Os Estados Unidos lançaram uma ofensiva contra a presença do Hezbollah na América do Sul, oferecendo uma recompensa de US$ 10 milhões de dólares — o equivalente a quase R$ 60 milhões de reais — por informações sobre lideranças do grupo na região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. O anúncio foi divulgado pela Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília, no dia 19 de maio.
Para Alberto Pfeifer, coordenador-geral do Grupo de Análise de Estratégia Internacional em Defesa, Segurança e Inteligência da Universidade de São Paulo (DSI-USP), essa recompensa marca uma clara intensificação dos esforços americanos para combater o crime organizado transnacional e as redes terroristas na região.
“Esta ação faz parte de uma estratégia mais ampla dos Estados Unidos para manter sua influência na América Latina e combater ameaças à segurança regional. O foco na Tríplice Fronteira, conhecida por ser um ponto de confluência de atividades ilícitas, demonstra a preocupação americana com a possível presença de grupos extremistas na área”, explica Pfeifer.
Pfeifer ressalta que a oferta de recompensa não se limita apenas ao combate ao terrorismo, mas também visa enfrentar uma série de atividades criminosas que afetam a região.
“Entre elas estão a lavagem de dinheiro, o tráfico de drogas e armas, e a corrupção de agentes públicos. Essas práticas ilícitas têm sido associadas a grupos como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), que já expandiram suas operações para além das fronteiras brasileiras”, alerta.
“A visita do almirante Alvin Holsey, comandante do Comando Sul das Forças Armadas Americanas ao Brasil, acompanhado de um porta-aviões e sua flotilha, reforça a mensagem de que os Estados Unidos estão dispostos a aumentar sua presença militar na região para garantir a segurança e combater atividades ilícitas”, acrescenta o coordenador do DSI-USP.
Impacto nas relações regionais
Segundo Pfeifer, esta iniciativa americana pode ter implicações significativas para as relações entre os países do Cone Sul. “Por um lado, demonstra o interesse dos Estados Unidos em manter parcerias de longa data com nações como o Brasil. Por outro, sinaliza uma postura mais assertiva na região, que pode ser interpretada como uma forma de conter a influência de potências como China e Rússia na América Latina”, afirma.
“O recado foi dado. A oferta de recompensa e a presença militar americana na região são claros indicadores de que os Estados Unidos estão dispostos a agir de forma mais direta contra ameaças percebidas em sua zona de influência”, conclui.
Fonte: CNN Brasil