidas dessa magnitude é algo que não podemos nos permitir.”
Fardo crescente
Trump e sua equipe econômica alegam que o projeto impulsionará o crescimento econômico e, junto com a arrecadação tarifária e os estímulos ao setor privado por meio da desregulamentação, ajudará a reduzir o endividamento americano com o tempo. O presidente da Câmara, Mike Johnson, disse na quinta-feira à Bloomberg TV® que a versão atual do projeto economizará US$ 1,6 trilhão, classificando-a como “verdadeiramente histórica”.
Summers explicou que a carga da dívida dos EUA aumentou por três razões principais: o crescimento da população acima de 65 anos que passa a receber benefícios sociais; o aumento dos custos de itens pagos pelo governo, como os serviços de saúde; e os crescentes pagamentos de juros do Tesouro.
“Não é que tenhamos lançado grandes novos programas de gastos”, disse ele.
Summers previu que o projeto de Trump elevará os déficits fiscais anuais, em proporção ao PIB, para “bem acima” de 7%, frente aos mais de 6% dos últimos dois anos — patamar só visto em recessões ou crises como guerras. Isso reduziria o espaço fiscal para investimentos em inovação e pesquisa e encareceria custos para as famílias, como hipotecas e financiamentos de veículos.
O ex-secretário do Tesouro também apoiou as declarações recentes de Trump sobre acabar com o teto legal da dívida. Na semana passada, o presidente destacou que a senadora democrata Elizabeth Warren e outros parlamentares defendem a medida.
“A razão é que o impacto é tão catastrófico para o país que sempre concordei com ela”, disse Trump. Na quarta-feira, o presidente reforçou essa posição nas redes sociais. “O teto da dívida deve ser completamente eliminado para evitar uma catástrofe econômica. É perigoso demais para ser usado como arma política.”
Os republicanos incluíram um aumento de US$ 4 trilhões no limite da dívida — que voltou a vigorar no início do ano — dentro do projeto de lei fiscal. Johnson afirmou que será difícil tratar o teto separadamente, pois exigiria apoio bipartidário.
“Concordo com o presidente quanto à eliminação do teto da dívida como parte do processo orçamentário”, disse Summers. “É uma receita para, a cada poucos anos, termos um teatro sombrio que enfraquece os EUA no cenário global.”
©2025 Bloomberg L.P.
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Fonte: InfoMoney